Carol Ribeiro mostra cultura e belezas de Belém em programa

A top e apresentadora paraense vem aí com a nova temporada do “Mapa do Pop” no canal TNT

  Autor: Aline Monteiro e Wal Sarges

 

Carol vai mostrar lugares de Belém em programa | Reprodução/Instagram
 

Há muito que Carol Ribeiro transcendeu o mundo da moda. Um dos rostos de maior sucesso entre as modelos brasileiras de expressão internacional, a paraense é conhecida também do público que não acompanha as catwalks: é presença certa nos tapetes vermelhos de premiações de cinema, onde tem feito cobertura para o canal TNT. E foi dessa experiência que derivou outra janela, à frente do programa “Mapa do Pop”, exibido no mesmo canal e caminhando para a quinta temporada com Carol como apresentadora. No finalzinho de novembro, ela voltou a Belém para gravar episódios especiais para a atração, em que une temas como cinema, música, arte, cultura pop e viagens pelo mundo.

Alguns bastidores da viagem, em que aproveitou para rever a família, os amigos e a cidade, foram parar em registros no Instagram, dando uma pequena deixa do que vem por aí, daqui a cerca de cinco meses, quando os novos episódios entrarão no ar. Já em São Paulo, em entrevista exclusiva ao DIÁRIO via Zoom, Carol antecipou que a passagem por Belém deve render dois programas inteiros na temporada em que ela ainda passa por Las Vegas e pelo Grand Canyon - nos Estados Unidos - São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia.

“No programa a gente sempre conta um pouco da experiência local aliada ao mundo pop. Em Belém, a gente gravou um episódio sobre filmes da floresta. Fomos até a Casa do Celso, na Ilha das Onças, um restaurante de uma família ribeirinha, em que o filho faz faculdade em Belém e atravessa o rio. A gente está levando para as pessoas essa experiência de uma família ribeirinha, tudo muito colorido, muito ‘kitsch’, conta como a gente come açaí no Pará... Aliás, o açaí do Celso é o melhor que eu já comi na vida”, elogia a modelo e apresentadora, que não dispensa a farinha de tapioca.

Falando ainda sobre filmes da floresta, Carol entrevistou o influencer Rafael W. Oliveira e a atriz paraense Eunice Baía, que estrelou as duas aventuras de “Tainá”. Ela ainda conversou sobre a experiência da Negritar Filmes, produtora audiovisual paraense composta por pessoas negras e focada em potencializar narrativas pretas, periféricas e da Amazônia.

“É uma turma jovem, que tem uma visão diferenciada de arte”, diz Carol. “Tem outro episódio que a gente fala sobre a cena cultural do Pará, em muitos artistas novos que falam do tradicional. É um pessoal muito orgulhoso das suas raízes. Tem a cantora Aíla, a Roberta Carvalho, que é artista visual, a Joyce [Cursino] do Negritar. Fomos numa festa de aparelhagem, foi bem vasto”, conta Carol.


 

Carol grava no Ver-o-Peso para programa | Reprodução/Instagram


REDESCOBERTAS


Carol nunca cortou a relação com suas raízes paraenses. A mãe dela e grande parte da família continuam morando em Belém. Mas a apresentadora concorda que descobriu muitas coisas novas na viagem recente. Entre elas, essa efervescência da cena cultural local. “Saí com 15 para 16 anos, então é muito tempo fora. Há um tempo, gravando o ‘It MTV’, fiz alguns programas, eram cinco minutos de pérolas, assim, falando sobre Belém. Ali eu tive um pouco essa impressão [do movimento cultural], eu falava sobre moda, música, arte de rua”, relembra, sobre o programa que apresentou ao lado de Janaína Rosa na extinta MTV.

Mas Carol diz que ainda pensava Belém “muito do tradicional, no regional”. “Veio essa turma reinventar o que é nosso sem esquecer o que é nosso, foi muito legal. É legal que eu passo isso também para minha família. A gente tem muito a oferecer, a cultura amazônica é muito rica e muito desconhecida no Brasil, nem falo de mundo. O carimbó, por exemplo: quando era pequeno, meu filho foi numa festa de família e ficou surpreso quando percebeu que a gente dança carimbó nas festas, porque para ele era uma coisa de comemorações regionais, tipo de uma época do ano”, recorda.

