Raro e em extinção, gato-mourisco é visto em liberdade por pesquisadores no Pantanal

 

Foto: ICAS/ Reprodução

Em 13 anos de atuação do Projeto Tatu-Canastra no Pantanal de Mato Grosso do Sul, pela primeira vez um gato-mourisco é flagrado em vídeo por uma das várias armadilhas fotográficas espalhadas pelo bioma. O registro foi divulgado com exclusividade mostra a breve aparição do felino na região da Nhecolândia.

O flagrante foi feito no fim do ano passado, quando o Pantanal começava a entrar no período de cheia. Entretanto, as imagens só puderam ser acessadas pelos pesquisadores no início deste mês, quando as águas dos rios pantaneiros começaram baixar e o acesso às câmeras voltou a ser possível.

O vídeo é pequeno, mas o “desfile” do animal é cheio de significações importantes para o bioma pantaneiro. “Nunca tivemos o vídeo do gato-mourisco. É muito bacana de se ver e saber que é uma espécie que convive junto com o tatu-canastra. Com o vídeo, conseguimos entender que no ambiente preservado, também vivem outras espécies”, comemora o pesquisador do Projeto Tatu-canastra, Gabriel Massocato.

Segundo o biólogo Edu Fragoso, o gato-mourisco é um felino de médio porte raramente avistado na natureza. Embora ocorra em todo o Brasil, a população é bem pequena e o comportamento muito exclusivo. Por isso, cada encontro com a espécie é bem especial.

O pesquisador do Projeto Tatu-Canastra comenta que a boa conservação do ecossistema garante o balanço entre as espécies. Massocato evidencia que a atuação em específico com os tatus tem auxiliado na preservação de muitos outros animais.

“O tatu-canastra é conhecido por usar grandes áreas de floresta, são mais de 2.500 hectares para cada indivíduo. Saber que há outras espécies tão importantes e raras habitando a mesma região que esse gigante da nossa biodiversidade, nos enche de entusiasmo e ressalta a importância ambiental da área e a necessidade da conservação do Pantanal. Este registro mostra que, ao preservar o tatu-canastra, também estamos atuando na proteção de outros animais que vivem na planície, muitos inclusive, se beneficiam diretamente de suas tocas gigantes, pois elas servem de abrigo térmico, segurança contra possíveis predadores e até proporcionam alimentos para a sobrevivência de os outros animais”.

Câmeras ajudam registro inédito

Ao todo, na área onde o registro foi feito são 20 câmeras camufladas que ajudam a entender um pouco mais sobre o comportamento dos animais silvestres da região, em específico dos tatus-canastras.

“Nossas câmeras são camufladas e colocadas em alguns pontos para entender melhor os hábitos dos tatus-canastras. Desta vez conseguimos este flagrante do gato-mourisco. Este é o primeiro vídeo em 13 anos de projeto, antes registramos o animal apenas em fotos e, também, foram raras as vezes”, comenta o pesquisador. 

 

Foto: ICAS/ Reprodução


Massocato diz que cada câmera tem 124 gigas de material fotográfico. Primeiro os objetos são instalados em locais específicos, depois ficam captando vários vídeos e fotos e por fim, os materiais são recolhidos e as um grande quantidade de imagens é observada atentamente pelos cientistas.

“A gente usa essas armadilhas fotográficas para observar os animais. As armadilhas são os olhos dos pesquisadores. Elas trabalham camufladas e tem uma importância muito grande, conseguimos monitorar comportamento e a vida social do animal. Foi olhando as imagens do ano passado que chegamos ao vídeo do raro gato-mourisco”.

Animal em extinção

O felino é considerado raro e está ameaçado de extinção no Brasil. O gato-mourisco, também conhecido como jaguarundi ou gato-preto. Ele tem menor porte do que as onças e quando adulto pode pesar até 9 quilos.

Conforme Edu Fragoso, o felino uma espécie que está no Livro Vermelho da Fauna Ameaçada de Extinção no Brasil e suas populações estão em declínio, muito por conta do desmatamento, que soma-se com as queimadas, caça e atropelamentos.

“Os mouriscos dependem muito de habitats florestais. Apesar de serem encontrados em áreas de lavoura, esta precisa estar próxima de um fragmento de mata mais preservado”, explica Fragoso.



Fonte: G1

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