A crônica de Maracanã


Por Jece Cardoso
 

 

A palavra Maracanã vem de um nome topônimo (origem de um lugar geográfico) indígena, de uma espécie de uma ave, mas exatamente de uma arara comum na Amazônia e em todo o país, também conhecida por Araguaiaí, Araguari e Aruaí. A ave ganhou esse nome devido fazer o ruído de chocalho, daí o nome maracá (chocalho) e nã (falso).

Os espanhóis chegaram ao município em 1622, estiveram na Ilha do Marco, deixaram um monumento demarcatório, sinalizando 50 léguas da costa ocidental do rio Turiaçu no Maranhão, limite de uma pretensa capitania Hereditária. Daí surgiu o nome da ilha em decorrência do “marco” ou monumento de pedra.

Em 1613 e 1614, os franceses estavam estabelecidos na aldeia Maracanãs, onde construíram grandes embarcações para expandir seus domínios, naquela época o único meio de transporte ao município, era o fluvial.

A mando do reino, o padre Antônio Vieira (orador sacro, missionário jesuíta e português) saiu de Lisboa comandando a 8ª expedição, a bordo da caravela Nossa Senhora das Candeias, em 22 de novembro de 1652. Chegando a Belém em 24 de novembro de 1653, apresentou ao Governo Provincial a carta régia que lhe dava a faculdade de evangelizar, educar, fundar igrejas, missões pelo sertão, levar índios consigo e outros atos religiosos praticar.

Em Maracanã, Padre Antonio Vieira fundou a primeira igreja de taipa e pilão e batizou o primeiro índio-chefe Copaúba, o qual recebeu o nome de Lopo de Souza. E organizou a aldeia.

Devido ao seu rápido progresso, em 1700, ganhou os foros de freguesia. Meio século depois, com a expulsão dos jesuítas, em cumprimento da Lei Pombalina de 6 de junho de 1755, o então governador do Pará, Francisco Xavier de Mendonça Furtado (irmão do marquês de Pombal), mudava-lhe o nome para Cintra, dentro de sua política de substituir os nomes indígenas por topônimos portugueses. Na mesma ocasião, elevou-se à categoria de vila. Porém, só foi instalada em 1757, com o nome de Vila de São Miguel de Cintra, em virtude do achado da imagem de São Miguel.

Em 11 de novembro de 1885, a lei provincial nº 1.209 elevou Cintra à categoria de cidade, que 10 anos antes já era Comarca (Lei nº 845, de 23 de abril de 1875).

Na época em que Paes de Carvalho governava o Estado, o Cônego Ulisses de Pennafort, deu início a uma campanha destinada a fazer com que o nome do município fosse mudado para a denominação primitiva/original, ou seja, Maracanã. Em 28 de maio de 1827, a lei nº 518 sancionada pelo governador, devolvia a Cintra seu antigo topônimo.

Acontecimento na história do município que merece destaque foi a Cabanagem, revolução popular que teve início em Belém, capital do Estado, em 7 de janeiro de 1835, logo após a proclamação da Independência do Brasil. Em Maracanã esse movimento teve seu efeito, então o padre André Fernades de Souza com a finalidade de pacificar os revoltosos foi enviado para Marcanã. O Movimento começou de Colares a Bragança, em Maracanã, cerca de 200 homens armados se juntaram, reagindo contra o sistema vigente na época. Em março de 1835, ancorou o veleiro inglês “Clio”, em frente a Salinas, carregando armas e munições dos portugueses à espera de um “prático”, como não apareceu nenhum “prático”, para orientá-los, a tripulação tentou chegar à praia, quando foi trucidada pelos Cabanos de Maracanã e Salinas, a navegação foi incendiada e a carga foi sequestrada. No dia 4 de junho de 1836, os acusados foram presos, posteriormente mortos.

No município de Vigia, ocorreram as mais sangrentas lutas do movimento de toda a região do Salgado. Foram em direção a Vigia 200 cabanos de Maracanã, 200 de Curuçá e inúmeros outros cabanos vindos de Salinas que ficaram concentrados na cabeceira do rio Mahu. Na sede do município segundo relatos ficaram 30 cabanos armados que lixaram um portador de ofício do major Sérgio (Vigia).

O município de Maracanã possui uma área de 780, 724 km2, uma população estimada em 30 mil habitantes, límites com os municípios de Magalhães Barata, Marapanim, Igarapé-Açú e Salinopólis. Distante da capital 164 km.

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