Pescaria revela tesouro nas águas de Salinas


Vila é refúgio de pescadores fora do eixo das praias mais badaladas.
Variedade de peixes e paisagem exuberante atraem visitantes de todo país.



Thais RezendeDo G1 PA




Variedades de peixes encanta visitantes. Na foto, um robalo, espécie em abundância na região. (Foto: Divulgação/ Magazine do Pescador)

O município de Salinópolis, nordeste do Pará, é um dos principais destinos de quem procura praias de mar para aproveitar o verão amazônico no estado. Porém, além dos balneários, a região também tem outras atrações para os visitantes: o distrito de Cuiarana fica a 5km do centro da cidade, e atrai turistas que apreciam passeios de lancha e pescaria, seja em áreas de mangue ou alto-mar.
Vila de pescadores atrai visitantes
(Foto: Divulgação/ Samia Batista - Pousada Cuiarana)

A cidade abriga espécies de peixe como pescada amarela, robalo, corvina, xaréu, peixe pedra e a pirapema - uma fartura que agrada aos turistas: “As pessoas procuram a gente de São Paulo, Santa Catarina, Rio de Janeiro, pois aqui temos peixe em abundância. Tem também o pessoal que mora por perto, como Paragominas, Marabá,Belém”, conta Joares Collyer, proprietário de uma pousada que oferece passeios de pesca esportiva.

“Geralmente o pescador sai cedo, às 6, 7h, porque pescador que é pescador é ansioso, não quer acordar 9, 10h. De manhã cedo tem a ‘hora do peixe’, a hora em que a maré começa a encher”, explica Collyer que, mesmo com as obrigações de administrador, sempre arruma um tempinho para pescar nas águas de Salinas.
Na pousada, o turista pode alugar uma lancha com toda estrutura necessária para passar o dia inteiro em alto-mar, inclusive fazer as refeições. Há lanchas que levam de duas e até oito pessoas. O piloto é também uma espécie de guia, conhece bem todo o caminho e os melhores pontos para pescar, que são os canais mais próximos ao mar, no final da vazante e começo da enchente.

“Eles ficam em pesqueiros que levamos, destinados à pescaria. É um bom ponto de peixe e os levamos pra lá”, conta Collyer. E no local em que a pesca é uma das principais atividades, até quem não é pescador tem a chance de fisgar um peixe. “Quem não traz material de pesca, a gente fornece para ele”, conta Joares, que orienta os visitantes a soltar os peixes após a pescaria.

Paixão em alto mar
Bancário aposentado, Júlio Macedo, 61, começou a pescar ainda menino, com o pai. Ele conta que no início era mais artesanal, com linha de mão, mas que se apaixonou mesmo pela prática quando aprendeu a “pescar de verdade” usando molinetes e iscas artificiais. Há seis anos ele escolheu Salinas para ser o cenário de sua maior diversão.
Iscas artificiais são novidade na pescaria no mangue.
(Foto: Divulgação/ Magazine do Pescador)

Quando a maré está para peixe, ele passa dias pescando. “De 15 em 15 dias eu estou na maré! Vou atrás de pescada amarela e camurim. Já tiveram vezes que peguei muitos peixes, mas outras que tive que comprar um peixe para comer porque não peguei nenhum”, explica o aposentado, que pesca com um amigo que tem casa em Cuiarana.

O pescador conta que uma vez passou uma semana fora de casa pescando. “Passou o primeiro dia, não deu em nada. O segundo dia, nada. No terceiro, o peixe entrou e a gente teve que aproveitar! Não tinha isopor que coubessem os peixes. Dessa vez quase dá divórcio!”, brinca Macedo, se referindo à sua esposa que ficou sozinha em casa.
Eduardo Monteiro comemora a pesca de uma
pirapema. (Foto: Divulgação/ Magazine do Pescador)

“A pescaria é o meu hobby. Na hora não penso em nada, rejuvenesço, volto 10 anos mais novo”, afirma Julio Macedo. Ele explica o motivo da paixão: “Muitas pessoas pensam que pescar é monótono, mas está enganado. A pesca é dinâmica, a gente trabalha o tempo todo para localizar o cardume”, explica o aposentado a respeito dos arremessos das iscas e movimentos para segurar a carretilha quando o peixe fisga no anzol.

O economista João Carlos Monteiro, 66, é apaixonado por pesca e conta que ensinou tudo que sabe ao filho, Eduardo. "Acho um esporte onde você não está sujeito às preocupações. Você está normalmente em contato direto com a natureza e também contribui com o meio ambiente, orientando quem está fazendo pesca predatória. É um lugar onde você fica seguro, não tem assaltos”, afirma João Carlos.


Ele explica ainda que gosta de pescar sozinho e que não usa rede ou espinhel, uma corda comprida ao longo da qual são fixadas, de distância em distância, linhas munidas de anzóis. “A gente pesca de anzol, nas marés de quarto crescente e quarto minguante, que ocorrem de 15 em 15 dias”, conta.

Experiente com a pescaria, o economista revela que os lugares que gosta de pescar em Salinas. “Além de Cuiarana, a gente tem alguns locais específicos de ponto de pesca: Praia da Marieta, Pedra do Veado, Pedra do Xaréu. Onde tem pedra no fundo existe muito peixe”, dá a dica.

O pescador conta que sai cedo para pescar, para pegar a primeira maré, quando está enchendo e fica o dia todo, já para pegar a segunda maré, seis horas depois. “Eu normalmente passo o dia todo, levo carvão e o peixe que pego na primeira maré asso e como em uma praia ali perto”, conta o economista.

Muitos visitantes fazem questão de fotografar os peixes capturados. As histórias de pescadores contam que já houve quem pescasse até 30 peixes em um dia. Arremessos precisos e o modelo das iscas garantem um bom resultado na pescaria. Mas o maior troféu que o visitante pode levar dessa experiência são as lembranças de um lugar pacato que esconde um verdadeiro tesouro oceânico.
Pesca é atração para quem gosta de tranquilidade e natureza (Foto: Divulgação/ Samia Batista - Pousada Cuiarana)

Postar um comentário

0 Comentários