Moradores de Algodoal reclamam da falta de médico e medicamentos



Os moradores da Ilha de Algodoal-Maiandeua, estão bem preocupados com o acesso de pessoas vindas de outros locais para as suas casas de verão na ilha. O receio é devido a pandemia do Novo Coronavírus que assola o mundo.
Os moradores e alguns empreendedores da ilha de Algodoal reclamam bastante da falta de estrutura na Unidade de Saúde e o assunto ganhou mais corpo com a denúncia formalizada pela professora Eliane Bernardes que é portadora de doença crônica, moradora da ilha e questiona os recursos da Unidade de Saúde.







A professa Eliane enviou um relato sobre a situação ao Blog:


"Caro Icaro Gomes, VIZINHOS MORADORES DA APA-Algodoal Maiandeua, Eu, Professora Eliana Bernardes ( Pedagoga e Psicopedagoga com anos de experiência na Rede Privada e Pública de Educação), 49 anos, venho através dessa Carta Pública, compartilhar os GRAVES FATOS QUE VIVENCIE HOJE, 27 de Março de 2020, no ÚNICO POSTO MÉDICO na Vila de Algodoal, Ilha de Maiandeua, Município de Maracanã e o Estado do Pará- Brasil. Quero em PRIMEIRO lugar esclarecer que não tenho nenhuma inscrição em partido político, e nunca tive. Que minhas denúncias são para revelar a todos a TOTAL FALTA DE CONDIÇÕES DE SALVAR VIDAS AQUI, e os procedimentos realizados nos Atendimentos aos Residentes e Transeuntes em nossa amada e querida ilha. É importante ressaltar que faço parte do GRUPO DE RISCO, classificado pela Autoridades de Saúde Internacionais, posto que sou Portadora de Doença Autoimune Rara, ESCLERODERMIA SISTÊMICA GRAVE, COM COMPROMETIMENTO DO SISTEMA RESPIRATÓRIO PULMONAR GRAVE, JÁ COM FIBROSE PULMONAR AVANÇADA E ENFISEMA PULMONAR, HIPERTENSÃO PULMONAR, DEFORMIDADES NAS MÃOS (mãos de garra) LIMITANTES E SÍNDROME DE RENAUD. Na sexta-feira dia 13/03/2020, fui em Marapanim para sacar dinheiro, fazer compras de medicamentos. E dentro da farmácia, uma senhora entrou e parou ao meu lado com tosse. Quando percebi, afastei-me imediatamente, contudo foi o suficiente para "pegar" a gripe. Voltei já sentido a garganta arder. Pela manhã do sábado acordei com febre. Tomei medicamento para febre(antipirético). A tarde piorei, com febre mais alta e sem nenhuma medicação adequada para tomar. A médica pneumologista que acompanha-me, em meu processo de Doente Crônica Respiratória, orienta-me que ao iniciar qualquer processo gripal, devo informar ao médico quanto a necessidade de iniciar o tratamento medicamentoso imediatamente com ANTIBIÓTICO, justamente pela gravidade da minha Patologia, que INVERTEU o meu Sistema Imunológico, ou seja, ao invés de me proteger e combater bactérias e vírus, junta-se a eles e destrói o meu corpo. Fazendo uma EVOLUÇÃO de Gripe para Pneumonia em apenas 3 dias. Sendo assim, busquei ligar e passar zap para o Técnico em Enfermagem, solicitando que eu pudesse ser atendida em caráter de URGÊNCIA no Posto Médico, pois era domingo. Entretanto, o mesmo não encontrava-se. Estava fora da Vila de Algodoal. Solicitei o número de telefone da Chefe da enfermagem do posto, atual Responsável pelo Posto Médico de Algodoal. Passei um zap informando acerca de toda minha necessidade, e que precisava ser medicada, preferencialmente por medicamento injetável. Fui então buscá-la com o carroceiro. E ao chegarmos na frente do posto, ela informou-me que NÃO HAVIA MEDICAMENTO ANTIBIÓTICO NO POSTO, e que só poderia dar 10 minutos de oxigênio e prescrever algum medicamento (sendo nesse momento "obrigada" a praticar ato de medicina, INDEVIDAMENTE, na tentativa de suprir uma das maiores necessidades do Posto Médico: A AUSÊNCIA DE MÉDICO