O vasto nordeste paraense e seus eternos problemas


Por Jece Cardoso




Em função da dimensão e acesso, o Estado do Pará é dividido em seis mesorregiões, a do nordeste paraense tem 49 municípios, agrupados em cinco microrregiões: Bragantina, Cametá, Guamá, Salgado e de Tomé-Açu. Estima-se que mais 2 milhões pessoas moram nessa referida mesorregião.

Destes municípios que integram o território do nordeste paraense, pode-se citar como mais antigos e de grande destaque: Bragança fundado em 1613, Vigia em 1616 (seis dias antes da fundação de Belém), Maracanã em 1652, Ourém em 1727 e de São Domingos do Capim, criado em 1755, sendo que a partir do desmembramento destas municipalidades é que passaram a surgir outros municípios que hoje compõem o referido território do nordeste paraense. Podemos, portanto, identificar dois grandes ciclos de ocupação territorial, um que remonta aos tempos de colonização portuguesa, quando surgiram os primeiros municípios, os quais decorreram das expedições dos portugueses ao longo dos rios Guamá e Capim, com situados nas regiões de integração estaduais dos referidos rios, e na região de integração do rio Capim, com expedições ao rio Acará; o segundo ciclo de ocupação ocorreu com a construção das grandes rodovias que cortaram o território nas décadas de 60 e 70, como a BR-010 (Belém-Brasília), a BR-316 (Pará-Maranhão) e a BR-222 (que liga a BR-010 a Marabá), pois com essas grandes obras, houve um fluxo migratório de outros Estados ao longo das rodovias, onde acabaram surgindo pequenas vilas que deram origem aos atuais municípios.

Uma região de muita imigração, principalmente de europeus, japoneses e nordestinos, miscigenando estes com os nativos da região e dando a peculiaridade de sua gente.

Região que se desenvolveu, como quase todo Pará, sem o mínimo de planejamento; as áreas foram ocupadas e os imigrantes se estabelecendo. E nesse contrapé da história de ocupação do nordeste paraense, muitas localidades se desenvolveram, outras ainda até hoje se arrastam para o progresso. Castanhal, por exemplo, que é o elo com a região metropolitana, cresceu e de certa forma se urbanizou, contudo hoje, sua população sofre com os problemas parecidos com os de Belém: violência em função do desemprego e das drogas, caos na saúde, mobilidade urbana e outras agruras sociais que só se agravam. Por outro lado, municípios que não têm o desenvolvimento da “Cidade Modelo”, têm problemas sérios na saúde, educação, infraestrutura, e a violência em função do tráfico de drogas rondam estes menos abastados municípios. Concórdia do Pará, por exemplo, com pouco mais de 30 mil habitantes apresenta um dos maiores índices de delinquência em função do tráfico de drogas, onde sobrevive do FPM e sua gente da agricultura de subsistência. Nesse rol de alta violência se poderia enumerar também os municípios de Igarapé-Miri, Abaetetuba, Moju e Barcarena.

Sem contar, que a falta de oportunidades nos municípios de menor renda e que têm como característica econômica a agricultura de subsistência, leva o êxodo, na busca de oportunidades e serviços que nos seus de origem não oferecem. Na verdade, a diferenças regionais não estão somente nas regiões brasileiras: norte, nordeste e sul e sudeste de nosso país, mas internamente em cada uma das menores regiões dos estados brasileiros. Regiões e municípios que se arrastam com muita desigualdade para o progresso, com um desenvolvimento sem planejamento e com desconformidade ao potencial de cada um.

MUNICÍPIOS QUE COMPÕEM O NORDESTE PARAENSE
Abaetetuba, Acará, Augusto Corrêa, Aurora do Pará, Baião, Bonito, Bragança, Cametá, Cachoeira do Piriá, Capanema, Colares, Concórdia do Pará, Curuçá, Garrafão do Norte, Ipixuna do Pará, Irituia, Igarapé-Açu, Igarapé-Miri, Limoeiro do Ajuru, Mãe do Rio, Magalhães Barata, Marapanim, Maracanã, Mocajuba, Moju, Nova Esperança do Piriá, Nova Timboteua, Santa Luzia do Pará, Santa Maria do Pará, Santarém Novo, São Caetano de Odivelas, São Domingos do Capim, São Francisco do Pará, São João da Ponta, São João de Pirabas, São Miguel do Guamá, Oeiras do Pará, Ourém, Peixe-Boi, Quatipuru, Salinópolis, Tailândia, Terra Alta, Tomé-Açu, Tracuateua, Vigia e Viseu.

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