Os "coladores" em administração


Por Orlando Tadeu Ataide Leite*


O maior problema de uma pessoa "colar" em uma administração é que ela perde, quase sempre por completo, sua autonomia. Seu senso crítico passa a ser o senso crítico do(a) gestor(a), não importando em que camada ele se dê: é preciso concordar sempre, defender sempre, sempre discordar e até mesmo intimidar eventuais adversários. E assim, às traças os resquícios de análise crítica, de observação pragmática e de olhar para cima. Os olhos passam a acompanhar o chefe, sempre olhando para onde ele olha. Se ele diz ou faz algo que o seguidor nunca, nunquinha em sua vida vida imaginou em concordar, agora é o certo, pois ele é que sempre esteve errado. 


Triste isso, pois retira do ser humano aquilo que ele tem de mais valioso, que é seu sagrado direito de seguir livre de amarras, de ter autonomia de discordar, de dizer "Não!", passando à condição de mero espectador, balançando a cabeça sempre no sentido "norte/sul", refutando análises corretas e assertivas dos que se opõem ao seu chefe de momento, pois é este que está com a razão, é este que faz tudo por seu povo, mesmo perpretando aberrações verbais e vexatórias e praticando ações desconexas com a própria lógica e decência.
E o mais bizarro de tudo isso, é que todos nós estamos sujeitos a essa "venda nos tapando a visão", uns mais, outros menos.
Que possamos resistir e seguir, não de mãos estendidas, mas de punhos fechados e firmes!

 

* O autor é Professor da rede pública estadual de ensino e escritor.

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