"Eu vou ler furiosamente, essa vai ser a minha maior vingança"


Virginia Wolf se despede de Ananindeua, com o último dia de apresentação da peça Virginia de Cláudia Abreu

Por Gilvan Capistrano



Cláudia Abreu agradece por ter sido escolhida pra inaugurar o teatro de Ananindeua
Foto: Divulgação


O poderoso monólogo escrito e interpretado sobre a vida de uma das maiores escritoras da literatura foi apresentado em 3 sessões, nos dias 1,2,3 de Maio, que inauguraram o Teatro Municipal de Ananindeua. Cláudia Abreu se supera no palco, vivendo diversos personagens que cercam a vida de Virginia Wolf, mudando a cada minuto em um ritmo tempestuoso e instigante, mexe e conflita a plateia com sua história, cercada de tragédias, de angústias presentes em sua vida. Trazendo à tona uma crise contumaz que alimentava e estimulava sua escrita, sua sede de liberdade era sempre colocada em xeque pelo fato de ser mulher. Das relações com seu cúmplice nasceu um cotidiano de conflitos. Quem teve oportunidade de assistir Virginia não sai o mesmo que entrou no teatro, Cláudia consegue nos atingir com múltiplas palavras a essência do que foi a vida de Virginia Wolf.

Virginia é uma produção independente da Atriz Cláudia Abreu que é a autora do texto, e relatou que durante a pandemia fez uma imersão na obra da escritora para poder montar o espetáculo, Claudia agradeceu ao município por ter lhe dado a oportunidade de inaugurar com sua peça o teatro, e ressaltou a importância desse acontecimento, porque muitos teatros foram fechados no Brasil nos últimos anos. Falou da emoção de ter estado no Teatro da Paz com sua peça e ter pisado num palco centenário e que era um sonho pra ela como atriz.

A peça tem a direção do Amir Hadad, que mesmo não sendo paraense, tem um nome carimbado, foi criador do Auto do Círio, produziu o espetáculo Galvez o imperador do Acre, a peça está circulando a quase dois anos pelo Brasil.

Para Dona Genilda Martins que é atendida pelo CRAS Cidade Nova 6, o que mais lhe impactou na peça, foi saber que na época que Virginia Wolf vivia, as mulheres não podiam ter acesso ao estudo, além disso o fato de toda violência que até hoje é vivida pelas mulheres.

Segundo o produtor cultural Emanuel Freitas que trouxe a peça para Ananindeua, poder inaugurar um teatro é importantíssimo, para ele o teatro é uma emoção ao vivo e única e por mais que você repita aquele espetáculo vários vezes, nunca é a mesma coisa, as pessoas que vivem uma sessão de teatro, o elenco, a técnica o público, essas pessoas comungam de uma emoção única, que não se repete nunca mais, ressaltou o produtor.

O nascer da fundação e do teatro municipal

A presidente da Fundação Cultural de Ananindeua, Dani Franco, ressaltou que a fundação nasce junto com o teatro. “A experiência da fundação está começando agora e está nascendo junto com o teatro, ao mesmo tempo que é gratificante, Ananindeua tem 80 anos de idade e pela primeira vez na história da cidade está se olhando para a cultura local. Os artistas sempre fizeram cultura, cultura popular, cultura de rua, Ananindeua tem vários grupos de carimbó, grupos de boi, que estão pela periferia da cidade. Agora nós temos um lugar, um espaço e tem uma casa pra dizer é minha. A gente está muito bem alinhado com a gestão municipal, que quer difundir a cultura em todo município como nunca houve e quer que essa casa seja a casa do artista.

Publicado por Rede Pará

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