Por Mauricio Botelho
alinópolis, cidade litorânea do estado do Pará, guarda em seu solo e em suas tradições uma rica história de miscigenação racial e cultural. Localizada a 220 km de Belém, sua ocupação remonta a milhares de anos, sendo um dos berços da diversidade cultural e ambiental da região.
Pesquisas arqueológicas realizadas pelo “Projeto Salgado”, do Museu Paraense "Emílio Goeldi", revelaram a presença de comunidades pré-históricas conhecidas como o "Povo Sambaqui". Há cerca de 10 mil anos, essas populações migraram para as regiões costeiras devido às mudanças climáticas e à elevação do nível dos oceanos. Esses povos, que viviam da caça, pesca e coleta, deixaram como legado os "sambaquis" — montes de conchas e restos alimentares que testemunham sua adaptação ao ambiente marinho.
Os "sambaquieiros" desenvolveram habilidades artísticas e tecnológicas, como o artesanato e o uso da pedra polida, mostrando a complexidade de sua cultura.
Com o passar do tempo, outro povo originário marcou sua presença na região: os Tupinambás Virianduba, da etnia Tupi-Guarani. Esses indígenas, provenientes da Aldeia Maracanã na região dos Caetés, se estabeleceram em Salinópolis atraídos pela extração do sal do oceano Atlântico. Agricultores habilidosos e profundos conhecedores da natureza. Sua vida espiritual, baseada no animismo, reforçava o vínculo sagrado com o meio ambiente, enquanto sua culinária e arte enriqueciam a cultura local.
A chegada dos portugueses no século XVII trouxe uma nova dimensão ao processo de miscigenação. Enfrentando a presença de franceses na costa paraense, os colonizadores se estabeleceram na região para consolidar a ocupação do território. Com eles vieram novos elementos culturais que se misturaram aos saberes indígenas e africanos.
Esse encontro de culturas moldou a identidade do povo salinopolitano, que é resultado da fusão entre as tradições indígenas, africanas e europeias. Em Salinópolis, as marcas dessa miscigenação estão presentes na gastronomia, no artesanato e na relação intrínseca com a natureza — reflexo da história de resistência e integração de seus antepassados.
Os “caiçaras” são definidos como "uma mistura de povos indígenas, europeus de diversos países e negros, principalmente quilombolas que após processos de ocupação do interior devido aos diversos ciclos econômicos do Brasil colonial, ficaram relativamente isolados nessa estreita faixa de terra entre o mar e a floresta. Habitaram, e ainda habitam, o litoral brasileiro".
Por tanto, salinopolitano é quem nasce em Salinópolis. Mas, nosso Povo Tradicional é “Caiçara”.
0 Comentários