O Brasil vibrou com o "Não" da mulher da janela do avião, segundo a professora Roberta Macedo

A professora Roberta Macedo, de Língua Portuguesa, tem 417 mil seguidores no Instagram, e publica muitos vídeos registrando erros e ensinando sobre português em peças de outdoor, placas, discursos de famosos e tais.

Sobre a polêmica da semana passada envolvendo duas passageira num avião, em que uma ao sentar-se na janela não aceitou trocar o lugar com uma criança que fazia birra. Leia o texto:

Professora Roberta Macedo

O Brasil não fala de outro protagonismo senão a moça na janela do avião. Em 48h, já são mais de 2 milhões de seguidores nas redes sociais. E o que justifica tamanho alvoroço?

Não é o assento na janela do avião. Não é a criança sem limites, tampouco a mãe que não os impõe. Mas É sobre o NÃO!

O NÃO tão significativo para a maioria das pessoas que - com Jeniffer - se identifica. O NÃO, cujas pessoas têm dificuldades de dar pelo receio da rejeição, das ofensas, das perdas e do desprezo do outro. O NÃO engasgado na garganta por aquela invasão de privacidade. Ou aquele NÃO não dado, que deflagra a falta de autocuidado e nos deixa à mercê das doenças mentais, emocionais, com os nervos à flor da pele, sinalizando o pedido de atenção, silenciado pelas vozes do outro.

O NÃO, que muitas vezes não conseguimos dar para paralisar pessoas tóxicas, intrusivas, invasivas, insensíveis e sem quaisquer constrangimentos ao nos provocarem danos.

O NÃO , que não dado, adoece-nos e nos faz esquecer de nós mesmos, de nossas vontades, necessidades, prazeres, quereres.

O Brasil vibrou pela frieza e equilíbrio com que Jenifer impôs a sua vontade e o seu direito como cidadã. Ali mostrou que seu bem-estar prevalecia sobre a tolice infantil, e a personalidade firme impôs seus quereres em detrimento do capricho do outro.

O Brasil despertou com o exemplo firme, equilibrado, silencioso - sem ser silenciado - de quem usufruiu do prazer de estar bem no lugar que escolheu.

Que Jeniffer nos seja a inspiração de coragem para darmos os NÃOS necessários quando assim a vida nos impuser!

Pelo olhar da Roberta Macêdo