A travessia de tia Helena de Ponta de Pedras, na Ilha do Marajó



Quem chega em Ponta de Pedras, bem no trapiche, na ilharga do rio Marajó-Açu, já avista a Igrejinha matriz da cidade com a inscrição: "Bem vindos e vejam que as pedras que somos, não estão de ponta, mas ligadas entre si". É a pura verdade. A gente marajoara é acolhedora, gentil e de alegria impar. E foi assim que também coloquei os pés na bela do Marajó, a sede da Diocese, a igrejinha com coreto e tudo é apenas uma na terra que tem catedral. Lá já foi Itaguari e entre as mangabeiras, nasceu o escritor Dalcidio Jurandir, que pela importância de sua obra, tornou-se até nome da escola.

E nos caminhos do trabalho fantástico da educação fui encontrando gente e mais gente. Entre tantas pessoas, o Rony Noronha, um caboclo mix, que sabe fazer de tudo: comunicador, pintor, técnico de futebol, prosador, um gentleman. E no seu cantinho fui levado pelo advogado Edgar Maia, eis que conheci o melhor frito de vaqueiro do Marajó, sob os cuidados da mãe de Rony, tia Helena. Eita, que a alegria pousou ali e fez morada, a simpatia até pegou a carona e por lá também ficou.

Mais, eis que Deus precisa dos bons e tia Helena fez sua travessia e o filho Rony Noronha escreveu: 

"Hora era minha mãe

Hora era minha amiga

Hora era minha filha
Hora era irmã e ate com brigas, como dois irmãos adolescentes.
Para os amigos , chamada por todos de TIA HELENA
Minha Mãe
De todo amor que sinto
a maioria foi tu que me deu,
e com os cuidados teu
e sempre com Deus que nos concebeu.
Se Deus lhe chamou , que seja da vontade dele
mas me olhe de onde a senhora estiver,
porque filhos voam , mas a mãe nunca abandona.
Nossas vidas dependem da sua alegria, da sua força,
me mostre pra onde ir agora sem a senhora.
Hô meu pai , convoque São Sebastião , de quem ela tanto aqui seguiu
Diga à ele que está chegando a sua devota , a nossa rainha ,
que limpe o salão, pois vai chegar o melhor frito de vaqueiro com
muita alegria,
avise nosso pai , o Ciroca , parentes e amigos que já se encontram por aí.
«Ó meu pai do céu , limpe tudo aí
vai chegar a rainha
precisando dormir
Quando ela chegar
Tu me faz um favor
Dê um manto a ela
Que ela me benze aonde eu for»

Bença mãe!

Bem inspirado em Maria Gadu, que interpreta o hino para partida daquelas que são nossa companhia em todas as circunstâncias, Rony se despediu de sua mamãe. Lá embaixo, no rol de tantos comentários dos amigos e chegados, também escrevi: "Meu amigo Rony, Sumana tia Helena, virou pluma de Samaúma no maravilhoso sopro de Deus. Meus sentimentos à você e família. Certamente, o Céu em festa ganhou o melhor frito de vaqueiro do Marajó. Descanse em paz, após uma bela existência no meio da AmazÔnia, onde por si só, já nos sentimos no céu".

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