Marituba: a cidade mais violenta do Pará


Moradores vivem clima de pânico em Marituba



(Foto: Elcimar Neves)


Muitos moradores das ruas Brasília e Tocantins, que moram no bairro São José, em Marituba, não têm dormido direito durante à noite. Assustados com a possibilidade de terem suas casas invadidas por um grupo que pratica arrombamentos no município, eles amanheceram na Câmara de Vereadores de Marituba para cobrar das autoridades políticas mais segurança.

O grupo dos suspeitos, liderado por João Pablo Venceslau Ferreira, de 24 anos, conhecido pelo apelido de “Pica-pau” possui um número de sete a onze integrantes já conhecidos pela polícia na prática de roubos e furtos. A situação é minimizada pela polícia. Para o diretor da Seccional de Marituba James Souza, “os índices de arrombamentos não são expressivos no município e que tudo que os moradores passam se trata de boataria”.

DE MADRUGADA

Segundo informações dos moradores, os crimes ocorrem geralmente de madrugada, com momentos de tortura aos proprietários das casas, inclusive com agressões a crianças e mulheres. No final, os suspeitos levam todos os bens materiais que encontram nas residências.

ENCAPUZADOS

“Ficamos sabendo que o “Pica-pau está nessas áreas e iria entrar nas casas. Antes de dar meia-noite, dois homens encapuzados passaram de moto na rua Brasília, próximo à rua Tocantins. O carona desceu e ficou andando nela. Foi quando chamamos a polícia e eles mandaram uma viatura que se deparou com eles e começou a disparar contra o que estava na moto. Mas os dois conseguiram fugir: um foi pelo lado do cemitério e o outro na direção contrária”, contou um morador.

POLÍCIA RECONHECE AS DIFICULDADES PARA AGIR

No último caso de violência as horas de pânico que os moradores viveram só terminaram por volta de cinco horas da manhã, quando muitos tiveram que sair para trabalhar. O rodoviário Nivaldo Silva disse que chegou a dormir algumas horas, mas que logo acordou assustado. “Teve gente que ficou olhando tudo do próprio quintal. Acordei as quatro horas da madrugada, mas a maioria das pessoas nem dormiu ou estavam vigiando as próprias casas”, contou.

Idosos relataram que não conseguem mais dormir e que vivem aterrorizadas pelo medo de sofrerem assaltos e agressões. “A gente vive sobressaltado, com medo do que pode acontecer. Não estamos seguros mais nem dentro de casa”, desabafou uma idosa.

Logo de manhã cedo, as pessoas foram até a Câmara de Vereadores de Marituba, onde se reuniram com alguns políticos que prometeram aumentar o patrulhamento da polícia. “Eles disseram que nós vamos ter uma reunião com autoridades políticas, como o prefeito e outros vereadores até a semana que vem. Nós vamos até a Câmara novamente na quinta-feira e se não houver essa reunião que estamos esperando vamos fechar a BR para que sejamos ouvidos”, avisou uma moradora que não teve o nome revelado.

A onda de violência que assombra o bairro São José, em Marituba, já é uma rotina para muitos moradores de outros bairros do município. Raimundo Hibiano, de 62 anos, mora no município há mais de quatro décadas e contou que a violência está por toda a parte de Marituba. “Os assaltos acontecem a qualquer hora do dia, mesmo que seja meio-dia”, disse.

Dados da Polícia Civil mostram que a média de homicídios em Marituba é de sete a oito mensalmente. O diretor da Seccional de Marituba James Souza informou que as pessoas não fazem registros de boletim de ocorrência de arrombamentos. Ele reconhece a dificuldade na captura do principal suspeito dos arrombamentos nos bairros, o “Pica-pau”. “Ele não tem paradeiro. É como se fosse um rato que vive em uma área que é só lama. Fizemos uma operação recentemente junto com a PM e auxílio de helicóptero para combater o tráfico e percebemos as dificuldades de encontrar fugitivos, devido as condições do lugar que dá acesso a um rio e outros bairros como o Distrito Industrial”, detalhou.

(Diário do Pará)

Postar um comentário

0 Comentários