PARA ATENDER A POPULAÇÃO. Imediatamente fui a farmácia para buscar algum medicamento que pudesse tirar-me do risco de Pneumonia. Comprei a Amoxilina + Clavulanato de Potássio 500mg. E passei a beber de 6 em 6h, afim de não ter PNEUMONIA. No mesmo dia entrei em contato com a Farmacêutica ( proprietária de fármacia em Marapanim), para explicar a necessidade de fazer compras de medicação sem uma receita médica. Contudo, tomei 2 injeções de benzetacil uma na terça a noite, e a outra na quinta-feira, cada uma com 1.200 unidades internacionais. Infelizmente sem ter muito progresso no combate dessa bactéria.É importante dizer que por NÃO ter médicos essa é uma prática recorrente entre todos da população. Uma questão de perigo eminente que só vai deixar de ocorrer quando tivermos médicos para nos atender aqui. Comprei outros medicamentos e estou fazendo uso deles, desde a quarta-feira, pois por caridade o Dr., o qual já foi nosso médico em nosso Posto de Saúde, orientou-me a comprar de acordo com a avaliação que fez do meu quadro via vídeo-chamada. Porém, hoje acordei com a necessidade de inalar oxigênio, visto que tenho baixa de oxigenação no meu organismo. E estava muito cansada e com uma pressão na cabeça que não é normal. Porém, fui ao posto para ser SOCORRIDA, e mais uma vez fui tratada de maneira indiferente, grosseira, sem nenhum cuidado de gentileza, e com um nível de arrogância que não deve fazer parte da postura de nenhum Servidor da Saúde, principalmente em uma comunidade humilde como a nossa. Indignada com tais posturas recorrentes, e a TOTAL negligência de Recursos, Equipamentos e Insumos com a qual somos tratados, registrei as PÉSSIMAS CONDIÇÕES que são oferecidas pela Prefeitura de Maracanã a comunidade em Algodoal. Pois é URGENTE e EMERGENTE a necessidade de MÉDICOS, EQUIPE SOCORRISTA TREINADA, ENFERMEIROS COMPETENTES, E RECURSOS E EQUIPAMENTOS PARA SALVAR VIDAS NUM MOMENTO DE PANDEMIA INTERNACIONAL NUNCA ANTES VIVENCIADO NO PLANETA. Assim, fui mal recebida, e queria impedir-me de filmar a VERDADE dos atendimentos aqui oferecidos. Fui colocada na maca para receber oxigênio, a ÚNICA BALA de oxigênio fixo, e verificou-se que estava com a Pressão Arterial de 140X90, o que confirma a pressão na cabeça. Durante o atendimento, por várias vezes fui destratada pela enfermeira, e ao perguntar sobre a minha patologia, fiquei surpresa com o TOTAL DESCONHECIMENTO sobre o significado de Pressão Pulmonar, insinuando que eu estava errada, e tirando a sua dúvida com o colega, perguntando se HIPERTENSÃO PULMONAR existia mesmo. Imagina!!! A Chefe do Posto Médico desconhecer a existência de uma patologia tão comum em quadros de Insuficiência Respiratória. Provando mais uma vez da necessidade de Equipe de Socorrista treinada. Fez um encaminhamento para atendimento hospitalar com a intencionalidade de eu não mais voltar a cobrar um atendimento qualitativo, segundo a avaliação dela eu deveria ir para uma unidade hospitalar, quando a RECOMENDAÇÃO É NÃO MANDAR PARA HOSPITAIS OU UPAS, principalmente doentes crônicos que fazem parte do grupo de risco para não serem contaminados desnecessariamente, e escreveu como se fosse um bilhete num rascunho. Sem papel timbrado, sem a ASSINATURA da ENFERMEIRA, SEM O CARIMBO com o número de Registro do Conselho Regional de Enfermagem , não havia nenhuma Identificação Oficial, que demonstre que se trata de um documento oficial para uma transferência de paciente. Questionei o porque da pressa en terminar meu atendimento, e por que não tinha nem assinatura dela ou da unidade do posto? Por muito custo ela colocou um carimbo apenas