A escola sob riscos de violência. O que fazer?

Palestra sobre prevenção de violência em Maracanã em parceria com a Polícia Militar


 

As últimas semanas têm sido marcadas por tragédias e justamente dentro do ambiente escolar, onde sempre achamos que as crianças e adolescentes estão seguras. Agora a violência que tomou conta da escola é outra. Acabou aquele tempo do "te espero na saída", quando as brigas terminavam em poucos minutos, apartadas pela famosa "turma do deixa disso" depois de meia dúzia de socos, tapas e puxões de cabelos. Ainda mais lá atrás nos tempos, se riscava no chão uma linha imaginando que de cada lado estava a mãe dos opositores. Pois bem, agora o problema é muito maior e ganhou contornos de tragédias anunciadas. A internet e seus jogos livres e a consequente Fake News, tornaram-se ferramentas da nova violência. 

A violência extrapola o Bullying e as brigas de pais na calçada. Agora tem o universo dos psicopatas que invadem a escola com armas de fogo, machadinhas e facas, matando a bel prazer para que se tornem noticia mundial. Um universo difícil de combater. A grande mídia - liderada pela Rede Globo e jornal O Estado de São Paulo - tomou a atitude louvável de não mais publicar fotos e nem o nome de autores deste tipo de ato violento, evitando que outros psicopatas sejam inspirados pela notícia.

O que os educadores e a sociedade deverão fazer?

 

O grande contraste entre as escolas pelo Brasil


Educadores em todo o mundo - especialmente, nos Estados Unidos e Brasil, países que saíram recente de governos de extrema direita, que pregam, entre outras anomalias, o uso de armas por todos - estudam e se debruçam em sugestões para prevenir tais fatos. Governos, forças de segurança e a sociedade civil, discutem a questão à toda hora. Certamente, encontrarão boas soluções, que sabemos de antemão não ser APENAS a colocação de um segurança na porta da escola, mas, um rol de ações, que perpassam pela própria escola, que precisa imediatamente trabalhar de forma transversal o tema e melhorar muito a qualidade para formar cidadãos e cidadãs de bem.

A experiência da Usina da Paz

 

usina da Paz: uma experiência bem sucedida

Um programa do governo do Estado do Pará, vem ganhando protagonismo no assunto. Quando Helder Barbalho se elegeu governador, encontrou números impressionantes quanto a violência. E após um trabalho de inteligência das forças de segurança chegou-se ao mapeamento dos territórios mais violentos. E então surgiu numa parceria do governo com a mineradora Vale, a Usina da Paz - um mix de educação, cidadania, cultura, esporte, entre outras áreas, capazes de gerar atividades suficientes para envolver as comunidades em torno do espaço, que aliás, é de uma arquitetura maravilhosa.

Será um caminho? Com certeza sim! Mais precisamos de muitos e muitos mais caminhos.

E as experiências nos municípios?

O governo do Estado promete mais 40 usinas da Paz nos municípios paraenses no interior, o que pode levar um alento. No plano nacional, outras experiências estão sendo testadas.

Na última segunda feira (10), a escola Ezequiel Lisboa, no centro do município de Maracanã, realizou em parceria com a Polícia militar, palestra abrangendo temas como bullying e violência na escola.Cada um vai tentando fazer alguma coisa e desempenhando o seu papel.

 

Em Castanhal, os cães ajudam na ronda escolar

 

Em Castanhal, o Núcleo de Operações com Cães da Guarda Civil Municipal iniciou o processo de atuação na ronda escolar. Os cães são especialistas na detecção de armas e drogas..
 
 
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Ataques a escolas: o trabalho para evitá-los deve ser amplo e abrangente

Jornalista: Letícia Sallorenzo 

Após dois ataques a escolas brasileiras num intervalo de 16 dias, o país vive uma fase de disseminação de pânico entre as comunidades escolares. Em vídeo gravado para a categoria, a diretora do Sinpro Luciana Custódio alerta que a ação para coibir esses ataques não é simples, mas requer vontade política, e deve ser coordenada e executada em parceria.

Para Luciana, esses ataques são consequência de uma sociedade que teve legitimados o discurso de ódio, a violência e a discriminação. Ela explica que, para combater a violência nas escolas, é preciso que as escolas tenham profissionais educadores suficientes e preparados para lidar com o assunto. “Não se combate violência nas escolas sem uma política forte voltada para a valorização da educação, estruturação das escolas com profissionais suficientes. Infelizmente, as escolas têm vivido entre colapsos, com turmas superlotadas, profissionais que não são do quadro efetivo, com alta rotatividade, que não interagem e conhecem a comunidade em que atuam.”


Pânico propositadamente disseminado

Aqui em Brasília, ao menos cinco colégios sofreram com ameaças de ataques nas últimas duas semanas. Mas esse tipo de ataque contra escolas é bem específico, perpetrado por um grupo bem específico de adolescentes / jovens do sexo masculino, com perfil socioeconômico já delineado, que se reúnem em grupo em redes sociais que são monitorados por jornalistas especializados desde 2011, após o ataque contra a escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, no subúrbio do Rio de Janeiro.

Desde a última quarta-feira, os jornalistas que monitoram esses grupos avisam que a subcomunidade de adolescentes monitorada recebeu uma leva de perfis novos que estão inflando supostas ameaças de ataques – e são supostas porque estão fora do padrão do que se observava na comunidade anteriormente.

Letícia Oliveira, editora do site El Coyote, conta que algumas imagens e áudios enviados a escolas e alunos não são de adolescentes. Os áudios e imagens dessas mensagens emulam linguajar de facção criminosa – são fotos do tipo ostentação, com dois homens armados em poses ameaçadoras. Essas mensagens fogem do padrão da comunidade monitorada. Há também o registro de uma mesma imagem que está sendo enviada para diferentes escolas no Brasil todo.

Letícia conclui que, por perceberem as ameaças coordenadas (algo que também foge totalmente do padrão da comunidade monitorada), o que está acontecendo agora aparentemente é uma ação coordenada para criar pânico. É preciso, portanto, rastrear de onde vem essas ameaças.

A jornalista, no entanto, alerta que “os meses de março e abril são os mais propensos a ataques contra escolas. O massacre de Suzano ocorreu num 13 de março; em abril, além do Massacre de Realengo, houve também o massacre de Columbine, nos Estados Unidos, ocorrido num dia 20”, avisa.

A professora da Universidade Federal do Ceará Lola Aronovich explica o porquê da predileção dos criminosos pelos meses de março e abril: “Há grupos misóginos/neonazistas que comemoram esses ataques [de Realengo e Columbine] e tentam recrutar jovens para cometer novas chacinas”, conta. Lola observa a movimentação desses grupos há pelo menos 15 anos.

https://www.facebook.com/sinprodf/videos/532206482322209/
 
 
 Imagens: Correio do Norte, Cleyto Santos, Escola Ezequiel Lisboa, Ascom-GovPará, Google(Reprodução)

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