Contrariando recomendações da OMS, Bolsonaro volta a defender reabertura de escolas

Presidente também cogita enviar projeto ao Congresso para tentar relaxar isolamento social

Matheus Schuch, Do Valor

O presidente Jair Bolsonaro anuncia o novo ministro da Saúde, Nelson Teich, durante pronunciamento no Palácio do Planalto 

Foto: Marcello Casal JrAgência Brasil / Agência O Globo


BRASÍLIA — O presidente Jair Bolsonaro defendeu nesta quinta-feira à noite que as aulas devem ser retomadas. Em todo o país, as escolas foram fechadas por determinações de governadores como medida de prevenção para combater a pandemia provocada pelo novo coronavírus. Bolsonaro alegou que as crianças podem voltar à sala de aula porque “não tem notícia de alguém abaixo de 10 anos de idade que foi a óbito” por coronavírus. A declaração foi dada pelo presidente da portaria do Palácio da Alvorada.

— Tem que enfrentar a chuva, pô. Tem que enfrentar o vírus. Não adianta se acovardar, ficar dentro de casa. Nós sabemos que a vida é uma só. Sabemos dos pais que estão preocupados com os filhos voltarem à escola. Mas tem que voltar à escola, nós não temos nenhuma notícia de alguém abaixo de 10 anos de idade que contraiu o vírus e foi a óbito ou foi para a UTI — disse o presidente.

Segundo balanço do Ministério da Saúde, já há registro de duas mortes de crianças abaixo de 1 ano de idade e uma morte na faixa etária entre 1 e 5 anos.

Em sua maioria, as crianças têm desenvolvido uma forma leve ou assintomática da doença, o que dificulta rastreá-la neste público. Sem saber que carregam o vírus, elas passam a por em risco os mais velhos. Especialistas alertam que a reabertura das escolas provocaria o desenvolvimento de uma cadeia de transmissão, uma vez que a atividade envolve a presença de adultos e a possibilidade da transmissão do vírus de uma criança para outra.

Bolsonaro disse ainda que estuda enviar um projeto de lei ao Congresso definindo que atividade essencial é toda aquela necessária para “levar o pão para casa”. Com a medida, o presidente pretende relaxar o isolamento social determinado por governadores e prefeitos. A ideia inicial era elaborar um decreto com este conteúdo, mas o presidente foi alertado por integrantes do Congresso e do Supremo Tribunal Federal que a medida seria inconstitucional.

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