Café da manhã de São Benedito em Maracanã


Aconteceu ontem, bem cedinho, o tradicional café ao largo da igreja de São Benedito, como parte das homenagens ao santo e marcando o início das festividades.


 Entenda tudo como essa devoção começou com o texto do professor e escritor Elizel Nascimento.




SÃO BENEDITO DE MARACANÃ

Nenhum texto alternativo automático disponível.

Por Elizel Nascimento


A outrora Irmandade Beneficente do Glorioso São Benedito da Vila de Cintra, hoje Maracanã, celebra os 160 anos de festividade alusiva ao santo, de 20 a 28 deste mês. O ritual da festa preserva como tradição, inicialmente, o levantamento do mastro, carregado nos ombros dos devotos e ornamentado de flores e frutos regionais, ostentando uma bandeira que tremula no largo de São Benedito, durante a festividade. 

Consta nos anais da religiosidade em Cintra, que em 1856, houve o registro no cartório da cidade da Vigia de um “Termo de Compromisso” – uma espécie de regulamento das ações da Irmandade, oficialmente, a qual tornou-se numa confraria organizada por índios, mestiços e negros, tanto libertos como escravos, mas com uma particularidade, ou exceção, os brancos ocupavam os cargos de tesoureiro e escrivão, pois muitos índios e negros não sabiam ler nem escrever. No entanto, estes eram autodidatas e aprendiam a tocar instrumentos, entendiam de rezas e preparavam iguarias, entre as quais o destaque para a “manicuera”, bebida feita com tubérculos de mandioca e arroz, vendida no barracão de palha ao lado da igreja.

 A maioria dos assentos da antiga Freguesia e Paróquia de Cintra foram extraviados, ou ignorantemente queimados, perdendo-se esse acervo das missões católicas. Uma referência sobre os negros, em tempo de cidade de Cintra, em 1888, afirma que foi criada a Irmandade Beneficente Nossa Senhora do Rosário, sob a presidência de Vicente Ferreira, que formou um grupo de Marujada, o qual se apresentava nas festas de São Benedito. Também, ressalta-se a presença do Padre João de Santo Thomaz de Aquino Carrera, vigário de Cintra e que está sepultado junto ao altar da Igreja de São Benedito, o qual faleceu em 16 de novembro de 1887 e pediu em vida, através de Testamento para que se cumprisse esse seu desejo. No túmulo há uma inscrição: “Descansa em paz que teus bens dirão sempre teu nome”.

 A irmandade guarda como relíquia um sino de bronze (rachado) com uma datação:” Cidade de Cintra, 1 de dezembro de 1893”. O sino que foi símbolo de todas as celebrações, badalando em seu convite sonoro, anunciando a missa, o batizado, o cortejo, o funeral e o ângelus. Hoje ainda há um canto de folia e a percussão de um tambor pelas ruas da cidade de Maracanã e um carimbó para marcar essa memória secular.


Da Redação
Imagens: Facebook, Grupo de WhatsApp do Blog e Elizel Nascimento

Postar um comentário

0 Comentários