Como é sabido, Madame Lucila
adora uma fofoca. Passa horas tricotando com suas comadres a vida alheia e é
especialista em criar “conversinhas” com o objetivo de atingir a reputação das
pessoas e, detalhe, por puro gosto, talvez até sinta prazer no que faz. Sua
tarefa maior é dedicar seu tempo a semear discórdia, não gosta de ninguém
sossegado, principalmente, seus familiares, vive encontrando um jeitinho de
“aperriá-los” o máximo possível, mesmo que para isso tenha que jogar no lixo os
escrúpulos, a ética, o respeito. Aliás, os citados conceitos não fazem parte do
dicionário da madame.
Madame Lucila nunca foi querida
quando trabalhava - antes de se aposentar, até nas repartições onde perambulou
em Belém, tinha mania de criar “pasquins” com fofocas e “espetadas” para
atingir a honra das pessoas, a madame destila veneno de todo jeito, não mede
caráter e outros princípios e é contumaz na prática da chantagem e cálunias. Um
dia teve um grande desejo – queria ser a dona da lua, vivia sonhando, traçando
planos mirabolantes, então percebeu que pra ser a dona da lua, deveria roubar
primeiro as estrelas, tem horas que gente que convive com a madame pensa que
ela tem “uma rainha na barriga”, ela gosta de ser a “rainha da cocada preta”.
Madame Lucila não tem luz própria, roubou um pouquinho do brilho de outros,
sobrevive da sobra de claridão vinda de outros, antes de ver a luz, ninguém
prestava atenção na sua pessoa, era uma grandiosa anônima, marcada por uma
carreira pequena. Madame tem sede de vingança, tem ódio no coração, deseja ser
a “vingadora das sombras”, tem a marca do mal visível na testa e hoje vai
seguindo sua vida criando fofocas, plantando fofocas, cuidando de fofocas e que
certamente colherá fofocas.
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