Retrovisor na região

Escrito por Fernando Jares
  

CHALÉS, RURAIS E AVIÕES



OUTROS VERÕES, NAS MESMAS PRAIAS

Esta faixa equatorial privilegiada do planeta Terra vive seu verão, com um sol gostoso, quente, mas não abrasador de outros verões aí pelo mundo, uma chuvinha de vez em quando, de preferência todo dia – antes, pelas três da tarde, agora mais para as 5 – para manter o clima legal. Arma-se de repente, escurece tudo, cai fortona, vai embora logo e lá vem o final de tarde mais agradável do mundo (hoje, por exemplo, ela não caiu...). Tempo de bastante vento, para equilibrar a temperatura.

Enquanto lá pras bandas do sul tem um dia de muito frio, um dia de calor, falta de chuva, etc. a gente tem aqui este tempinho abençoado. Ainda sonho que, um dia, as autoridades do turismo (como? quem?) vão aproveitar este diferencial natural, mas nitidamente mercadológico, para incrementar o fluxo de visitantes... mas isso é outra história.

Temporada de férias. As cidades de veraneio bombando, gente aos milhares. É sempre assim, ano após ano, desde os tempos em que nem eram tantos milhares como hoje. Olhando para as fotos de Salinas, Mosqueiro, hiperlotadas, publicadas nos jornais, decido dar uma olhada nas minhas pastas pra ver o que tinha por lá. Daí, captei estas fotos:

OS CHALÉS DE SEMPRE




Esta primeira eu peguei na caixinha de fotos do papai. Foi feita por ele, com certeza, em Mosqueiro, que ele gostava, e o carro deve ser dele. Pelas descrições de família, ele teve algo assim, quando era jovem. Portanto, a foto é aí dos anos 1940. E lá está, ao fundo, um dos belos chalés mosqueirenses, marca visual da ilha há tantos e tantos anos – que agora estão derrubando sem qualquer controle. Infelizmente ele não tinha o hábito, saudável, de colocar as datas nas fotos. Hoje não precisa mais, tá tudo gravado no arquivo digital da dita cuja... Fica aí esse belo registro das férias de julho em outros tempos.

AS RURAIS DE SALINAS




Esta é fácil de reconhecer, não é? Uma Rural, umas garotas e o velho farol salinense. Essa foto aí foi publicada na revista Mensagem, de julho de 1965. A revista circulava mensalmente pelas ruas de Belém e era dirigida por Alfredo e Altino Pinheiro. Leia aqui a legenda, tal e qual foi publicada nessa revista:

“Neste veraneio de julho, em Salinas, quanta gente se serviu de uma Rural Willys? Eram dezenas, centenas, que cortavam a estrada rumo a Salinas, de noite e de dia, conduzindo gente, conduzindo mantimentos, conduzindo tudo o que fosse necessário ao bem-estar de quantos lá foram fazer pousada durante o mês. Ela voava; num piscar de olhos estava em Salinas, noutro piscar chegava a Belém. E num trecho de areia, sob a limpidez azul do céu iluminado pelo sol de verão, a Rural Willys faz até cenário para a presença de moça bonita enfeitando a paisagem do velho farol de Salinas.”

Com toda essa ruralização, quem vai gostar do post é o jornalista Miguel Oliveira, de Santarém, que anda todo feliz porque comprou uma Rural 1969 e agora vai para seus sagrados fins de semana em Alter-do-Chão, reeditando esses velhos tempos. É um privilegiado.

PRA SALINAS, VAI-SE DE AVIÃO




Naqueles idos de 1965 os mais mais financeiramente podiam ir de avião para Salinas, gozar as delícias do chique balneário. E olha que a famosa “casa do governador” ainda não tinha sido construída. Veja os “avuadores” em foto publicada nessa mesma edição, de junho/1965, da revista Mensagem, e leia parte do texto da legenda:

“Já foi, oficialmente, reinaugurada a pista de pouso de Salinas. No domingo, 18 de julho, uma caravana de membros do Aero Clube esteve na cidade atlântica e lá, na presença do representante do Governador do Estado, o sr. Lamartine Nogueira, Secretário de Estado de Interior e Justiça, foi reaberto oficialmente o campo. Um trabalho intenso de terraplanagem foi realizado pelo Governo do Estado, em colaboração com a Prefeitura Municipal de Salinas, e o campo já pode receber aviões. Naquele dia, cinco aparelhos pousaram ali e provocaram uma grande festa entre os moradores da cidade, que há muito não viam cena como aquela.”

A revista sugere que seja feito um isolamento do terreno, pois pela pista andam “animais, pedestres e até caminhões e ônibus.” Para recordar: o governador da época era Jarbas Passarinho.

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