Explosão em Belém mata 2 e deixa outros 5 feridos




(Foto: Via WhatsApp)


A aposentada Ermila Lima Magno, 71 anos, ainda dormia quando sentiu a casa tremer e, de repente, um barulho estrondoso de uma explosão a despertou. Ao abrir os olhos, viu o telhado de sua casa se desmanchar em segundos. “Eu só fiz gritar por Jesus”, disse ainda assustada com a proporção do acidente com a caldeira da fábrica Paratini Beneficiamento e Comércio Ltda.

O equipamento usado no beneficiamento de castanha-do-pará explodiu, ontem, por volta das 8h. A empresa funciona ao lado da residência de dona Ermila, na avenida Arthur Bernardes, bairro do Tapanã, em Belém. O saldo da tragédia contabiliza a morte de 2 funcionários da indústria e outros 5 feridos, além de 10 casas parcialmente destruídas e 12 carros, estacionados próximos, também avariados.

2 MORTES

A informação das mortes foi confirmada pelo Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência (HMUE), em Ananindeua, Região Metropolitana de Belém, para onde as vítimas foram conduzidas. Jorge Hermógenes de Souza Sampaio, de 59 anos, chegou sem vida ao hospital e Maison Félix Magno de Farias, de 32 anos, também não resistiu aos ferimentos e morreu no decorrer do dia.

Ainda segundo o hospital, o quadro de saúde de 2 vítimas é considerado grave, enquanto outras 2 permanecem estáveis. Também envolvida na explosão, uma funcionária da empresa, que está gestante, foi encaminhada ao Hospital Abelardo Santos, no distrito de Icoaraci, em Belém, mas foi liberada após os médicos constarem que ela não havia sofrido ferimentos graves nem riscos ao bebê.

DESESPERO

O filho de dona Ermila, o almoxarife Mário Magno, 43 anos, estava se arrumando para ir ao médico quando viu o forro e o telhado de seu quarto irem pelos ares. “Quando vi tudo desmoronando, me abaixei ao lado do guarda-roupa e rezei”, contou. A funcionária da fábrica Bruna Fernanda já tinha começado as suas atividades na Paratini, quando percebeu o estrondo e viu os colegas de trabalho serem atingidos pelo fogo e fragmentos da caldeira.

“Eu sabia que isso poderia acontecer e, se acontecesse, eu deveria correr”, contou Bruna. A jovem foi socorrida por um frentista do posto de gasolina que funciona ao lado da empresa. Uma parte da caldeira caiu a poucos metros de um caminhão-tanque carregado de combustível, no estacionamento do posto, o que poderia ter causado uma tragédia ainda maior.

INVESTIGAÇÃO

Somente a perícia do Corpo de Bombeiros poderá apontar o que provocou a explosão do maquinário. Toda a área da empresa, que estava sem alvará de funcionamento, foi isolada. Na Paratini trabalham aproximadamente 150 funcionários, a maioria mulheres. No momento do acidente, cerca de 100 colaboradores estavam em atividade.

Empresa estava irregular

Cerca de 45 bombeiros participaram do resgate de funcionários da empresa onde explodiu a caldeira. De acordo com o comandante do Corpo de Bombeiro de Icoaraci, major Gleyds Melendez, a Paratini passava por processo de regularização e não possuía o Habite-se, documento e expedido pela Prefeitura de Belém que autoriza, após vistoria, o uso e ocupação da edificação. A empresa, portanto, não poderia funcionar até obter o alvará.

A fábrica havia sido reprovada em uma vistoria realizada pelo Corpo de Bombeiros em abril deste ano. “Já estava em processo de regularização, onde estava no prazo determinado de 3 meses para apresentar as adequações necessárias, que seria a rede hidráulica de extintores. Ou seja, estava funcionando de forma irregular”, confirmou Gleyds Melendez. O laudo do Corpo de Bombeiros, com as causas da explosão, deverá ser concluído em até 30 dias.

Indústria estava sob investigação há 2 semanas

O filho do proprietário da empresa Paratini, onde ocorreu a explosão da caldeira (ambos não tiveram nome divulgado), foi conduzido até a Divisão Especializada em Meio Ambiente (Dema), em Belém, e relatou à delegada Virginia Nascimento que o pai está viajando e que foi avisado do ocorrido por funcionários que foram até sua casa. Ele não soube informar o que pode ter ocasionado o acidente.

O proprietário foi intimado a comparecer na Dema, novamente, na segunda-feira (13). Ainda de acordo com a delegada, o homem pode responder pelos crimes de homicídio culposo, poluição ambiental, danos ambientais e danos materiais.

JÁ HAVIA INVESTIGAÇÃO

Virgínia reforçou ainda que, há cerca de duas semanas, o delegado Vicente Costa, que presidirá o inquérito policial do caso, investigava denúncias de poluição atmosférica provocadas pela Paratini. Segundo ela, o delegado se preparava para solicitar a perícia ambiental do Renato Chaves quando soube da explosão. “Acionamos o plantão ambiental do Renato Chaves e agora vai ser uma perícia mais completa e minuciosa”, disse. A empresa terá de apresentar todas as licenças necessárias para a atividade desenvolvida, entre elas a de operação ambiental.

(Denilson D'Almeida, Emily Beckman e Redação)

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