SERÁ MESMO “MALDIÇÃO” DO PADRE?

Por Elizel Nascimento



“Vocês serão sempre caranguejos, quando derem um passo à frente, imediatamente, voltarão dois para trás” – teria sentenciado o padre Raimundo Wlisses de Albuquerque Penafort, com relação ao futuro de Maracanã. E proferiu ao ser espancado,impiedosamente,em praça pública na antiga paróquia e São Miguel de Cintra. O religioso missionou em Bragança, onde editou o jornal “O Caeteense”, depois transferido para Cintra em 1892, trazendo o maquinário gráfico para lançar o periódico “A Tuba”. E o lançou com um editorial que deu início a uma campanha político-nativista para mudar o nome da cidade de Cintra para Maracanã, o que conseguiu em 28 e maio de 1897. Sobre o episódio do espancamento e a “maldição” atribuída ao sacerdote, certamente, não há mais testemunha presencial, pois tudo repousa na crendice popular e na oralidade dos mais antigos. Há uma versão de que o vigário Wlisses Penafort, como expoente profissional das letras, inclusive, com obras clássicas lançadas na época, também, era orador sacro e fluente nos seus sermões, o que incomodava e contrariava os interesses da burguesia maracanaense. Em um manuscrito do cartório local há um registro datado de 23 de dezembro de 1897, que relaciona a turba que seviciou o padre. Trata-se de Saturnino Silva e Costa; Manoel Victor dos Santos Botelho; Jason José Farias; José Paulo do Socorro; João da Cruz Pereira Lima; Bento José Pedro e Marcos José Borcém, todos intelectuais, comerciantes e políticos, os quais constituíram advogados para suas defesas.O jornal “Folha do Norte”, edição de 31 de dezembro e 1897, confirma: “O vapor “Colombo” procedente de São Luis do Maranhão com escala em Maracanã, transportou até o porto de Belém, os passageiros Padre Wisses Penafort, Firmina Gentil Ribeiro, Josefina Gentil Ribeiro, Anízio Dias e Antônio Pedro Dias”.As duas mulheres, também apanharam, tentando socorrer o padre. Após intenso tratamento o religioso foi transferido para Abaetetuba e nunca mais voltou a Maracanã. Faleceu em Belém, em 1921. Natural do Ceará e Membro da Academia Cearense de Letras é homenageado com o nome da cidade “Penafort” naquele Estado. Em Maracanã é lembrado com o nome de uma travessa atrás do cemitério. Mas quando há um retrocesso administrativo no município, em que a maioria reclama, alguns lembram: “Será mesmo maldição do padre?” ...
(Obs: com dezenas de curiosidades e causos maracanaenses, vou tentar chegar às escolas do município com impresso e dar uma trégua no face.)


Travessa Ulisses Penafort



* O autor é professor, escritor, poeta e ex-secretário de Cultura de Maracanã

Postar um comentário

2 Comentários

  1. As máquinas começaram a sair do pátio da Secretaria de Agricultura. Elas foram vistas plainando o campo do km 34. Nos anos anteriores isso não era possível porque era dispendioso para a prefeitura. Neste ano eleitoral, não é dispendioso. Mas já é tarde. o povo não é besta, prefeita.

    ResponderExcluir
  2. E sem contar no mato que já está tomando conta das ruas. segundo dizem, a prefeita dispensou os capinadores e resta somente uma pessoa do km 38 que é contratada pela prefeitura para roçar alguns locais, enquanto que quem quiser ver a frente de sua casa roçada vai ter mesmo que pagá-lo. Esse é o governo "Quem ama cuida (do seu próprio bolso)".

    ResponderExcluir