O paraíso do lixo: Fernando de Noronha




Paraíso do lixo/Foto: Carla Souza

Américo Vespúcio avistou, em 1503, uma ilha muito vistosa e paradisíaca no nordeste do Novo Mundo. Era Fernando de Noronha, região formada por 21 ilhas e ilhotas, a 545 quilômetros do Recife, repletas de piscinas naturais e contato com a natureza. O que ele não imaginava é que este paraíso seria tomado pelo lixo tempos depois.

Do tempo do desbravador Vespúcio para os dias atuais, a ilha se desenvolveu bastante. Com o título de Patrimônio Mundial da Humanidade, recebido em 2002, e com o apoio do governo brasileiro para o ecoturismo, o lugar se modernizou e foi considerado o paraíso mais preservado do país, tornando-se um parque nacional marinho.

Porém, a grande quantidade de visitantes e o isolamento dessa região têm favorecido o aumento do lixo no local, segundo as denúncias feitas pela Folha nesta segunda-feira, 28 de fevereiro. De acordo com a repórter Giuliana Miranda, Fernando de Noronha, vista de cima, parece estar dividida em três partes: o paraíso dos turistas; onde lhes é proporcionado um contato com a fauna, golfinhos e tartarugas, e o ambiente tranquilo do local; o aeroporto; que fica do outro lado do arquipélago; e o paraíso do lixo; onde o lixo fica estacionado em um terreno entre as praias e o aeroporto.

O “lixão”, como é conhecido pelos nativos da região, fica próximo de uma usina de compostagem, que deveria transformar todo o resíduo orgânico produzido pela ilha em adubo.

Mas, a usina de compostagem não tem sido eficaz na transformação do lixo. A produção de lixo em Noronha, pelos turistas e nativos, é muito maior do que o que essa usina comporta. Dessa maneira, a parte externa da usina já é vista atualmente pela população como um “lixão” a céu aberto.

De acordo com Eglê Teixeira, do Departamento de Saneamento e Ambiente, o terreno tornou-se realmente um depósito de lixo: “Embora os resíduos estejam separados por tipo e acondicionados em grandes sacos especiais, ainda se configura um lixão” opinou Teixeira.


Paraíso dos turistas/Foto: imagens gratis

O isolamento é outro fator que preocupa o crescimento do lixo. As 10 toneladas de lixo produzidas na alta temporada não conseguem sair completamente da ilha. Os navios que fazem o transporte estão aptos para levarem apenas 95 toneladas a cada 20 dias, o que gera um montante de 31 toneladas por viagem que permanecem na ilha.

Esse excesso, associado ao lixo trazido pelas correntes marítimas de todo o globo que, por vezes, se fixam na enseada, acabam por gerar outros problemas na região. Papelão, alumínio, plástico e alguns resíduos orgânicos são os principais elementos que ficam soltos no terreno, somando 63% do lixo do local.

O lixo orgânico e o risco de contaminação no processo da compostagem são alguns problemas relacionados ao lixão de Noronha. Os resíduos orgânicos atraem garças para o local, o que é perigoso para os aviões que passam pelo arquipélago, podendo ocasionar acidentes aéreos.

Já a contaminação dos resíduos orgânicos pode existir porque nas ilhas não há coleta seletiva. O lixo vem todo misturado para a usina, o que aumenta os riscos de contaminação.

As autoridades afirmam que esse risco é mínimo, porque existe uma seleção criteriosa do material e admitem também que é necessário o começo da coleta seletiva na região, estimada para junho deste ano.

Alternativas

O governo de Pernambuco, que administra o arquipélago, está procurando alternativas para a diminuição do lixo em Noronha. Um plano de gerenciamento de resíduos sólidos está sendo preparado para por fim ao paraíso do lixo. Um lixão moderno está sendo analisado para entrar em vigor junto com outras medidas sustentáveis em junho de 2011.

O contato com moradores também será retomado, a fim de estabelecer medidas de preservação. A taxa ambiental de R$ 40,40, obrigatória a maiores de cinco anos, deverá ser revista, já que a manutenção das condições ambientais do local não está sendo feita corretamente.

As informações são da Folha

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