ENEM II


NOTA VERMELHA NA EDUCAÇÃO

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Os resultados do Enem – Exame Nacional de Ensino Médio – divulgado essa semana são extramente preocupantes. A média geral, na melhor escola do País, num universo de 10.076 escolas, foi de 737,1. Nenhuma escola alcançou o que seria um dez ou o conceito Excelente. A média nacional das escolas particulares foi de 569,2. Já na rede pública, a média nacional foi de 474,2. Aloísio Mercadante, ministro da Educação, usou um jogo de palavras para amenizar a situação ao dizer que “o Enem não é um ranking das escolas. O exame avalia os alunos”.Disse ainda que as escolas no Brasil são abertas, sem seleção. Ou seja, se houver seleção, a escola pode melhorar, como se o aluno não fosse o sujeito da escola. A relação divulgada é das escolas e não dos alunos.
Poucas são as escolas públicas entre as cem melhores do País. É um alerta que o governo não pode ignorar porque é o dinheiro público investido na educação das pessoas que não podem escolher entre as melhores escolas particulares para estudar.
Quanto ao Pará, fico feliz por ser pública a melhor escola do Estado. É a Escola Tenente Rego Barros, onde meus filhos Jader e Helder estudaram. Por outro lado, verifico que a melhor escola do Pará ocupa o 322º lugar no ranking brasileiro. A segunda melhor escola do Pará está no 372º lugar; a terceira no 502º e a quarta melhor escola paraense está em 1.018º lugar. Fortaleza tem a quinta melhor escola avaliada; Teresina a sexta, e até escola do interior da Bahia (Feira de Santana) está entre as vinte melhores escolas do País. Ou seja: as escolas do Pará não estão nem entre as primeiras trezentas. Sem se dar conta, houve escola em Belém que comemorou a adversa realidade. O Enem revela ainda que escolas tradicionais particulares perdem para muitas escolas públicas, mas mostra um assombroso número: das 50 piores escolas do Pará, 42 são públicas.
Não estabeleço críticas aqui. Vim de escola pública e tenho orgulho de ter estudado no Colégio Paes de Carvalho. Foi o conceito da Escola Rego Barros que me levou a fazer parceria com o Ministério da Aeronáutica, com a Escola da Celpa, da Ufra e também da Polícia Militar quando fui governador. Eu me preocupo, assim como as pessoas ligadas à educação, seja particular ou pública, é com que tipo de aluno as nossas escolas estão preparando. Eu não acredito que a simples aquisição de computadores vá resolver os graves problemas. A questão que está posta é o aprofundamento do saber e da informação. A política de bolsa é a mesma de pronto-socorro. Muito já se falou que os alunos pobres vão à escola só por causa da merenda escolar. Não posso concordar com isso porque seria fácil demais. Era só colocar merenda na escola e tudo estaria resolvido. Também não basta apenas abrir escolas e dizer que há estudantes matriculados. As pessoas vão à escola se preparar para o futuro, e é desse futuro que depende toda a sociedade, porque depois do ensino médio vem o ensino universitário, e o Brasil também não anda bem das pernas no ranking mundial das melhores universidades. Nós somos um País de bacharéis, onde a maior parte de vagas do ensino superior está destinada à área das Ciências Humanas, quando o mundo precisa de engenheiros, precisa da engenharia em geral. O mundo avança todo dia no nível científico e tecnológico e o nosso País precisa ser competitivo.
Todos os países que foram capazes de superar grandes dificuldades, crescer e oferecer à sua população uma vida melhor – Japão, Alemanha, China e Coreia do Sul são exemplos recentes – escolheram o caminho da educação, da formação profissional de qualidade. O resultado do Enem tem muito material para dizer onde estão os gargalos e o que nos falta para melhorar a qualidade do nosso ensino.
JADER BARBALHO*Texto originalmente publicado no Jornal Diário do Pará no dia 25 de Novembro de 2012.

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