A travessia do Reizinho

Ele é Rei...

Reizinho do Carnaval, da amizade, dos causos, da pescaria, da boa prosa numa rodada molhada...

Eu o conhecia há quase 30 anos, aliás, a família inteira, que se instalou na avenida Júlio César em Salinas e lá fez seu cantinho original. Durante muitos anos, lá foi a representação comercial do jornal O Liberal em Salinas, então, um local de encontro de amigos ávidos pela leitura. Tinha também as revistas...um lugar cultural.

Mas, tinha também uma batida especial e uma boa cerveja gelada com pessoas da casa apaixonados por receber bem.

Primeiro, se foi o Ronaldo numa perda que choramos. Depois, infelizmente, a partida do Seu Santos, o patriarca da família. Agora, a dor aumentou, em virtude de graves complicações decorrentes da diabetes, nosso amigo Reinaldo Pinho dos Santos, o Rei, nos deixa.

A família Santos, em um tempo esquisito, acolheu o "rei momo" em sua casa e criou o bloco "As Variadas do Sal", disparadamente o melhor de todos os tempos em Salinópolis. E bravo! não dependia se tinha ou não ajuda oficial, o bloco ganhava as ruas de qualquer jeito, começando pelos músicos que tocavam puxando os brincantes e depois cedendo espaço para o trio elétrico com bandas que levaram muitas multidões da Júlio César ao Maçarico.

Reizinho e Ronaldo. Um encontro hoje no céu.

Reizinho foi eleito o presidente da Associação Cultural Variadas do Sal e seguiu firme por todos esses anos. Eu comecei a compor os sambas de todos os carnavais e a estrada foi longa: "Eu sou, eu sou as Variadas do Sal, sou alegria neste carnaval...Descobri a emoção/no Galeão lá do Atalaia/E no reflexo do farol/As Variadas de saia...E no sonho do sono/Morfeu adormeceu/Nos braços da sapa do Caranã amanheceu..."

Muitos sambas, creio que são 14, mas o que valia mesmo era a alegria e a emoção.

Nosso presidente parte precocemente, assim como o Ronaldo, deixa um grande legado de alegria, emoção, cultura popular e a magia da folia.

Os carnavais perdem muito em alegria e não serão mais os mesmos em Salinas!
A dor é sentida também na vila Bom Jardim do Mota, em Maracanã, onde o Reizinho mantinha sua casa para os dias de pescaria e sempre nos recebia com muito carinho. 

Vivemos o tempo de Deus e tinha que ser num dia de domingo o adeus. Nos encontramos na fé. Siga em paz grande companheiro!

Da Redação

Ícaro Gomes