Foi a prima Aíla que também foi responsável por mostrar à Carol outra ideia da relação de Belém com o rio. “Ela me levou para a Ilha das Onças, que eu não conhecia. Eu saí daí em 1995 e o Combu era muito distante para mim. A gente ia num passeio da escola. Hoje tem o barco que vai e volta, mas dependendo da classe social você conhece muito pouco disso”, destaca ela, que não passou batida à tendência atual da canoagem na cidade.

VIDA DE MODELO

Aos 43 anos, Carol segue trabalhando como modelo profissional. Mas agora também é empresária do ramo, e sócia da agência Prime Model Management, ela leva a experiência de quem desfilou para grifes internacionais como Gucci, Valentino, Yves St. Laurent e Victoria’s Secret para auxiliar outras jovens no mundo da beleza e da moda.

Ela comemora a mudança no mercado que tem buscado referências mais plurais de beleza, abrindo um caminho de mais possibilidades para modelos da Amazônia, por exemplo. “Eu fico muito feliz que a gente tem crescido como rosto. Quando comecei, eu era a única do Pará, da região Norte. Tinha meninas do Nordeste, mas eram morenas de olho claro, tinha sempre um algo europeu. Acho que tem a valorização das muitas belezas, alta, gorda, magra, estamos ainda a passos muito lentos, mas sinto que essa mudança está chegando”, diz Carol, que elogia a conterrânea Emily Nunes. “Ela é maravilhosa, fico de olho nela.”

Outra paraense está no time representado pela Prime, Malu Borcero, com quem Carol diz ter uma identificação. “Eu vejo ela muito parecida comigo, no sentido de que ela terminou o Ensino Médio, tem uma base familiar muito boa, porque a família não depende dela, então ela tem essa vantagem de trabalhar com seriedade, mas sem o peso de ter que segurar a onda da família. Ela está sempre estudando, indo a museus, vendo gente, e isso é bom, porque você não sabe se vai para Londres de novo, se vai para Nova York outra vez...”.

COM A COBRA VENENOSA

Na capital paraense, Carol Ribeiro veio atrás de joias raras da cena cultural local que têm se destacado em suas atuações. Uma delas é Priscila Duque com o grupo Cobra Venenosa, em Icoaraci, além de Joyce Cursino e integrantes da Negritar Filmes.

“Nós fomos convidados pela produção do ‘Mapa do Pop’ para participar do programa há um mês. Fizemos uma gravação no último dia 24 [de novembro], que seria um programa especial dentre as diferentes manifestações culturais e artísticas que estão na cena da cidade, de cultura de raiz com a pegada mais moderna. Então eles foram do brega ao carimbó”, conta Priscila Duque.

A gravação que deve ir ao ar nos próximos meses, em um episódio voltado para Belém, aponta Priscila. “Eu fui entrevistada sobre essa questão de fazer carimbó na cidade de Belém em um trabalho que é feito há 7 anos. Além de falar das características do carimbó, nesse processo fluido que o próprio ritmo tem caminhado, com uma estética mais urbana. Nisso, o projeto da Cobra Venenosa se encaixa perfeitamente”, descreve.

Entre setembro ou outubro deste ano, Priscila conta que viajou para o Espírito Santo na ocasião da 1ª Mostra Cine Maria (Vitória -ES), que reuniu protagonistas do mundo do audiovisual contemporâneo. “Estivemos lá com o curta ‘Flor de Mururé’, e ganhamos menção honrosa com ele no Festival Mix Brasil (2021), o maior da diversidade na América Latina. Ao longo dos últimos dois anos, temos associado o carimbó à documentação ficcional, à poética, ao audiovisual experimental, e isso gera certa repercussão e visibilidade fora do estado, associado ao nosso estilo de carimbó, que tem nossa estética”, supõe Priscila.

“Essa repercussão, acredito que tem a ver, com o nosso estilo que é bem diferente. Isso nos leva a esse lugar de produzir carimbó raiz, mas em uma atuação muito presente e no tempo contemporâneo. A gente vai para o raiz, volta ao ancestral com o pau e corda, mas pode ser lido como afrofuturismo superautêntico, em uma estética livre”, descreve a vocalista. “É uma arte engajada que fala desse movimento e que valoriza a arte da Amazônia. Eu fico feliz de fazer isso”.

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