As Policias Civil e Militar prenderam na madrugada de quarta-feira, 13, em Maracanã, nordeste do Estado, 20 pessoas acusadas de depredar a delegacia da cidade e atear fogo numa viatura policial. A onda de violência começou depois que um vereador descumpriu a ordem de baixar o volume do som automotivo.
Era por volta de 01h40, quando os policiais militares pediram para que o vereador Geovan Martins (PSDB) diminuísse o volume de sua aparelhagem, visto que faltavam apenas 20 minutos para o fim do Carnaval promovido pela prefeitura. Indignado com a ordem policial, o vereador passou a discutir com os militares que estavam ao seu redor. Amigos do parlamentar presenciaram a cena e entraram na discussão. Os policiais foram expulsos da praça da cidade debaixo pauladas, pedradas e até tiros. “Tivemos que correr por dois quilômetros porque a população partiu pra cima da nossa guarnição. Mesmo atirando para cima para dispersar, a multidão não se acalmou e nos encurralou na delegacia”, contou o Comandante do Destacamento de Maracanã, Sargento Wallace Frazão.
Na delegacia cerca de dez policiais, entre civis e militares, passaram a ficar a mercê da sorte, já que mais paus, tijolos, pedras e garrafas eram jogados contra os servidores. Sem opção, os policiais tiveram que abandonar o prédio. Do lado de fora, uma viatura da Polícia Civil foi queimada. A delegacia ficou totalmente destruída com portas, janelas, paredes e quartos deteriorados. “Foi uma cena de guerra. Eles (vândalos) estavam incontroláveis. Pareciam estar drogados, nada os acalmava. Lembro-me que antes de deixar o local, um botijão de gás foi colocado do lado de fora e ateado fogo, para explodir de vez o prédio da delegacia”, disse o Sargento Wallace Frazão. Seis policiais ficaram feridos no confronto, alguns com escoriações nos braços, pernas e dedos fraturados.
Com a situação fora do controle. Os policiais pediram apoio para os municípios vizinhos. Cerca de trinta policiais militares e civis de Castanhal e Igarapé-Açu se deslocaram para Maracanã, os lideres da manifestação foram sendo identificados um por um. Primeiro foi vereador Geovan Martins, ele já estava em sua residência quando foi preso. Com o parlamentar ainda foram encontrados 300g de pedras de oxi. Outras 19 pessoas foram reconhecidas e presas, entre eles cinco menores.
Na delegacia de Castanhal, o vereador do PSDB confessou que discutiu com os policiais e que a situação ficou incontrolável por que ele é muito querido pela população. “Isso aconteceu porque o povo me ama! Tenho intenções de ser prefeito da cidade e o povo me apóia em tudo que faço. Como eles (população) viram a polícia discutindo comigo, partiram para cima. Não pude fazer nada!”, disse Geovan Martins.
Para a Polícia Civil, o vereador foi o grande responsável pela onda de violência em Maracanã. O parlamentar teria distribuído drogas para que a população destruísse a delegacia da cidade. “Ele incentivou toda manifestação porque não queria cumprir uma ordem policial. Há informações que ele forneceu entorpecentes em troca de violência contra nossos policiais. Todos serão encaminhados para exames toxicológicos. É lamentável, pois um vereador deve servir de exemplo para a população. Mas a partir de agora ele será exemplo sim, para que outros fatos como esse não venham acontecer novamente”, disse o Superintendente da Zona do Salgado, delegado Luiz Xavier.
Os manifestantes foram autuados por tráfico e associação para o tráfico de drogas, formação de quadrilha, tentativa de homicídio, incêndio criminoso, danos ao patrimônio público e corrupção de menores. Os 15 adultos ficarão à disposição da Justiça do Centro de Recuperação Castanhal (CRCAST), já os 5 adolescentes serão encaminhados ao Ministério Público e posteriormente a um centro especializado de recuperação para menores.
(Diário do Pará)
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