Brasil é o 4º do mundo em número de meninas-esposas
De acordo com o IBGE, mais de 66 mil garotas de 10 a 14 anos já estão em uma união

Infância perdida. A gravidez precoce é um dos vários motivos que levam as meninas a se casarem cedo no Maranhão e no Pará
PUBLICADO EM 09/09/15 - 22h00
Brasília. O Brasil é o quarto país do mundo em número absolutos de casamentos infantojuvenis. É o que revela o relatório “Ela Vai no Meu Barco – Casamento na Infância e Adolescência no Brasil”, lançado nesta quarta pelo Instituto Promundo.
De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios (Pnad) de 2006, das mulheres entre 20 e 24 anos que são casadas, 11% o fizeram antes dos 15, um contingente de 877 mil. Se considerarmos as uniões antes dos 18 anos dessa faixa etária, o índice sobe para 36%, ou 3 milhões de mulheres. Em outros países da América Latina e do Caribe, os níveis de ocorrência são maiores apenas na República Dominicana e também na Nicarágua.
O relatório lançando nesta quarta recomenda estimular o envolvimento paterno na vida das filhas para evitar o casamento na infância e na adolescência. Segundo pesquisa apresentada no relatório, a idade média de casamento e de nascimento do primeiro filho das meninas entrevistadas é 15 anos.
De acordo com o IBGE, mais de 66 mil garotas de 10 a 14 anos já estão em uma união
Infância perdida. A gravidez precoce é um dos vários motivos que levam as meninas a se casarem cedo no Maranhão e no Pará
PUBLICADO EM 09/09/15 - 22h00
Brasília. O Brasil é o quarto país do mundo em número absolutos de casamentos infantojuvenis. É o que revela o relatório “Ela Vai no Meu Barco – Casamento na Infância e Adolescência no Brasil”, lançado nesta quarta pelo Instituto Promundo.
De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios (Pnad) de 2006, das mulheres entre 20 e 24 anos que são casadas, 11% o fizeram antes dos 15, um contingente de 877 mil. Se considerarmos as uniões antes dos 18 anos dessa faixa etária, o índice sobe para 36%, ou 3 milhões de mulheres. Em outros países da América Latina e do Caribe, os níveis de ocorrência são maiores apenas na República Dominicana e também na Nicarágua.
O relatório lançando nesta quarta recomenda estimular o envolvimento paterno na vida das filhas para evitar o casamento na infância e na adolescência. Segundo pesquisa apresentada no relatório, a idade média de casamento e de nascimento do primeiro filho das meninas entrevistadas é 15 anos.
Os homens são, em média, nove anos mais velhos que suas noivas. O trabalho do Promundo tem o objetivo de promover o direito de as meninas decidirem, de maneira livre e plena, quando e com quem se casar.
De acordo com a coordenadora da pesquisa, Alice Taylor, as meninas que têm a presença do pai na educação têm maior autoestima e escolhem parceiros com comportamentos e atitudes mais igualitários em termos de gênero. Elas também vivenciam menos violência sexual ou atividade sexual precoce e indesejada.
“É uma recomendação muito importante trabalhar as normas de gêneros sobre a prática (relacionada ao casamento). Trabalhar com homens, meninos, meninas, lideranças religiosas e comunitárias, redes de proteção sobre os direitos e as escolhas possíveis para meninos e meninas, as suas possibilidades dentro de relacionamentos e os seus direitos sexuais”, afirmou Alice.
Esposas mirins. De acordo com dados de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), pouco mais de 88 mil meninas e meninos entre 10 e 14 anos estão em uniões consensuais, civis e/ou religiosas, no Brasil. Na faixa etária de 15 a 17 anos, o número chega a 567 mil, e, com 18 ou 19 anos, mais de 1 milhão de pessoas já estão envolvidas em uma união formal ou informal.
Alice disse ainda que essa é uma reflexão que deve envolver toda a comunidade, de desconstrução desse modelo de comportamento em que os homens acabam se casando com meninas mais novas, porque as acham “mais atraentes e fáceis de controlar”.
Há também, acrescenta, a questão de que as meninas, desejando sair da casa dos pais, se casam para terem sua liberdade, mas acabam desapontadas e vivendo experiências de controle ainda maior por parte do marido. “Uma coisa é o casamento em si, outra é a dinâmica que existe diante da diferença de poder, do homem com mais experiência”. Para a pesquisadora, isso tem impacto sobre as meninas, que têm a tendência de deixar a escola ou engravidar mais cedo.
O relatório apresenta os resultados de uma pesquisa, feita de 2013 a 2015, sobre atitudes e práticas envolvendo casamento na infância e na adolescência nas regiões metropolitanas de Belém, no Pará, e de São Luís, no Maranhão. Segundo dados do IBGE, os dois Estados têm alto número de casamentos infantis (de meninos e meninas com idade entre 10 e 18 anos).
