O Pará precisa reagir aos contrastes

Mais de 12 mil famílias que moram nas 1600 ilhas às margens da Usina Hidrelétrica de Tucuruí, vivem sob a luz do candeeiro



Passado mais de 30 anos após a inauguração das primeiras turbinas da maior Usina Hidrelétrica genuinamente brasileira, sediada na cidade de Tucuruí, sudeste paraense, distante 420 km de Belém. Até hoje nenhum programa foi dispensado aos mais de 12 mil moradores que vivem nas mais de 1.600 ilhas que formam o lago de Tucuruí. Inúmeros estudos foram realizados ao longo dos anos, mas, nenhuma medida paliativa foi tomada através da empresa estatal Eletrobrás Eletronorte que administra a geração e produção de energia, e, até os dias atuais a população das ilhas mesmo morando ‘ao pé’ da usina, que usa as águas do rio Tocantins para gerar energia para o Pará e diversos outros estados da federação, ainda vivem as luzes da lamparina e do candeeiro.
Muitos movimentos foram criados em busca de soluções emergências para atender esta gama da população, que tem que conviver com esta realidade, mesmo estando a poucos metros da usina não recebem energia elétrica em suas residências.
As raízes do problema tiveram início na ocasião da construção da usina, iniciada em 1975. A área do lago foi sendo ocupada irregularmente na década de 1980 por famílias expulsas pela construção da usina e por novos moradores que chegavam à região em busca de trabalho.
Passado os anos muitos moradores das áreas ocupadas resolveram implantar geradores particulares para atender as necessidades da energia, mas em um área de quase 3 mil quilômetros quadrados, ou seja, duas vezes o tamanho da cidade de São Paulo, sem documentação de posse, já que a área é da Eletrobrás Eletronorte, e devido ao custo elevado para a instalação da energia elétrica na área ocupada apenas por agricultores antes de ser inundado para formar o reservatório da usina, após  a formação nas partes mais altas das 1.600 ilhas, que ficaram sendo ocupadas pelos ex-moradores e por novos habitantes, que desde a década de 70 até os dias atuais nada foi feito para levar energia elétrica.
Os mais de 12 mil moradores das ilhas, já esta calejados das promessas ao longo de diversas campanhas eleitorais de levar eletricidade às ilhas que jamais foram cumpridas até hoje.
Segundo João Pantoja, aposentado, 73 anos, destes 45 morando nas terras que formaram o lago de Tucuruí, distante a 145 km da barragem, “o único programa que nos deu esperança para que a energia chegasse aqui em nossa localidade foi o do presidente Lula, quando implantou o “Programa Luz Para Todos”, mas, muitos foram os beneficiários na Zona Rural que tiveram êxito, mas, para nós ainda não foi a nossa hora”.
A grande problemática que vive a população das ilhas de Tucuruí e um modelo a ser observado, e, há tempo ser regularizado nas obras de construção da Usina de Belo Monte no rio Xingu, foi a não observância aos passivos ambientais, que na época da construção da usina e eclusas foram concebidas em um período em que o direito ambiental era pouco desenvolvido e as exigências para licenciar grandes obras eram menores. Por isso, a existência das inúmeras condicionantes que até os dias de hoje não foram cumpridas.
Prefeitura – No ano de 2010, a prefeitura de Tucuruí deu início ao levantamento técnico para a implantação da rede de energia elétrica nas ilhas do lago de Tucuruí, os estudos foram realizados por empresa especializada tudo por conta da municipalidade, que ao final de 2012 os estudos foram concluídos, com isso, o prefeito Sancler Ferreira (PPS), apresentará ao governo federal o projeto realizado, para levar eletricidade às ilhas do lago de Tucuruí.
Os custos inicias para a efetivação da eletrificação das 1.600 ilhas ultrapassam a soma de R$ 20 milhões.
Fizemos questão de realizar o estudo técnico e de viabilidade, por que todas as vezes que questionávamos a eletrificação das ilhas do lago de Tucuruí, formado pela inundação das terras na entrada em funcionamento da usina, emperrava na apresentação de um estudo. “Agora estamos com tudo pronto, e iremos atrás dos recursos para a viabilidade da implantação da eletrificação das ilhas do lago”.
Eletrobrás Eletronorte - A empresa estatal Eletrobrás Eletronorte, responsável pela geração e produção de energia da usina hidrelétrica, informou que, o fornecimento de energia às ilhas é de responsabilidade da Celpa (Centrais Elétricas do Pará).
Segundo os dirigentes da Eletrobrás Eletronorte, os moradores das ilhas tem todo direito de receber energia elétrica em seus domicílios, e, para garantir este benefício, devem procurar a Secretaria de Patrimônio da União para regularizar a situação de suas moradias. "A maioria das pessoas que ocupam as ilhas não estavam na região na época da construção de Tucuruí", disse o superintendente de meio ambiente da Eletrobrás Eletronorte, Antônio Coimbra.
Celpa - A Celpa informou que a energia será implantada nas ilhas por meio de um programa de universalização e que aguarda análise do programa apresentado a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), em reunião para aprovação e liberação de recursos para o projeto.
Dos mais de 110 mil moradores que vivem nas áreas urbana e rural de Tucuruí, mais de 10% da população estão sem o fornecimento de energia elétrica, e com agravante, os moradores da área urbana vivem um dilema diário com o fantasma da falta do fornecimento de energia pela Celpa, acentuando-se neste período chuvoso.
(Wellington Hugles)


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