Cinzas de palhaço ecologista morto em dezembro jogadas no Tapajós



Magnólio morreu em dezembro de 2016



por Fábio Pena (*)

Familiares, amigos e admiradores do artista, advogado e educador social Paulo Roberto Sposito de Oliveira, mais conhecido como palhaço Magnólio e que faleceu em dezembro de 2016, se reúnem no sábado, 15, em Santarém para uma homenagem especial.

No encontro das águas dos rios em que ele sempre navegou, levando educação, saúde e alegria para as comunidades e movimentos sociais, serão jogadas parte de suas cinzas, num até logo que pessoas queridas preparam para o iluminado mestre da alegria que ele sempre foi.

Veja abaixo a programação.

Paulo Roberto de Oliveira, nascido em São Paulo, se formou advogado, assistente social, professor de educação física e mestre em educação ambiental.



Quando jovem, foi produtor musical no período efervescente do rock brasileiro, tendo apresentado shows de grupos como Os Mutantes e Novos Baianos. Ao longo do tempo, com seu humor peculiar, foi se aproximando da arte circense.

Foi ai que surgiu o Magnólio, seu personagem que além do nome, se tornou sua própria identidade.

Quis o destino que um belo dia lesse uma reportagem num jornal da capital paulistana, e se deparasse com um convite de uma ONG recém criada pelo médico Eugênio Scannavino e seu irmão Caetano Scannavino, contratando arte-educadores para atuar em comunidades da Amazônia.

Era o palhaço encontrando suas novas trilhas de malabarismos da vida, desta vez em plena floresta Amazônica.

Consolidou sua parceria com o Projeto Saúde e Alegria, que atua desde 1987 em comunidades da Amazônia desenvolvendo programas integrados de saúde, educação, cultura, geração de renda, meio ambiente e direitos das crianças e adolescentes.

E a parte que coube à Magnólio, foi ajudar a montar o Gran Circo Mocorongo, um circo mambembe para ajudar com que as mensagens educativas, os processos de mobilização social envolvessem as comunidades com doses de alegria.

Desde então, Magnólio se tornou o palhaço mais conhecido da região de Santarém, especialmente nas comunidades ribeirinhas onde chegava de barco levando diversão, entretenimento e cidadania.

Como coordenador pedagógico da organização, conseguia como poucos inovar nas metodologias de trabalho. É dele a frase símbolo que diz: “saúde é a alegria do corpo. E a alegria é a saúde da alma”.

Além da ludicidade, sempre procurava unir o conhecimento científico aos saberes populares.

Com as parteiras tradicionais ajudou a criar uma associação, “Mãos que aparam vidas”. Com os jovens criou a “Teia Cabocla” para formação de novas lideranças. Com os professores da floresta criou a “educologia – a educação ambiental ativa”.

Além do Saúde e Alegria, Magnólio também atuou em outros projetos e ONGs da Amazônia, como o projeto Iara, no qual ajudou no fortalecimento dos movimentos de pescadores da região.

Na década de 90, seu programa Na Hora da Piracaia, era um dos mais ouvidos na Rádio Rural de Santarém. Depois, no Programa da Rede Mocoronga de Comunicação Popular, fazia sucesso com o seu famoso “caça talentos comunitários”.

Sua voz rouca inconfundível, era reconhecida rapidamente pelos pescadores à qualquer volta na beira do rio Tapajós. Mas sua trajetória alcançou também o mundo, sendo convidado para grandes eventos, especialmente os ligados aos movimentos socioambientais, do qual participou ativamente como militante.

Geralmente se apresentando como o Eco Clown Amazônico (o palhaço ecologista). Especialista em moderação de eventos, suas dinâmicas e performances foram vistas em Conferências da ONU em Nova York, como no Brasil na Eco 92 e Rio + 20, bem como em congressos ambientalistas na Europa.

Como enredo de suas performances, estava sempre a defesa dos povos das florestas. Através disso Magnólio também se tornou uma liderança política, embaixador das causas socioambientais.

Ele conseguia abordar com alegria um tema complexo com ribeirinhos e extrativistas das beiras dos rios da Amazônia, assim como também com autoridades com quem fazia o sorriso e a alegria mediar conflitos e produzir transformações.

* É integrante da ONG Projeto Saúde e Alegria, com sede em Santarém

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1 Comentários

  1. um bonito comentário ,pena que nunca um filho de coiote irá produzir um panda.

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