Nudez na Doca: arte e ato político juntos






(Foto: Bruno Rafael/Divulgação)

Um registro fotográfico chamou a atenção de quem circulava na madrugada desta quinta-feira (5) na avenida Visconde de Souza Franco, a Doca, em Belém. A imagem de um nu artístico e ousado tomou conta da internet depois que foi compartilhada nas redes sociais.

A modelo é Anna Lúcia, 27 anos, que já trabalhou como body art em diversos projetos e, há sete anos, deu início aos ensaios fotográficos de nu artístico. “Conheci o Bruno e o seu projeto nas redes sociais. Vi um potencial naquilo e - como já havia feito umas fotografias externas - me senti à vontade para aceitar”.

Bruno Rafael é fotógrafo há cinco anos e intercala suas noites de trabalho como músico. Por conta da rotina puxada, ficou parado, mas voltou para os braços da fotografia neste ano, quando deu início ao projeto “Urban Kaos”, retratos de mulheres esbanjando sensualidade em locais inusitados, como ele mesmo conta.

“Eu queria explorar a arte da fotografia (o nu artístico em específico) em lugares inusitados, alguns talvez um tanto perigosos. Já as inspirações vieram de outros artistas do mesmo segmento”.



(Foto: Divulgação/Bruno Rafael)

PRODUÇÃO E MANIFESTO

“Despir-me para vestir um conceito sempre foi o que me encorajou a estar dentro desse tipo de arte e projeto”, disse Anna, que revelou também a maior preocupação durante o belo registro: a segurança.


“Os olhares não me incomodaram, afinal eu concordo que seja inusitado estar na rua, saindo do trabalho e deparar com uma mulher nua no centro da avenida. Tentei naturalizar para ambos aquela sensação que poderia ser desconfortável”, disse.

Além dos olhares, fossem maldosos ou curiosos, o corpo exposto e entregue à arte também foi alvo de palavras desagradáveis. “Passaram uns carros, homens mexiam e diziam coisas para mim. Mais uma prova de que eu deveria estar alí, além de um conceito artístico isso é um ato político também”.



(Foto: Divulgação/Bruno Rafael)

O PROJETO

O primeiro registro do “Urban Kaos” foi realizado no dia 25 de junho, uma segunda-feira. Os locais visitados pelas oito modelos e o seu fiel fotógrafo vão desde shoppings e ruas de avenidas movimentadas até ferros velhos em funcionamento e lojas de conveniência. Pois é, é bem inusitado mesmo!

“Todos os registros fotográficos foram seminu, com exceção do da Anna (na Doca). Em geral, no primeiro caso, é sempre algo discreto, uma blusa aberta, por exemplo. Algo que mostre a ousadia, só o sensual em local público”.

Sem limite de modelos, o “Urban Kaos” não tem previsão para acabar. “Enquanto houver possibilidades, estarei lá”, garante Bruno. Mulheres interessadas em fazer parte do projeto podem procurá-lo. “No momento, tô focado nas mulheres pela fragilidade que elas têm diante a sociedade com esse tipo de ensaio, quero fazê-las encarar o preconceito junto comigo”, explica o fotógrafo, que tem planos futuros para ensaios masculinos nesse mesmo perfil.

(Fernanda Palheta/DOL)

Postar um comentário

0 Comentários