Veja ai a postagem:
Ainda somos os mesmos…
Grande parte da safra de prefeitos eleitos (os reeleitos não podem pintar esse sete) arreiam o alazão para cavalgar na mesmice.
Dizem que a roça pegou fogo e de tanto arder o município inteiro virou juquira. Alguns suspiram em dó maior: “se eu soubesse do jeito que estava jamais teria me candidatado...”.
> Emergência e calamidade
Mas
tem uma maneira de remediar e começar uma nova invernada: decretar, por
toda a sesmaria, estado de emergência. Alguns são mais previdentes e
decretam calamidade pública.
Na esteira da
emergência e da calamidade, dispensam-se licitações, postergam-se todos
os pagamentos e despressuriza-se o cumprimento das promessas até
“arrumar a casa”.
> Segundo ato
Depois
do discurso da terra arrasada se finar e o prazo da arrumação da casa
se elidir, tudo volta ao “normal” e a roda viva começa a gestar a
próxima calamidade pública a ser entregue ao sucessor.
> Não deu certo comigo
A
primeira vez que me elegi prefeito, ensaiei essa partitura a um
vereador, que mal eu esquentava a cadeira, foi-me pedir umas passagens.
Meu
amigo – suspirei, fazendo-me o Prometeu cujo fígado a águia devorava –
não posso lhe atender. Estou lascado, acabado, isso aqui é uma terra
arrasada...
O vereador bateu de pronto: “não chore não doutor, lascado e acabado está o Cláudio, que perdeu a eleição pro senhor!”.
> Déjà vu
No
ano passado, assistindo uma audiência coletiva do governador com alguns
prefeitos, notei que, passados mais de 20 anos, os relatos eram os
mesmos e os pedidos similares.
Comentei a
constatação com o govenador em tom de desânimo: não tínhamos conseguido
avançar nada em 20 anos. Ele esticou a vista e balançou na cadeira.
É uma droga eu ter que terminar essa postagem com aquela do Belchior:
“Minha dor é perceberQue apesar de termos
Feito tudo o que fizemos
Ainda somos os mesmos
E vivemos
Ainda somos os mesmos
E vivemos
Como os nossos pais...”
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