O jornalista Jece Cardoso, na estreia da página de Esporte do jornal A Nova Folha em parceria com o Blog do Ícaro, encontrou um craque do futebol paraense, que jogou no Paysandu Sport Club em meados da década de 70 até o início de 80. É hora de falar de Carlos Jorge Ferreira, natural do município de Maracanã, nordeste paraense e que imortalizou-se na galeria dos grandes jogadores de futebol com o nome Carlinho Maracanã.
Atualmente reside na cidade de Benevides, município da região metropolitana de Belém, onde chegou em 1990. Casado com Solange Begot - filha do saudoso Claudionor Begot, que foi prefeito de Benevides por 03 mandatos - Carlinho completa 65 anos no próximo mês de setembro e conta que a sua ida para o futebol profissional foi através do amadorismo, nas competições intermunicipais das Ligas Esportivas Municipais.
Carlinho em Sampa |
“Era a disputa em 1975, entre as três primeiras colocadas à escolha da campeã, vice e terceiro lugar, onde jogaram uma contra a outra, com jogos na Curuzu. A seleção de Maracanã, que eu jogava, ficou em segundo lugar; a seleção de Bragança foi a campeã e a de Salinas ficou em terceiro lugar. No final de nosso último jogo, o treinador do Paysandu na época, Quarentinha, me chamou e disse para eu me apresentar no clube, treinar e assinar contrato; naquela época as competições intermunicipais eram celeiro para os clubes. Nos apresentamos eu, o Aloísio (goleiro), Albano (zagueiro) e o Bira (atacante). Deu problemas nos contratos, precisaram ser refeitos, então o Bira foi para o Remo, numa conversa com presidente azulino na época Manoel Ribeiro, o Bira até me chamou para eu ir para lá também, mas preferi ficar no Paysandu!”. Disse o ex-jogador.
Carlinho Maracanã também comenta sobre um fato inusitado do futebol paraense que aconteceu em 1977, onde disse que "numa decisão de título entre Remo e Paysandu, no Baenão, o Paysandu estava ganhando de três a zero; então, no segundo tempo, o juiz da partida marcou um pênalti para o Paysandu. Logo, o time do Remo começou a reclamar dizendo que não tinha sido e se retirou de campo. O juiz esperou alguns minutos e encerrou a partida e o resultado foi para o "tapetão". O Bira não estava podendo jogar, pois o seu passe estava preso ao Paysandu, em função de seu contrato anterior, questões rescisórias e tudo mais, mas em 1974 houve um acordo entre os clubes, e o Paysandu ficou com o título e o Remo com o Bira".
RELEMBRANDO CRAQUES
Também nos disse que quando chegou no Paysandu em 1976 teve a honra de conhecer e jogar com Roberto Bacuri, outro craque do clube bicolor nessa época que jogava com a 10 e Carlinho ainda fez questão de relembrar grandes nomes do futebol paraense como Tuíca (centroavante), Patrulheiro (meio-campista) e Nilson Diabo (atacante). Disse-nos que Roberto Bacuri e Tuíta já devem estar com mais de 70 anos e moram em Bragança. Já Patrulheiro é quase de sua idade e mora em Belém e Nilson Diabo não sabe por onde anda.
Roberto Bacuri |
Na prosa, Carlinho Maracanã relatou que jogou no Paysandu até 1980, quando foi emprestado ao América do Rio de Janeiro, lá ficou 6 meses; foi para o São Paulo, onde ficou vinculado o seu passe. O ex-jogador nos disse, que em função do São Paulo já ter uma onzena definida, quase não tinha oportunidade de jogar. O tricolor paulista tinha em sua formação Valdir Peres, Getúlio, Oscar, Dário Pereira, Zé Sérgio, Marinho Chagas, Mário Sérgio, Everton, Almir, Renato e Serginho e como técnico José Poy. Para a época, o time era considerado uma verdadeira seleção. Então, pediu para ser emprestado e foi para o interior paulista. Por lá jogou no Taquaritinga, em 1984 e seguiu a carreira de atletas passando pelo Coritiba do Paraná e depois pelo Criciúma de Santa Catariana. Depois voltou ao Taquaritinga, chegando a jogar também no Marília, do interior de São Paulo.
Depois subiu o Brasil na direção de volta para o norte, jogando no Rio Negro de Manaus e parou de atuar profissionalmente em 1987, onde ainda aos 34 anos disputou um Torneio Início do Parazão pelo Independente, na época que o clube era sediado em Belém e ganharam o Torneio e depois parou de vez.
Perguntado como vê o futebol profissional no Brasil, Carlinho Maracanã disse: “Acabaram com a técnica do futebol brasileiro, hoje prevalece o contato físico, a força física, não há mais aqueles belos lançamentos, os dribles refinados, as jogadas de passes de qualidade, acabaram com o show do futebol!”. Carlinho Maracanã era um meia que atuava em qualquer parte desse campo, além dos passes magistrais, também tinha um chute possante e certeiro, fez muitos gols de fora da área, além de ser um excelente marcador e roubador de bola, um dos poucos jogadores paraenses, em sua posição, com técnica apurada.
Hoje Carlinho Maracanã é comerciante em Benevides, comanda sua loja de materiais de construção no centro da cidade, mas sempre se reencontra nos eventos do futebol, quando é convidado, inclusive, confirmou que seu companheiro de clube em 70, o Patrulheiro está coordenando um time Master do Paysandu que sempre se apresenta em festas futebolísticas pelo estado.
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