Murinin Guerreira é o EP de Rosis Gama que será lançado no próximo dia 31 nas principais plataformas digitais
Rosineide Gomes da Gama, a Rosis Gama, nasceu no município de Marituba, mas foi acolhida e criada no distrito de Murunin, município de Benevides, bem em meio à Amazônia.
A menina que canta suas raízes
Rosineide Gomes da Gama, a Rosis Gama, nasceu no município de Marituba, mas foi acolhida e criada no distrito de Murunin, município de Benevides, bem em meio à Amazônia.
Psicopedagoga, Escritora, Compositora, pós-graduada em gestão e coordenação escolar e ainda com formação técnica em radiologia médica e diagnóstico por imagem, resolveu trilhar outros caminhos também para aflorar sua arte e musicalidade e por isso vem se destacando na educação e cultura.
A história que inspira
Chegou no distrito de Murinin, em Benevides-PA, pelo Rio Paricatuba, ainda pequena, e foi acolhida e criada por MURININ, grande parte da infância num lugar chamado "São José", encantador, na ilharga da natureza, entre umarizeiros, cupuaçuzeiros, palmeiras de tucumã, bacaba, buriti, açaí e diferentes espécies de pássaros, flores e peixes...enfim, o que há de melhor na Amazônia. "A escola era distante e não me recordo a idade que cheguei, mas acredito que tinha entre 9 a 10 anos de idade, também não lembro quando comecei a ler, mas recordo que já sabia ler e escrever, devido a necessidade de uma escola para meus irmãos, apesar de ser criança, percebi essa necessidade, improvisando uma escola provisória em meio as grandes e frondosas árvores, ao ar livre, para alfabetizar meus irmãos e sem algum recurso financeiro, ou ajuda, não tínhamos materiais escolares, porém, coletava elementos da natureza ao nosso redor como: pedras (rochas de argilas), pedras de carvão - que coletava de gravetos que foram queimados na floreta e usava como giz para escrever na lousa improvisada de tabuas usadas e trazidas pelas águas do rio Paricatuba -, folhas secas, gravetos, flores, folhas verdes, sementes de açaí, extraia tintas das flores e a cola da jaqueira, tudo isso para fazer educação. Nossa! e foi assim que alfabetizei meus irmãos menores, inclusive, a mana surda, numa época em que inclusão ainda era um conceito distante da gente, o que certamente me deixa mais orgulhosa ainda. Não posso deixar de registrar que essa maninha surda foi aprovada anos depois no curso de Letras da Universidade Federal do Pará. Portanto, Murinin é um lugar mágico, ACOLHEDOR, que faz parte da minha infância, e é exatamente dessa experiência que vem minhas inspirações para as músicas, o amor pela criação de DEUS, onde ele nos dá tudo o que nós precisamos para a sobrevivência aqui na Terra e também uma experiência vasta em alfabetizar crianças com o mínimo de materiais, valorizando nossos frutos, nossos vinhos .... a música 'Vinhos Marajoaras' leva uma mensagem de preservação, valorização e a importância dos elementos da natureza para vida". Disse ao Blog
O que já fez a menina guerreira?
Livro publicados: Cabelos de bolinhas: A MENINA COR DE CHOCOLATE DE BRIGADEIROS
1 ª EDIÇÃO
CABELOS DE BOLINHAS: 2 ª EDIÇÃO EM ANDAMENTO com lançamento previsto para março de 2024.
MÚSICAS
LANÇAMENTO EP MURININ GUERREIRA dia 31 de janeiro em todas as plataformas digitais e com as músicas - Murunin Guerreira, Como um toque de mágica, Berço da Liberdade, Cabocla de pé no chão e Vinhos Marajoaras.
Sim, o Blog do Ícaro não poderia perder a oportunidade de levar aquela prosa com uma compositora, cantadora, fazedora de cultura e que pratica os saberes da educação e os sabores de nosso Pará. Claro, tem entrevista. Confira...
Ø Conte-nos como tudo começou. O Murunin de Benevides é um berço cultural?
Ø Murinin é um distrito do município de Benevides que fica no estado do Pará- BRASIL onde seu nome traz uma história linda de uma mulher guerreira indígena chamada Murinin, que não posso deixar de mencionar sobre a música que compus em homenagem a essa mulher. Benevides é um município que fica no coração da Amazônia com vastas riquezas de história e patrimônios culturais inexplicáveis, pois, é considerada o berço da liberdade, devido os movimentos abolicionistas que aconteceram na época da escravidão no Brasil, Benevides foi a primeira colônia do norte a libertar seus escravos e a segunda do Brasil, portanto, Benevides é considerada uma Mãe acolhedora, Mãe libertadora, Berço da Liberdade, A Terra da liberdade, dessa forma. Baseado na leitura do livro de José Leôncio Siqueira nasceu a música Berço da liberdade, que já se encontra hospedadas nas plataformas digitais, e a cada dia leva essa linda história para outros municípios e estados, criando asas - como diz a canção - levando a liberdade e contanto a história de Benevides por meio de Rosis Gama..
Ø Quando você descobriu sua música, seus ritmos, sua pegada cultural?
