O "Dia do Fico" do Ministro da Saúde

Ameaça não dá', desabafa Mandetta em telefonemas a ministros ...


Luiz Henrique Mandetta é um sul matogrossense  que se formou em medicina no Rio de Janeiro e se especializou em Ortopedia nos Estados Unidos. Na sua cidade natal de Campo Grande, exerceu o cargo de secretário municipal de saúde, devido o parentesco com a família Trad que tem tradição política no estado.

Mas o cargo foi o trampolim para seus dois mandatos de deputado federal, sempre exercidos com ideias conservadoras, mas com a abertura para concordar com o uso da maconha de forma medicinal. Em 2018, resolveu não mais concorrer à reeleição, alegando que gostaria de ficar mais perto da família.

Todavia, seu partido o DEM, tinha cadeiras prometidas pelo presidente eleito Jair Bolsonaro e foi assim que chegou ao Ministério da Saúde com muito apoio da Associação dos  Médicos, das fundações das Santas Casas e da Frente Parlamentar da Saúde, onde também militou.

No Ministério da Saúde

Mandetta tem afinidade técnica por ser médico e política pelos anos de Congresso e soube muito bem se destacar com ações no Ministério sem embarcar nas polêmicas causadas pelo Presidente como o rompimento unilateral com os médicos cubanos, muitos readmitidos pelo Ministro. Em Mato Grosso, quando secretário enfrentou com desenvoltura um surto de Dengue e então quando chegou a pandemia da COVID 19, o Ministro Mandetta se agigantou diante do problema e criou com sua equipe uma rede de enfrentamento da crise apoiando os governadores dos Estados e os prefeitos das cidades com suas medidas de isolamento social, que tem sido a única fórmula ideal e indicada pela autoridades mundiais de Saúde para superar o avanço da doença.

O Presidente se "apequenou"

O presidente da República, Jair Bolsonaro, demora com ações concretas de auxílio na economia e preferiu socorrer os bancos primeiramente em detrimento dos trabalhadores informais. Segundo muitos especialistas, o presidente é ágil quando atende ricos, mas lento quando as políticas são públicas e a favor do menos favorecidos.

Acompanhando o raciocínio do presidente americano, Donald Trump, que defende a economia e a saúde, ou ambas de forma paralela, começou a emitir declarações de que o isolamento social seria apenas para o grupo de risco e que o povo deve se manter trabalhando para não quebrar o país. 

Segundo os bastidores políticos, a preocupação de Bolsonaro é com sua reeleição que pode ser atingida pela economia ruim quando o cenário de 2022 chegar. O Ministro Mandetta em todas as suas declarações sempre destacou a necessidade de isolamento social destoando significantemente do chefe.

Trump recuou diante dos números de crescimento em seu país e deixou Bolsonaro isolado nas ideias, tornando-o pequeno, um ser "apequenado" diante de um problema gigante e assistindo ao seu Ministro que acabou por se agigantar.

A demissão cancelada

O Presidente da República além das dificuldades claras de lidar com a crise, tem em sua personalidade o que no interior chamamos de "potoqueiro" quando deseja realizar alguma coisa, espalha as velhas "indiretas e piadinhas". É um piadista, lança pela imprensa torpedos para quem quer atingir. Assim passou um final de semana inteiro ameaçando o Ministro da Saúde com "indiretas" na internet e na imprensa.

Diante de tudo, a segunda-feira era de expectativa, pois todos aguardavam a demissão do Ministro, que mandou limpar suas gavetas e recebeu a solidariedade de sua equipe técnica que enviou ao Presidente uma mensagem clara: Se sair o Ministro, todos saem!

Fim de segunda-feira, um Ministro quase demitido, mas firme no cargo, devido a aprovação da população e um Presidente pequeno, incapaz, até o momento, de deslanchar as ações contra o invisível Novo Coronavírus que assola o mundo e nem coragem deve de manifestar a decisão de manter o ministro, deixando para o vice o famoso "Fica'.


Por Ícaro Gomes, blogueiro, pedagogo, administrador, ativista social e político.

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