Questão de Opinião - Turismo, o Censo e ciclo vicioso por Paulo Corrêa

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TURISMO INEXPLORADO E CICLOS VICIOSOS EM MUNICÍPIOS DAQUI


Apesar das novidades do último censo do IBGE, como a redução de populações de municípios aqui do Salgado, a base econômica dos municípios dessa microrregião continua sendo agricultura, serviço público e serviços (comércio), com a sempre pouco explorada potencialidade turística, que deveria ser, entre esses setores, um dos carros-chefe para o desenvolvimento lento, mas necessário, da renda de seus moradores.
Além de na propaganda isso ser praticamente ignorado, quando muito divulgado festas de um final de semana em vez de roteiros (que sequer são feitos, quiçá divulgados), o planejamento necessário para o desenvolvimento deste setor é inexistente, quase sempre - ainda que geralmente estes municípios tenham secretaria de turismo ou esta associada à secretarias de cultura, com pessoas recebendo bem mais que um salário mínimo para organizar o mínimo. Ou pelo menos tentar organizar.
Esse planejamento passa pela capacitação de pessoal (comércio, restaurantes, pousadas) ou pelo menos um diálogo mais próximo para acertar os ponteiros, assim como criação de estratégias que proporcionem facilidade de acesso a informações (dá pra fazer isso até aqui no facebook ou instagram, se não for criar um site). Passsa também pela infraestrutura, nem que seja na escala básica: se não dá pra asfaltar os bairros, pelo menos uma manutenção que deixe que os carros trafeguem, pois tem vias que não é buraco na rua, mas pedaços de rua em meio a uma infinidade de buracos.
A exploração dessa pontencialidade pode passar inclusive pela agricultura, tentando criar pequenas redes de fornecimento de frutas, hortaliças, carne branca (galinha de quintal, peixe, porco...) para restaurantes, feirinhas em locais estratégicos ou dias específicos...
Os custos para essa iniciativa não são nada perto do que se gasta com um aparelhagem que toca 3 horas e acabou a festa.
Mas FALTA VONTADE POLÍTICA, só pode ser essa a explicação.
Do ponto de vista ambiental, além do saneamento (questão das ruas, fornecimento de água, esgoto...), se liberam duas pragas nessas férias de verão que só causam danos à qualidade de vida da população, que dirá de quem quer usufruir de dias fora das capitais: escapamentos de moto (descargas) que tiram a paz e paciência de qualquer ser vivo racional e queimadas que tornam as tardes, manhãs e mesmo noite irrespiráveis. Coisa de gente mal educada, o contrário do que se espera de gente minimamente civilizada.
Assim, as secretarias de meio ambiente podem fiscalizar isto e também zelar pela manutenção da limpeza de rios, igarapés, praças, etc, junto com as secretarias de infraestrutura, por exemplo, criando ainda programas que envolvam escolas, por exemplo, ou igrejas ou grupos organizados. Não para enxugar gelo (catar lixo um dia ou dois), mas para diálogo, fiscalização, eventos, etc.
Mais uma vez, isto depende da articulação que o poder público tem não só capacidade, mas dever de fazer.
Porém, o trabalho do legislativo e executivo muitas vezes fica reduzido a pagar um pacote pros amigos eleitores ou contratar uma carretinha pra fazer um barulho desgraçado, espantando famílias de espaços de lazer.
Isso não é generalizado, mas é o padrão. Deixa a população dependente e haja pão e circo.
Enquanto isso durar, veremos as populações diminuindo não só por tendências da pirâmide etária ou consequências da pandemia, mas migração da força de trabalho qualificada para outros estados, como Santa Catarina. Alimentando, assim, o ciclo maldito que afunda na estagnação e mesmo aumento da pobreza nossos municípios.
Esse desabafo, espero, poderia ser ouvido e compartilhado, com acréscimos. Porém, mais que minha espera, esperam as gerações mais novas ter alternativas de renda que não sejam dependentes dos velhos manda-chuvas que se acham donos de nossas cidades e interiores, ou ainda de comerciantes mal educados e carrascos incapazes, porém, de fazer seus empreendimentos crescerem gerando resultados sutentáveis além de trocar de carro de dois em dois anos ou construir uma casa no sítio.


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