Eu acredito é na rapaziada

Fonte: Blog do Parsifal

Há muito eu não via no Brasil tão admirável persistência como a dos manifestantes paulistas (os cariocas também foram às ruas) contra o aumento das passagens na capital.
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Eles conseguiram, logo no primeiro dia da jornada, unir o PT ao PSDB: o prefeito Fernando Haddad (PT) e o governador Geraldo Alckmin (PSDB), lembrando que ambos são governo, desceram os cassetetes na criançada.
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Ontem (13) na marcha desde o Teatro Municipal até a Avenida Paulista, que se acabou tornando na Praça Tahrir de S. Paulo, o enorme efetivo da PM, com balas de borracha e gás lacrimogênio, bloqueou a subida da Consolação.
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Nessas horas ocorre aquela mágica que conecta seres humanos que se unem em uma só causa e os mais de 10 mil manifestantes se espalharam pelas centenas de travessas de Higienópolis.
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Uma hora depois eu vibrei quando a polícia corria feito louca tentando fechar as esquinas que derramavam gente na Paulista: destarte as bombas e balas de borracha, a meninada venceu.
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No meio da turba sempre haverá os que quebram vidraças, chutam lixeiras, jogam coquetel Molotov (uma das minhas frustrações é nunca ter jogado um coquetel Molotov na polícia: eu vou ter que inventar isso pros meus netos) e distribuem socos e pontapés em quem estiver fardado pela frente, mas os críticos disso querem o que? Ou acham que a alternativa seria colocar algumas mocinhas com rosas na mão na comissão de frente e o batalhão de choque pronto recuaria para a banda passar?
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Alguns argumentam que por trás dos jovens estão partidos políticos, interesses escusos et caterva. Conversa: pode até ser que aqueles interesses embarquem no movimento, mas não são eles que lhe dão ignição, quando muito, surfam na onda.
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O fato é que isso se chama democracia na sua mais pura e bruta concepção e é ótimo ver que o jovem brasileiro ensaia lutar por uma causa.
Como eu já estou velho e covarde, tudo o que eu consigo fazer nessas horas é torcer e segurar o choro, lembrando aquele samba do Gonzaguinha, “E vamos à luta”, que diz assim na primeira estrofe:
“Eu acredito é na rapaziada
Que segue em frente e segura o rojão
Eu ponho fé é na fé da moçada
Que não foge da fera e enfrenta o leão”
O Gonzaguinha era um gênio.

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