Madame Lucila III


Como é sabido, Madame Lucila adora uma fofoca. Passa horas tricotando com suas comadres a vida alheia e é especialista em criar “conversinhas” com o objetivo de atingir a reputação das pessoas e, detalhe, por puro gosto, talvez até sinta prazer no que faz. Sua tarefa maior é dedicar seu tempo a semear discórdia, não gosta de ninguém sossegado, principalmente, seus familiares, vive encontrando um jeitinho de “aperriá-los” o máximo possível, mesmo que para isso tenha que jogar no lixo os escrúpulos, a ética, o respeito. Aliás, os citados conceitos não fazem parte do dicionário da madame.
Madame Lucila nunca foi querida quando trabalhava - antes de se aposentar, até nas repartições onde perambulou em Belém, tinha mania de criar “pasquins” com fofocas e “espetadas” para atingir a honra das pessoas, a madame destila veneno de todo jeito, não mede caráter e outros princípios e é contumaz na prática da chantagem e cálunias. Um dia teve um grande desejo – queria ser a dona da lua, vivia sonhando, traçando planos mirabolantes, então percebeu que pra ser a dona da lua, deveria roubar primeiro as estrelas, tem horas que gente que convive com a madame pensa que ela tem “uma rainha na barriga”, ela gosta de ser a “rainha da cocada preta”. Madame Lucila não tem luz própria, roubou um pouquinho do brilho de outros, sobrevive da sobra de claridão vinda de outros, antes de ver a luz, ninguém prestava atenção na sua pessoa, era uma grandiosa anônima, marcada por uma carreira pequena. Madame tem sede de vingança, tem ódio no coração, deseja ser a “vingadora das sombras”, tem a marca do mal visível na testa e hoje vai seguindo sua vida criando fofocas, plantando fofocas, cuidando de fofocas e que certamente colherá fofocas. 

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