Homens
Contexto. A Promundo é uma Organização Não-Governamental que busca promover a igualdade de gênero trabalhando o papel de homens e meninos em situações de desrespeito contra as mulheres.
Meninas são as mais afetadas
Brasília. Embora meninos e meninas vivenciem casamentos infantis, as meninas são mais afetadas pela prática. De acordo com o relatório, entre os meninos, 18 anos é o padrão de idade ao se casar, enquanto o das meninas é de 15 anos.
Existem diferentes fatores que levam aos casamentos infantis, mas a principal questão, na América Latina, segundo o relatório, é que eles são considerados consensuais, não são arranjos como em outros países. “Existem formas de pressão, sim, e o importante é identificar em qual contexto as meninas fazem essa escolha”, afirmou Alice Taylor.
As questões socioeconômicas, as opções de trabalho, a escolarização, o controle da sexualidade e a gravidez indesejada são fatores que, para a coordenadora do trabalho, podem levar ao casamento infantil. O relatório também mostra que os meninos adolescentes, da mesma idade que as meninas casadas, são desprezados como parceiros pela percepção de que não são responsáveis nem provedores.
“É importante que o tema tenha visibilidade e seja discutido em vários ambientes da sociedade civil. A primeira etapa é dialogar, é um tema que existe, e é preciso pensar como deve ser melhordos'.Diz Alice.
De acordo com a coordenadora da pesquisa, Alice Taylor, as meninas que têm a presença do pai na educação têm maior autoestima e escolhem parceiros com comportamentos e atitudes mais igualitários em termos de gênero. Elas também vivenciam menos violência sexual ou atividade sexual precoce e indesejada.
“É uma recomendação muito importante trabalhar as normas de gêneros sobre a prática (relacionada ao casamento). Trabalhar com homens, meninos, meninas, lideranças religiosas e comunitárias, redes de proteção sobre os direitos e as escolhas possíveis para meninos e meninas, as suas possibilidades dentro de relacionamentos e os seus direitos sexuais”, afirmou Alice.
Esposas mirins. De acordo com dados de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), pouco mais de 88 mil meninas e meninos entre 10 e 14 anos estão em uniões consensuais, civis e/ou religiosas, no Brasil. Na faixa etária de 15 a 17 anos, o número chega a 567 mil, e, com 18 ou 19 anos, mais de 1 milhão de pessoas já estão envolvidas em uma união formal ou informal.
Alice disse ainda que essa é uma reflexão que deve envolver toda a comunidade, de desconstrução desse modelo de comportamento em que os homens acabam se casando com meninas mais novas, porque as acham “mais atraentes e fáceis de controlar”.
Há também, acrescenta, a questão de que as meninas, desejando sair da casa dos pais, se casam para terem sua liberdade, mas acabam desapontadas e vivendo experiências de controle ainda maior por parte do marido. “Uma coisa é o casamento em si, outra é a dinâmica que existe diante da diferença de poder, do homem com mais experiência”. Para a pesquisadora, isso tem impacto sobre as meninas, que têm a tendência de deixar a escola ou engravidar mais cedo.
O relatório apresenta os resultados de uma pesquisa, feita de 2013 a 2015, sobre atitudes e práticas envolvendo casamento na infância e na adolescência nas regiões metropolitanas de Belém, no Pará, e de São Luís, no Maranhão. Segundo dados do IBGE, os dois Estados têm alto número de casamentos infantis (de meninos e meninas com idade entre 10 e 18 anos).
Homens
Contexto. A Promundo é uma Organização Não-Governamental que busca promover a igualdade de gênero trabalhando o papel de homens e meninos em situações de desrespeito contra as mulheres.
Meninas são as mais afetadas
Brasília. Embora meninos e meninas vivenciem casamentos infantis, as meninas são mais afetadas pela prática. De acordo com o relatório, entre os meninos, 18 anos é o padrão de idade ao se casar, enquanto o das meninas é de 15 anos.
Existem diferentes fatores que levam aos casamentos infantis, mas a principal questão, na América Latina, segundo o relatório, é que eles são considerados consensuais, não são arranjos como em outros países. “Existem formas de pressão, sim, e o importante é identificar em qual contexto as meninas fazem essa escolha”, afirmou Alice Taylor.
As questões socioeconômicas, as opções de trabalho, a escolarização, o controle da sexualidade e a gravidez indesejada são fatores que, para a coordenadora do trabalho, podem levar ao casamento infantil. O relatório também mostra que os meninos adolescentes, da mesma idade que as meninas casadas, são desprezados como parceiros pela percepção de que não são responsáveis nem provedores.
“É importante que o tema tenha visibilidade e seja discutido em vários ambientes da sociedade civil. A primeira etapa é dialogar, é um tema que existe, e é preciso pensar como deve ser melhordos'.Diz Alice.
1 Comentários
É triste ver como as pessoas estão perdendo a infância hoje em dia, se interessando por assuntos a frente de sua idade.
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