A mesma ladainha de quem entra...

O deputado Parsifal Pontes, que já foi Prefeito duas vezes do município de Tucuruí, fez uma postagem em seu blog, que retrata muito bem o início dos governos municipais, é a mesma ladainha desde que o mundo é mundo - o que entra diz que o outro que saiu deixou dívidas, só tristeza; o que entra diz que o outro nunca fez nada, a mesma arrumação, fazendo recadastramento, bisbilhotando tudo, auditagem, limpa a cidade, pinta meio-fio, muro, colocar outras cores nos prédios, tudo só fachada, nessa história de arrumar a casa, vai arrumando é confusão.
Veja ai a postagem:

Ainda somos os mesmos…

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Grande parte da safra de prefeitos eleitos (os reeleitos não podem pintar esse sete) arreiam o alazão para cavalgar na mesmice.
Dizem que a roça pegou fogo e de tanto arder o município inteiro virou juquira. Alguns suspiram em dó maior: “se eu soubesse do jeito que estava jamais teria me candidatado...”.
> Emergência e calamidade
Mas tem uma maneira de remediar e começar uma nova invernada: decretar, por toda a sesmaria, estado de emergência. Alguns são mais previdentes e decretam calamidade pública.
Na esteira da emergência e da calamidade, dispensam-se licitações, postergam-se todos os pagamentos e despressuriza-se o cumprimento das promessas até “arrumar a casa”.
> Segundo ato
Depois do discurso da terra arrasada se finar e o prazo da arrumação da casa se elidir, tudo volta ao “normal” e a roda viva começa a gestar a próxima calamidade pública a ser entregue ao sucessor.
> Não deu certo comigo
A primeira vez que me elegi prefeito, ensaiei essa partitura a um vereador, que mal eu esquentava a cadeira, foi-me pedir umas passagens.
Meu amigo – suspirei, fazendo-me o Prometeu cujo fígado a águia devorava – não posso lhe atender. Estou lascado, acabado, isso aqui é uma terra arrasada...
O vereador bateu de pronto: “não chore não doutor, lascado e acabado está o Cláudio, que perdeu a eleição pro senhor!”.
> Déjà vu
No ano passado, assistindo uma audiência coletiva do governador com alguns prefeitos, notei que, passados mais de 20 anos, os relatos eram os mesmos e os pedidos similares.
Comentei a constatação com o govenador em tom de desânimo: não tínhamos conseguido avançar nada em 20 anos. Ele esticou a vista e balançou na cadeira.
É uma droga eu ter que terminar essa postagem com aquela do Belchior:
“Minha dor é perceber
Que apesar de termos
Feito tudo o que fizemos
Ainda somos os mesmos
E vivemos
Ainda somos os mesmos
E vivemos
Como os nossos pais...”

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