Uma nuvem vinda do deserto do Saara está se aproximando da costa do Brasil.
Autor: FOLHAPRESS
Sensores a bordo de dois satélites registraram um material perto da costa do Nordeste brasileiro. | Reprodução/Luca Galuzzi Wikipédia
O deserto do Saara é conhecido por ser o maior deserto quente do mundo. É o terceiro maior deserto da terra, atrás apenas da Antártida e o Ártico.
Indicadores meteorológicos detectaram que uma nuvem vinda do deserto do Saara está se aproximando da costa do Brasil. De acordo com a Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera dos Estados Unidos (NOAA), sensores a bordo de dois satélites (SNPP e NOAA-20) registraram um material particulado na atmosfera sobre o Oceano Atlântico, perto da costa do Nordeste brasileiro, no domingo (6).
O transporte de areia pelas massas de ar deve prosseguir nos próximos dias sobre o Oceano Atlântico e vai alcançar as áreas continentais da América do Sul e do Caribe. Os estados do Norte também devem testemunhar a passagem da poeira. Essas projeções foram divulgadas pelo Serviço de Monitoramento Atmosférico Copernicus da União Europeia.
Nuvens de areia saariana geralmente se deslocam através do Oceano Atlântico a partir da África. Esse fenômeno ocorre principalmente do fim da primavera ao início do outono no Hemisfério Norte. No entanto, se for grande o suficiente e com ventos favoráveis, a poeira pode viajar milhares e prosseguir também para as Américas Central, do Norte e áreas mais ao norte da América do Sul.
A poeira saariana também deve provocar impactos climáticos temporários, visto que ela deve chegar com ar extremamente seco e isso tende a inibir a formação de ciclones tropicais como tempestades tropicais e furacões.
Para que um ciclone tropical aconteça, é necessário que o ambiente esteja quente, úmido e calmo. Por isso, no curto prazo a temporada de furacões do Atlântico Norte estará mais amena.
Apesar de soar assustadora, um estudo a partir de dados da NASA mostrou que a poeira do Saara é benéfica para a Floresta Amazônica, porque os componentes presentes entre as partículas de areia podem abastecer muitas espécies da flora local, e consequentemente, contribuir para melhores condições de vida da fauna.
Estima-se que a poeira levantada seja oriunda da Depressão de Bodélé, um antigo leito de lago localizado Chade, formado por minerais rochosos compostos de microorganismos mortos, mas repleto de fósforo. Esses elementos são nutrientes essenciais para as proteínas e o crescimento das plantas, do qual o bioma amazônico depende para impulsionar o florescimento de variedade vegetal.
Esses nutrientes, que também podem ser identificados em fertilizantes comerciais, são escassos nos solos amazônicos. Folhas caídas em decomposição e matéria orgânica fornecem a maioria dos nutrientes, que são rapidamente absorvidos pelas plantas e árvores após entrarem no solo. Alguns nutrientes, entretanto, incluindo o fósforo, são levados pela chuva para riachos e rios.
O levantamento também aponta que cerca de 22 mil toneladas de fósforo vindos da poeira do Saara chegam ao território amazônico todos os anos. Uma quantidade quase equivalente à que é perdida pelas chuvas e inundações. O estudo visa entender o papel da poeira e dos aerossóis no meio ambiente e no clima clima local e global.
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