Walter Wanderley de Paula Pena não é mais diretor geral do Departamento de Trânsito do Estado do Pará (Detran). O decreto do governador Simão Jatene com a dispensa – que equivale a uma demissão – do ex-diretor foi publicada na edição de ontem no Diário Oficial do Estado (DOE). Logo em seguida, Jatene nomeou o atual diretor administrativo-financeiro do órgão, Agostinho Queiroz Soares, para responder pelo cargo "até ulterior deliberação".
Para os servidores que tanto lutaram pela saída de Pena, a nomeação de Agostinho não passa de uma troca de "seis por meia dúzia", uma mudança apenas de nomes, já que o novo diretor também é homem de confiança do senador tucano Mário Couto, que continua dando as cartas no órgão, apesar de fartas e comprovadas denúncias de corrupção mostradas pelo DIÁRIO nos últimos meses. Há muito que Pena não tinha mais condições morais de permanecer no comando da autarquia de trânsito do Pará. O desgaste dentro do órgão e o estrago político feito no governo Jatene eram grandes.
E a desconfiança tem sentido: Agostinho era diretor administrativo e responsável pela maioria das mazelas que se abatem hoje no órgão, como falta de água e até de papel para atendimento aos usuários. Até queda de luminárias já ocorreu, colocando em risco a integridade física de funcionários. "Se como diretor administrativo deixou a desejar a esse nível, imagina agora como diretor geral. O Walter Pena era apenas um 'pau mandado' do Mário Couto, sem preparo algum. Agostinho não. É inteligente e articulado. Vai massacrar os servidores", prevê um dos funcionários que prefere não se identificar.
COMEMORAÇÃO
Com a notícia da saída de Pena, servidores do Detran na capital e em vários Ciretrans do interior soltaram fogos em comemoração, já que consideraram a demissão uma vitória. "O senhor Walter Pena dizia aos quatro cantos aqui no Detran que nem o governador o tiraria do cargo e que só sairia daqui junto com o Jatene. Agora teve que engolir todas as suas bravatas", disse outro servidor do órgão.
Além de Pena, a expectativa é que o coronel Rubens Lameira Barros, diretor de habilitação e controle de registro de veículos, setor estratégico dentro do órgão, também seja exonerado.
O Sindicato dos Servidores do Detran (Sindetran) protocolou ofício ontem mesmo solicitando audiência com o novo diretor. "Não podemos pré-julgar. Vamos esperar a chamada para a reunião e avaliar a postura do novo diretor frente às nossas demandas e ver o que ele pretende para o futuro do órgão. Só aí poderemos nos manifestar", diz Elison Soares, presidente do sindicato.
Walter Pena, 46 anos, assumiu o cargo em junho do ano passado prometendo uma "administração transparente e voltada para a melhoria dos serviços à população do Estado". Até 2011, o cargo era ocupado por Sérgio Duboc, que teve prisão decretada acusado de envolvimento nas fraudes e desvio de verba na Assembleia Legislativa do Pará (AL) na gestão do tucano, que ficou conhecido como o caso "Tapiocouto". Duboc foi diretor-financeiro da AL na gestão de Couto.
Pena veio de Salvaterra, passou pela Colômbia e morava no interior de São Paulo até ser chamado por Mário Couto para assumir o Detran. Sua atual mulher e chefe de gabinete é sobrinha de Ana Duboc, mulher de Sérgio Duboc. Roberto Pena, irmão de Walter Pena, é considerado eminência parda dentro do Detran e integrava o staff de Couto quando este presidia a Assembleia.
(Diário do Pará)
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