O saudoso Elizel Nascimento escreveu em 2017 sobre o Casarão do Anizio



O CASARÃO, ESCOLA E ASSOMBRAÇÃO


O lendário maracanaense registra que acima da ladeira do porto do “Tiro-e-Queda”, o comerciante, político e promotor público, Anízio Antônio Dias, deu por concluído a construção de seu casarão, em 1890. O prédio apresenta paredes de pedra e cal, azulejos na fachada da frente, abajures no alto do telhado, remanescentes dessa época. Anízio Dias morreu em 1898, recebendo como homenagem o nome de uma travessa que se inicia naquele endereço e deixou o prédio, que também foi escola, para sua mulher de nome Maria Romana.

Um manuscrito no Cartório de Maracanã confirma:” Saibam que no ano de mil oitocentos e noventa e oito, aos 28 dias de setembro, na residência de dona Maria Romana Dias, onde eu tabelião fui, e perante as testemunhas, (...) a referida viúva, aqui outorgante, nomeou e constituiu seu bastante procurador na capital do Estado, o major Luis Nery da Cunha Melo, especialmente para receber junto ao Tesouro de Rendas Públicas do Estado, os aluguéis da casa que lhe pertence por falecimento de seu marido (...), onde funciona uma das Escolas de Segunda Entrância nesta cidade, regida pelo professor Pedro Martins Tavares da Costa...”



Sobre o casarão prevalece na oralidade popular, o seguinte conto sobrenatural: "Ali se hospedou na véspera do Círio, um romeiro e devoto de Nossa Senhora, procedente de Belém. À noite, o visitante pendurou sua rede na varanda, ouvindo uma bandinha que tocava marchas e dobrados na praça (não muito distante), até que adormeceu. De repente, acordou assustado, e viu uma mulher à sua frente, a qual o recomendava baixinho – “Aqui tem um pote de joias enterrado que desejo te entregar”. A mulher de cabelos louros e longos, balançava um colar brilhante, brincos, pulseira e um anel no dedo. A cena imobilizou o romeiro e travou seu grito de socorro. Apesar da insistência da mulher, pedindo que o hóspede fosse arrumar ferramentas para cavar o local do pote, o mesmo se manteve indiferente e paralisado. Finalmente, a “visagem” desapareceu num “piscar de olhos”. O romeiro deu o alarme, agradeceu os moradores, arrumou sua mochila e desapareceu na rua da Beira-Mar, no rumo do trapiche.

Naquela época o transporte para Belém era de canoa à vela. Até hoje, está enterrado ali o “tesouro”, mas para retirá-lo só quem for escolhido pela “visagem”, diz Valdete que ainda mora no local.


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