Violência no Marajó

Nota do Blog: Tem sido corriqueiras as matérias na imprensa sobre fatos que envolvem a revolta de populares diante da insegurança que reina no estado do Pará. É lamentável que o despreparo de alguns policiais militares culminem para tragédias como a acontecida durante a maior festa de São Sebastião - uma agradável cidade marajoara. Lamentável mais ainda foi a reação de alguns vândalos que de um momento passam de simples cidadãos para gladiadores e atacam prédios públicos, depredando-os geralmente com incêndios. Cada prédio público tem um pouco do nosso dinheiro como contribuinte - a delegacia e o prédio da policia militar não foram construídos somente com impostos dos cidadãos boavistenses, mas, sim, com o dinheiro de todos que habitam o Pará e o Brasil.
A justiça, o caminho legal existe para que se resolvam as situações da sociedade, não é pregando mais violência que chegaremos a estado pleno de cidadania.



Revolta em São Sebastião da Boa Vistaset11

A moto pegando fogo e o predio incendiado
Era pra ser um final de semana de festa, na cidade marajoara de São Sebastião da Boa Vista. A cidade já vivia a movimentação do 26° Festival do Açai com pessoas chegando das cidades próximas e, principalmente de Belém, onde reside um grande número de boa-vistenses. Mas um fato trágico mudou o cenário de festa.
Devido ao grande número de pessoas participando do festival, a Policia Militar contava com um grupamento de reforço, deslocado de outras cidade, pelo comando do Batalhão localizado em Breves. Uma ocorrência policial, considerada comum, alterou totalmente o clima da cidade. Elielson de Matos Barbosa, 27, teria sido detido pela guarnição militar, por volta das 17h, do sábado, 10, acusado de ter espancado sua companheira, porém, a detenção do rapaz, num fato ainda não esclarecido culminou com a sua morte de maneira estranha.
Segundo relatos de moradores locais, o rapaz já estaria dominado pelos policiais militares, quando uma discussão entre o acusado e um dos militares provocou tensão. O rapaz, em visível estado de embriagues, teria passado a ameaçar o militar, tentando fugir, mesmo algemado. Um primeiro tiro teria sido dado pelo militar na tentativa de conter a fuga. Após este primeiro tiro, seguiu-se uma discussão que culminou com um tiro, deflagrado pelo militar, ainda não identificado, na cabeça do rapaz, provocando-lhe a morte.
Elielson ainda teria chegado com vida ao hospital municipal, porém não resistiu e faleceu logo em seguida. Parte de tecido cerebral do rapaz ficou exposto na rua em frente ao quartel da PM, onde moradores iniciaram uma aglomeração que avançou para a revolta. Cerca de 400 pessoas iniciaram um apedrejamento do prédio, com o militares ainda dentro. O número de pessoas aumentava e os ataques ficaram cada vez mais violentos contra o prédio. Até que ouviu-se vários disparos de carma de fogo. Eram os militares abrindo caminho para saírem da cidade, com temor de serem linchados.
Os tiros dados pra cima assustaram os manifestantes que correram e abriram espaço para a fuga dos militares. Alguns teriam sido atingidos pelas pedradas e estavam com ferimentos leves pelo corpo. Eles esconderam-se em vários pontos da cidade. Alguns chegaram a ficar dentro dágua por horas, aguardando a chegada do reforço que estava sendo providenciado pelo comando.

A Delegacia onde os presos foram soltos
Enquanto isso, os manifestantes protestavam a morte do rapaz que também era conhecido, na cidade como Tinga. Ele trabalhava embarcado e tinha muitas amizades entre os trabalhadores do porto. O protesto tornou-se mais violento. Duas motos foram incendiadas em frente ao quartel da policia militar e o prédio totalmente saqueado e ateado fogo. Um grupo de Bombeiros Militar, presentes na cidade para a segurança do Festival, foi acionado para conter as chamas que ameaçava alastrar-se para as residências vizinhas.
Os manifestantes, após terem saqueado o quartel da PM, foram em direção a Delegacia de Policia Civil. Lá voltaram a promover o apedrejamento e invadiram o local para libertar os presos. Imediatamente o saqueamento foi realizado. Computadores, ventiladores, armários, pertences pessoais dos policiais e vários outros equipamentos foram roubados ou destruídos. Uma moto pertencente ao serviço judiciário foi incendiada em frente ao fórum da cidade.
Na praça onde estava ocorrendo a programação do festival, os manifestantes chegaram dando ordem para parar o som, tentando subir no palco. Os equipamentos foram desligados sob ameaças. Ninguém queria reagir contra os manifestantes. As bandas que preparavam-se para a apresentação da noite, recolheram seus equipamentos e foram direto para o navio onde estavam hospedados, temendo o pior.
O Prefeito da cidade, Getúlio Brabo, permaneceu no prédio da Prefeitura do Município, aguardando a chegada do reforço policial. Todos temiam pelas suas próprias seguranças, devido ao clima de revolta. Muitos moradores criticavam a ação dom policial e lamentavam a morte do rapaz. Porém, poucos apoiaram a ação de quebra-quebra nos prédios e principalmente a libertação dos presos, alguns homicidas, traficantes e arrombadores. ‘É uma vergonha pra nossa cidade o que esses homens estão fazendo. Onde já se viu querer justiça soltando traficantes?” questionava um senhor na frente de sua casa enquanto a esposa chamava as crianças para dentro, com medo de mais confusão.
Somente por volta das 4h de domingo o reforço policial chegou a São Sebastião da Boa Vista. Pela manhã os homens estavam ocupando pontos estratégicos da cidade e hilicopteros foram deslocados para a cidade para auxiliar no controle e na busca pelos lideres da manifestação. O comandante Geral da Policia Militar do Pará, CEL PM Mario Alfredo Souza Solano, chegou cidade para acompanhar, de perto todo o trabalho de seus militares, junto com ele chegou também o Delegado Geral de Policia Civil Milton Athaide.
Ele reuniu, logo que chegou, com o Prefeito do município e deu as primeiras orientações para a retomada do controle da cidade e varredura de dados que identificasse os responsáveis pelos saques e destruição dos prédios públicos.

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