'Raio caiu 2 vezes', diz mãe que curou câncer e trata filho com leucemia


Mãe conta que filho cresceu ouvindo história de superação.
Amigos fazem campanha na internet para arrecadar doações.



Do G1 PA




Roseanne e o menino Miguel, de 7 anos, em tratamento no INCA do Rio de Janeiro (Foto: Roseanne D'Oliveira / Arquivo Pessoal)

A autônoma Rosanne D’Oliveira descobriu no mês de maio que seu filho Miguel, de 7 anos, tem leucemia. O diagnóstico deixou a mãe preocupada, já que seria a segunda vez que a dupla enfrentaria, junta, um tipo agressivo de câncer – a primeira foi quando Miguel ainda estava na barriga da mãe que descobriu, grávida de oito meses, um câncer de mama. “Cesária e Mastectomia. Fiz as duas cirurgias ao mesmo tempo”, relembra Rosanne.
“O raio caiu duas vezes. O problema do Miguel não tem nada a ver com o meu. Participo de grupos de apoio e todos ficam chocados com a situação”, disse a mãe, que conta com a sua experiência para ajudar a criança. “Me reconforta e dá mais força para ele, que cresceu ouvindo esta história de superação. Quando eu fazia tratamento ele me dava forças. Hoje, ele precisa que eu seja forte. Ironia do destino”, conta.

Porém, ao contrário de Roseanne, que tratou toda a doença em Belém, Miguel foi transferido para o Instituto do Câncer, no Rio de Janeiro. “A oncologista em Belém foi bem clara: a leucemia mieloide aguda tem 50% de chance de cura e só com transplante. Em Belém não tem tratamento para este tipo de leucemia”, desabafa.

No Rio de Janeiro o diagnóstico foi o mesmo, mas com um prognóstico diferente: os médicos ofereceram um tratamento alternativo com quimioterapia, sem a necessidade de um doador de medula que, mesmo com o cadastro nacional, ainda é difícil de conseguir. Só que para livrar Miguel do câncer vão ser necessários quatro ciclos de quimioterapia, que devem ser realizados em até dois anos – período em que a autônoma ainda não sabe como irá se manter longe de casa e sem emprego.

“O tratamento dura de um a dois anos e, desde que comecou aqui, ele não pode ser atendido em outro lugar. Nao tenho parentes no Rio, mas estamos por enquanto como apoio na casa de um irmão do pai de Miguel. Mas o lugar é pequeno e, quando sair do hospital, Miguel vai precisar do máximo de conforto.
O tratamento de Miguel é custeado pelo SUS,
mas Roseanne tenta conseguir o benefício do
TFD para garantir as outras necessidades da
criança (Foto: Roseanne D'Oliveira / Arquivo Pessoal)

Tratamento fora de domicílio

A Secretaria de Assistência do Ministério da Saúde determina, através da portaria 55, o atendimento gratuito para pacientes cujas doenças não possam ser tratadas nas suas cidades por falta de condições técnicas – é o chamado Tratamento Fora do Domicílio (TFD).

Pode solicitar o benefício o paciente que esgotou os meios de tratamento na sua cidade natal e que tenha laudos comprovando a doença. Através do TFD, a secretaria municipal de saúde de Belém pagaria também passagens aéreas, acomodação, alimentação e pernoite para o paciente e sua acompanhante.

O problema, segundo Rosanne, é a burocracia que faz com que o benefício demore a ser concedido. “Não foi possível fazer o TFD pela urgência em começar o tratamento”, disse. “Você tem que decidir urgente pra onde leva-lo, porque ele precisava viajar enquanto estava estável”, destaca a autônoma.


Amigos pedem doações nas redes sociais
para ajudar o Miguel
(Foto: Roseanne D'Oliveira / Arquivo Pessoal)

Ajuda de amigos

Enquanto não consegue o benefício para se manter no Rio, Rosanne conta com a ajuda de amigos que se sensibilizaram com a batalha dela contra o câncer. Um grupo organizou, através das redes sociais, um bazar solidário que será realizado no dia 20, no bairro da Pedreira, em Belém.

“Decidimos fazer este bazar para levantar uma grana, porque o tratamento dele é custeado pelo Inca, mas a estadia não. E o rio de janeiro é uma cidade muito cara. Então estamos arrecadando roupas, objetos de arte para fazer o bazar, ajudar a Rosanne e alertar as pessoas para serem doadores de medula, que é um movimento muito fraco no Brasil”, conta a amiga Adriana Csaszar.

Como o tratamento é longo, Adriana diz que os amigos do Miguel devem realizar quantos bazares forem necessários, além de arrecadar doações em dinheiro. “A gente está pretendendo sim. Já existe uma movimentação de arrecadar em uma conta bancária, porque nem todo mundo tem tempo para frequentar o bazar. Então determinamos cotas de R$ 20, R$ 30 e R$ 50. O bazar é para divulgar a causa, mas a doação fica a critério das pessoas”, conclui.

Postar um comentário

0 Comentários