Ø Descobri a música ainda criança, brincava de cantar na frente de montes de folhas secas, imaginando um palco que surgiam fumaças como efeitos naturais ( risos) ..... Meu microfone era um pedaço de galho e o público meus irmãos e as árvores. No entanto, na fase adulta descobri os ritmos exponenciais da cultura do Pará, através do meu irmão Belmiro Gama - Aliás, Belmiro já esteve em postagem aqui no Blog em novembro de 2017 (https://www.icarogomes.com/2017/11/galeria-duas-pessoas-no-blog.html)- que contribuiu para essa pegada regional, já que ele foi trabalhar no centro de Belém e relatava para nós menores sobre as belezas da capital paraense, Belém do Grão Pará, sua cultura e ritmos como o carimbó, porém, me interessei pelo violão logo quando minha mãe morreu. Eu era a nona de 14 irmãos, por não ter ainda maturidade fiquei desesperada com a perda da mãe, queria parar de frequentar a escola, pois naquela época eu não tinha estrutura de voltar para a escola sem minha mãe. Foi quando a minha professora da época, professora Edna Lima, me incentivou levando toda a turma para me visitar e assim ela conseguiu me levar de volta à escola, onde ela já tinha percebido o meu gosto pela arte e fez um convite que marcou minha vida na música, como terapia, levou-me para casa dela e me ensinou as primeiras notas de violão, lembro muito bem, embaixo de uma árvore chamada de jambeiro, hoje tenho consciência que como professora ela me levava e me incentivava a tocar violão para aliviar a falta que minha mãe fazia, obrigada professora Edna Lima! Então, depois comecei a cantar e tocar na igreja, conheci o ritmo do carimbó, história e cultura da Amazônia, aqui no estado do Pará, então comecei compor, só que o encanto era maior pelas letras que contavam as vivências marajoaras e nossa vida simples, sempre valorizando os pescadores, frutos e rios, então essa cultura trouxe uma riqueza e inspiração para compor minhas músicas, misturando o carimbó, indígena e o reggae, inclusive a minha primeira composição com esse ritmo que ainda não foi lançada foi escutada por Lucinha Bastos, onde identificou radicalmente o ritmo do carimbó e nesse ritmo escrevi mais duas músicas : Cabocla de pé no chão e Vinhos Marajoaras.
Ø Quais sãos as maiores referências e inspirações para suas composições?
Ø Minhas maiores referências são: Lucinha Bastos, Lia sophia, Nilson Chaves, Joelma, Rosy Valença e todo esse conjunto que rege a cultura paraense, minhas maiores inspirações são a a natureza, a criação de Deus, os ribeirinhos, pessoas simples e batalhadoras, a história da humanidade e os três movimentos - carimbó, indígena e reggae, porém, pretendo lançar um EP com músicas românticas e motivadoras estilo MPB.
Ø Seus vídeos têm mesmo essa pegada regional, de valorização das coisas da Amazônia, é um caminho comercial?
Ø Sim, algumas das minhas músicas falam muito da Amazônia paraense, valorizando nossa cultura, nossos frutos, matas, rios e apontam o meio ambiente como uma grande fonte de riqueza do estado do Pará, bem como, nossa incrível culinária criativa, conta também histórias e acontecimentos que estão relacionados a memória do povo amazônico. Além das variedades de ritmos regionais compondo a pegada dançante.
· A música paraense tem buscado espaço, o melody e o batidão têm sido acolhidos pelos grandes centros musicais. Você pode recorrer a estes ritmos?
Ø Sim, na verdade minhas músicas já englobam a maioria dos ritmos do norte e melody é uma mistura regional que surgiu no estado do Pará, portanto, brega, tecnobrega e carimbó são misturas interessantes e valiosas. O melody traz um ritmo mais romântico e breve estarei gravando músicas românticas que estão na minha gaveta há mais de 10 anos, acredito que a partir delas continuarei levando uma mensagem de amor e estímulos para casais.
Ø Interessante que recentemente uma música bem regional, do mestre cultural Ronaldo Silva, foi remixado pela dupla americana Sofi Tukker, ganhou de cara 12 milhões de views na internet. A música chama “Rodopiado”, Na sua visão nossos ritmos são bons e necessitam de que para ganhar o mundo?
Ø Nossos ritmos tem um toque diferente e único, são ritmos bons e para ganhar o mundo precisa ser mais valorizado pelos governantes e engrandecidos pelos agentes e amantes da cultura, para que cheguem a população, através de mais incentivos, oportunidades, apoio, projetos. Haja vista que assim como o alimento é importante para o corpo, a música que expressa nossa identidade, oferta instrumentos para a saúde mental.
Nota do Blog:
A experiência da artista Rosis Gama ultrapassas a fronteira e ganha os rios de saberes e fazeres da educação. Como é educadora na rede de ensino de Benevides, acabou por levar toda a musicalidade para as escolas. Hoje, alguns educadores da rede já usam as suas músicas em planejamentos e projetos escolares,
4 Comentários
Obrigada por compartilhar um pouco da minha história, levando nossa cultura e valorizando nossa floresta como fonte de vida, parabéns pelo lindo trabalho
ResponderExcluirLinda história, Benevides em destaque parabéns pela matéria excelente
ResponderExcluir👏👏👏👏👏😊😊
ResponderExcluirParabéns ❤️
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