A migração de maracanaenses para o sul do país

Nos últimos tempos um movimento me chamou muita atenção e resultou em três grandes postagens no Blog sobre os irmãos e irmãs maracanaenses que encontraram no estado de Santa Catarina o cenário ideal para construir sonhos e organizar uma nova vida a peso de um custo alto, dolorido, que é a saudade e a falta dos familiares e amigos deixados pra trás depois de uma história construída em Maracanã.

Entenda os motivos que levam os jovens para uma nova aventura
Os amigos professor Carlos Lima e Jéssica Viana em Blumenau
Eu já estive duas vezes em Santa Catarina e pude visitar as principais cidades que acolhem os maracanaenses: Blumenau, Brusque e Timbó. O estado, principalmente,a capital Florianópolis, passou por uma grande revolução na economia, embalada pela implantação de um forte polo de empresas de informática. Hoje, no Brasil, depois de São Paulo, as grandes soluções em sistemas de tecnologia digital vêm das cabeças catarinenses.

O processo atraiu muitas universidades, desenvolveu a educação e a mão de obra local especializou-se ocupando as funções da nova realidade econômica. Bem, mas as funções mais tradicionais como trabalhar no comércio, na indústria têxtil (muito forte aliás!), nas cooperativas de transportes e serviços também precisa de nova mão de obra. Bem ai, entrou nosso povo da região que vai chegando por intermédio de parentes e amigos que estão lá e acomodando-se em novas funções e também ocupando vagas nas faculdades.
Kevyn Lorran em Timbó
Meu amigo Roberto Sabóia, que partiu cedo para outro plano espiritual, dizia que "terra da gente é onde a gente vive bem". Preocupa-nos tal pensamento, pois sou daqueles apaixonados que acredita na Amazônia, que pensa que podemos sim aqui mesmo construir um ambiente ideal para que nossos sonhos sejam pensados, planejados e realizados.

Maracanã maltratada

Não há cenário promissor na atualidade no município de Maracanã. A economia vem segurando-se aos trancos e barrancos nos benefícios sociais do INSS e Bolsa Família. A agricultura perdeu o investimento seja do executivo municipal, dos bancos, das agências financiadoras. O comércio sofre com a política de pagamentos da Prefeitura Municipal, que reduziu salários na educação e levou grande parte dos recebimentos de remunerações para o Banco do Brasil em Igarapé-Açu, principalmente temporários.
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Lojas fecharam - Paraíba e Mônaco
Na folha de pagamento, a manutenção de gente de Belém, Castanhal e outras regiões também contribui para tal desaquecimento, pois são servidores que ocupam vagas dos irmãos maracanaenses e só ganham o dinheiro, mas não realizam suas despesas de supermercado e serviços na própria cidade. São raros os fornecedores da Prefeitura com endereço em Maracanã.
Não há geração de renda, não há empregos, não há perspectivas, sobrando para aqueles que ainda tem idade boa aventurar-se um sonho a mais de 3 mil quilômetros de casa.

Bus of dreams

A cada quinze dia, um ônibus sai da cidade de Igarapé-Açu, levando gente da região do salgado paraense com destino à cidade de Brusque, em Santa Catarina. São muitos maracanaenses no meio, levando sonhos e planos e  o desejo claro de guardar uma reserva financeira e voltar para sua terra.

O voo da esperança
Amigos vão ao aeroporto para as despedidas



O aeroporto internacional de Val-de-Cans tem sido outro portal de migração para os maracanaenses que embarcam na direção do aeroporto de Navegantes-SC, levando os mesmos sonhos e desejos. Lá na espera outros maracanaenses que já tem endereço fixo, emprego e estão familiarizados com as cidades, prósperas também em turismo, principalmente Blumenau, colonizada por alemães e que detém o título de maior festa da cerveja do Brasil - a Oktoberfest. Nas margens do rio Itajaí-açu, na década de 80 enfrentou uma grande enchente, o que levou os lideres organizarem a festa para ajudar na reconstrução da cidade e tornou-se uma grande tradição.
Elson Costa e Adria
Ontem, embarcaram dois jovens de Maracanã Elson Costa e Adria Silva com destino ao sul do país. Venho acompanhando pela rede social Facebook os dias que antecederam a viagem com despedida dos amigos, dos familiares, muitas postagens de mensagens de energia positiva. Amigos que foram até Belém levá-los no aeroporto. É bem emblemático, pois trata-se de jovens bem relacionados na cidade, pessoas que compartilham de muitas amizades em razão de simplicidade e semeadores do bem. A partida de alguem que conhecemos nos toca profundamente, bate saudade, bate tristeza. Mesmo sabendo que estão buscando novos horizontes e que o futuro reservado pode ser muito melhor, ficamos com aquele gostinho de inércia, de que não estamos conseguindo dizer que aqui poderia ser muito melhor. A Amazônia precisa de respostas, precisa de investimentos, precisa sair dessa retórica que tudo aqui é verde, que nossa vocação é ser guardião do pulmão do mundo. Ora bolas, não queremos ver tudo verde e nosso povo amarelo de fome por trás de cortinas. Podemos até ser guardiões, mas precisamos ter renda para isso. Os povos que não dispõem mais de verde precisam pagar para quem mantém as árvores de pé.

Que o futuro seja melhor!


Outras postagens no Blog sobre o assunto:

http://blogicarogomes.blogspot.com.br/2015/02/serie-maracanaenses-no-sul-do-pais.html

http://blogicarogomes.blogspot.com.br/2015/02/serie-maracanaenses-no-sul-do-pais-ii.html

http://blogicarogomes.blogspot.com.br/2015/04/serie-maracanaenses-no-sul-do-pais-iii.html

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