da unidade, mantendo o encaminhamento hospitalar, sem a assinatura ou carimbo da referida chefe do Único Posto Médico da Vila de Algodoal. Daí perguntamos? Nesse cenário de GUERRA CONTRA O CORONA VÍRUS, os casos de contágio, como serão avaliados sem a presença de um médico, e uma enfermagem tão claudicante e ineficiente no preparo para esse discernimento entre casos? Quantos bilhetes nos papéis de rascunho serão escritos e designados Encaminhamento Hospitalar, e sem a devida identificaçao do Servidor de Saúde da Prefeitura de Maracanã em Algodoal? Não satisfeita em destratar-me desligou abruptamente o meu fornecimento de oxigênio, dizendo que ela estava fechando a sala e o posto, pois estava no seu horário de almoço. Questionei como não iria fazer a segunda verificação de conferência da minha Pressão Arterial ( PA), já que havia apresentado alteração para maior. Daí sem argumentos chamou o colega Técnico de Enfermagem Josiclei para verificação, o qual sempre muito SOLICITO, GENTIL, CALMO, ATENCIOSO, RESPEITOSO, COMPETENTE TECNICAMENTE E EMOCIONALMENTE, fez a verificação e havia baixado um pouco. O carroceiro ainda não havia chegado, e já iniciava chuva, eu ainda tonta por ter tomado o oxigênio, e a Chefe do posto Medico dizendo que iria fechar o posto. Isso por que só havia apenas EU sendo atendida. Ao sair do Posto Médico, INDIGNADA, REVOLTADA, DESTRATADA, INSULTADA, VIOLADA EM MEUS DIREITOS CONSTITUCIONAIS, da própria carroça fui chamando a atenção da população para que se unissem para denunciar ao GOVERNADOR HELDER BARBALHO, as condições CRIMINOSAS QUE ESTAMOS SENDO TRATADOS PELA PREFEITURA DE MARACANÃ. E assim, ao retornar para minha casa com o carroceiro que sempre faz transporte para mim, fomos abordados e parados na rua Bragantida, pelo o Sr. que se apresentou como Gerente Distrital da Prefeitura dentro da APA- Algodoal Maiandeua, em companhia de um Fiscal de Saúde recentemente contratado, dizendo que ele REPRESENTAVA a própria prefeitura, e que tinha recebido ordens do Secretário de Saúde da Prefeitura de Maracanã, para que eu fosse conduzida para minha residência pelos fiscais, pois eu não poderia está na rua falando com a população como havia sido meu atendimento. Então, perguntei a ele o que iria fazer comigo se eu não aceitasse essa determinação? Perguntei se iria me levar presa? Disse que não, mas que as ordens que recebeu que era para RETIRA-ME DA ILHA. Ou seja, retirar-me a força da minha casa, da qual sou proprietária há 30 anos e resido oficialmente desde 2016 na ilha de Algodoal. Outra vez sendo DESTRATADA, AMEAÇADA, INTIMIDADA, DESRESPEITADA EM MINHA CONDIÇÃO DE DEFICIENTE INVISÍVEL DE PATOLOGIA RARA, AGREDIDA NO MEU DIREITO, pois estava alertando a TODA COMUNIDADE os graves e inúmeros RISCO DE MORTE QUE ESTAMOS TODOS CORRENDO, pela ação equivocada, despreparada, criminosa por parte da Prefeitura Municipal de Maracanã. Expostos os FATOS e REGISTROS DE IMAGEM, CONVOCO TODOS OS MORADORES DA APA-Algodoal Maiandeua a unirem-se com Instrumento Jurídico, para CLAMAR para nosso Governador Helder Barbalho, a EMERGENTE SOLUÇÃO no Posto Médico da APA, a qual é também subordinada legalmente a Governança do Estado do Pará, para que seja enviado em caráter URGENTÍSSIMO UMA EQUIPE DE MÉDICOS, SANITARISTAS, SOCORRISTAS, E EQUIPAMENTOS QUE PERMITAM SALVAR VIDAS, MESMO QUANDO LEVADOS NA LANCHA VOADEIRA. VAMOS TODOS ASSINAR O ABAIXO ASSINADO PARA QUE O GOVERNADOR SEJA ACIONADO A DETERMINAR RESOLUÇÕES EMERGENTES NA NOSSA ILHA. Espero ter sido clara e compreendida como alguém que não aguenta mais ESPERAR, mas que FAZ a nossa hora ACONTECER!!! 

