-- ENSEADA --
As pessoas que vivem ou viveram em Santarém Novo quando crianças e adolescentes devem lembrar dos banhos, uns 60 anos atrás, na enseada que fica na entrada ali da orla, por trás do atual Complexo do Caranguejo, onde se realiza o tradicional Festival do Caranguejo do município.
Pela morfologia do terreno, essa enseada ia até pelo menos a lateral da famosa "ladeira", que desce em frente à Capela de São Sebastião.
Com a construção do ginásio "Rogerão", e da hoje despedaçada orla, foi desmatada uma área florestada que ficava ali, ainda que não fosse densa. Tombou com essa área a grande mangueira, que ficava onde hoje seria a lateral esquerda do ginásio, aproximadamente. A enseada, por sua vez, já não existia mais, provavelmente resultado da redução da vazão do Rio Maracanã, já sob influência da redução do volume de pluviosidade.
Esses processos se relacionam com as construções acima citadas, fazendo com que a lama que sobressai na maré seca tenha uma faixa maior em direção ao rio, indicando um processo de assoreamento persistente que é potencializado pelo que consta na foto 1, que mostra queimadas na inclinação que fica por trás do cemitério. Esse processo tem uma característica recente não só de aumento de mangue "de terra firme" (mais seco) nas margens do rio, mas também o avanço do mangue em direção à área de piçarra que fica perto do trapiche menor ("Portinho").
Um sonho seria a construção nas laterais do atual parque do caranguejo que já foram enseadas de pontes de madeira, o que seria um atrativo extraordinário e ambientalmente mais sustentável e efetivo que meter concreto para a maré destruir. Há sinais preliminares de um certo avanço da água na área que era enseada e secou, num balanço quem sabe contraditório do assoreamento e mesmo do avanço do nível do mar. Mas isso demorará muito mais tempo para se ter uma noção.
Esses processos contraditórios de avanço da vegetação (mangue perto do portinho, enseada...) também está na cabeça do Cristo que fica no altar situado no horizonte da Praça da Matriz.
Não sou nenhum especialista em geografia física, mas compartilho esses comentários como memórias conjuntas que minha mãe me conta, assim como outros mais velhos, e também análises do melhor aproveitamento da orla da cidade.
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