A filha com "espirito de porco"


'Estado cadavérico', diz delegada sobre homem cuidado pela filha


Aposentado foi encontrado em estado avançado de desnutrição.
Caso registrado em Mairinque revoltou equipe médica.
Adriane SouzaDo G1 Sorocaba e Jundiaí


Carlos foi encontrado com vida, mas morreu no
hospital (Foto: Divulgação/Polícia Civil)
A Polícia Civil de Mairinque (SP) ouvirá nos próximos dias novas testemunhas para concluir a investigação sobre a morte do aposentado Carlos Donizete da Silva, de 56 anos. Carlos morreu ao dar entrada no pronto-socorro da cidade na quarta-feira (11), com um quadro avançado de desidratação e desnutrição. "Ele estava em estado cadavérico”, afirma a delegada Simona Ricci Azuino, que investiga o caso.
A filha de Carlos, Karina Elizabete da Silva, de 28 anos, foi presa em flagrante e responsabilizada pela morte do pai, já que era responsável por cuidar dele há dois anos.
Em entrevista ao G1, a delegada afirmou que, na tarde de quarta-feira, Karina chamou o resgate por achar que o pai tinha parado de respirar. Quando a equipe médica chegou, Carlos estava respirando com dificuldade. Ele foi levado às pressas para o hospital, mas não resistiu. O estado em que ele foi encontrado causou revolta em toda a equipe do pronto-socorro. O aposentado estava extremamente magro, sujo e com várias feridas causadas pelo longo tempo que passou na cama.

Recebi a notificação do hospital e enviei uma equipe de policiais civis, que voltaram afirmando que a vítima estava com aparência mumificada. Quando vi as fotos não tive dúvidas da gravidade do caso e decidi prender Karina em flagrante”, diz a delegada Simona.


A médica da unidade de saúde declarou como causa da morte desnutrição e desidratação. “Para mim a médica explicou que a vítima sofreu muito nos dois anos em que viveu com a filha”, diz a delegada, que indiciou Karina por abandono de incapaz qualificado, por ter resultado em morte e abandono material.

Delegada fala sobre caso (Foto: Adriane Souza/G1)

O depoimento
Levada à delegacia, Karina negou o crime e explicou que alimentava o pai todos os dias com almoço, jantar e cafés com bolacha e pão durante o dia. Carlos foi morar com a filha após sofrer um acidente e fraturar a perna. Segundo a delegada, Karina recebia uma pensão do pai no valor de R$ 1,7 mil por mês.


“A filha disse, em depoimento, que deixou o emprego para cuidar do pai 24 horas. Mas o estado dele era de quem não recebia cuidados há muito tempo”, afirma a delegada Simona. A vítima tinha mais uma filha que nunca o visitava.

​Como testemunhas do crime, foram ouvidas a médica, uma enfermeira e a assistente social da unidade de saúde. A Polícia Civil tem 10 dias para relatar o inquérito, que só será concluído após a equipe de resgate e outras testemunhas dos maus-tratos prestarem depoimento. O corpo de Carlos foi encaminhado ao IML de Sorocaba, onde passará por exames de corpo de delito. Se for condenada, Karina pode pegar até cinco anos de prisão.

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