Gratidão!!! Professora Eliana Bernardes".



Sobre a denúncia, o BLOG ouviu à Secretaria de Saúde que informou que "a enfermeira que trabalha na área, mora em Algodoal. Os serviços desta ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA, sempre foram acompanhados pela enfermeira, técnicos de enfermagem e pelo médico que trabalhava no local. Como o médico viajou para fazer uma especialização, a Secretaria está providenciando o novo profissional para atender a comunidade".


Pessoas vindas de outras cidades e países preocupam os moradores da ilha

Outra preocupação dos moradores repercutiu no início da semana no Blog da capital Ver-O-Fato e diz respeito a invasão de pessoas vindas de outros lugares para quarentena na ilha de maiandeua:

"Moradores das Ilhas de Maiandeua, Fortalezinha e do 40 do Mocoóca, no município de Maracanã, nordeste paraense, estão apavorados com a chegada de pessoas de outras cidades, algumas de fora do Brasil, que possuem casas na região. Eles têm medo de ser contaminados pelo coronavírus, já que um dos turistas que chegou recentemente veio da Espanha.
Maiandeua, também conhecida como Algodoal, 40 do Mocoóca e Fortalezinha são banhadas pelo Oceano Atlântico e ficam próximas poucas horas da capital. São locais muito procurados por turistas do Pará, de outros estados e do exterior".

Da Redação Integrada
Ana Paula Tenório
Imagens: Grupo de Noticias Wpp do Blog

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1 Comentários

  1. Essa desassistência aos moradores de Algodoal e aos de Maracanã não estranha quaisquer que sejam as pessoas de bom senso. Outro dia o secretária de saúde divulgou um vídeo em rede social enfatizando a importância dos maracanaenses ficarem em casa e dimensionando o preocupação com o vírus. Por essa atitude, percebeu-se que havia interesse em proteger as pessoas do município. Sendo assim , fico a perguntar quem de fato está preparado. O hospital ou o secretário de saúde? Credito que o hospital não deve ter nem EPI'S e material de higiene. Mascaram o hospital com tintas, móveis. No entanto, o interior da instituição é carente de materiais necessários ao paciente ou a quem quer que seja. Portanto, não consigo entender a lógica que embasou a escolha do então secretário de saúde pela gestora da cidade. Nem compreenderei. Inverteram-se a lógica. Daqui a pouco o inusitado ocorrerá em Maracanã: a carroça andará à frente do cavalho, os mototaxistas andaram de ré, os carros voaram, porque professor atua como secretário de saúde sem o minimo de critério técnico-cientifico para exercer tal cargo. Diante do exposto, o que se ver é um descalabro na saúde e demais pastas da administração.
    A preocupação com o coronavírus foi momentâneo. Depois esqueceu-se a pandemia, pois a prefeitura não reuniu as autoridades dos três poderes para traçar estratégias de prevenção à chegada do vírus a cidade nossa. Apenas um carro som destacando a importância das pessoas ficarem em casa para evitar alastramento do vírus. Enfim, coisas da vida

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