Você usaria esta água? É dos moradores de Barcarena




(Foto: Divulgação)


“Eu não sei mais o que fazer, estou ficando muito doente aqui. Olhe a qualidade da água que a gente tem (mostrando vasilhames plásticos com água barrenta). Eu tomo essa água e sai me rasgando por dentro. Desde ontem não consegui comer mais nada”.

A declaração, aos prantos, foi feita pela dona Maria Salistiana, 68 anos, moradora da comunidade Bom Futuro, em Barcarena.

O local fica próximo à bacia de rejeitos mineradora norueguesa Hydro Alunorte. O crime ambiental foi denunciado pela população no último final de semana e atestado em laudo do Instituto Evandro Chagas, divulgado na última quinta-feira (22).

Os problemas de saúde relatados pelos moradores não são poucos. Isaura Gomes Lobato, moradora do Bairro Industrial, relatou que a população sofre constantemente com problemas gastrointestinais e dermatológicos.

“Tenho cinco crianças em casa, meus netos que são como meus filhos, porque sou eu quem cuida deles. Meu neto está com a mão toda ferida de tanta micose, nem quer mais sair do quarto. Tenho uma bebezinha cheia de feridas. A gente passa remédio, mas não sara nunca. À noite, vem tanta fumaça com fuligem, que meus olhos ficam inchados”. Dona Isaura fez um poço artesiano no quintal, mas a água tem uma coloração esbranquiçada e ela acredita que não serve para o consumo.

Outro problema pelos moradores de Barcarena é a falta de alimento: muitas espécies de peixe sumiram ou estão contaminadas, afirmam.

“Tinha tanto peixe, mas depois acabou. Aqui todo animal morre, cachorro, galinha. Todo ano, nesse período, primeiro vem uma água vermelha. Não temos mais condições de morar aqui”, disse o agricultor Valdir Rodrigues Bastos.


“Há pessoas contaminadas com chumbo, alumínio e outros metais pesados e que precisam de tratamento emergencial. Elas precisam ter a garantia do poder público de que novas contaminações serão sustadas, nem que para tanto se tenha que paralisar temporariamente as atividades poluidoras, até que se descubra e processem os responsáveis”, defende o deputado estadual Carlos Bordalo (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos e Defesa do Consumidor da Assembleia Legislativa do Pará (Alepa), que realizou diligência ao município.

Em nota divulgada à imprensa no final da manhã de sexta-feira (23), a Hydro informou que "as pesquisas técnicas realizadas por diferentes autoridades de vigilância confirmaram que não houve vazamento ou ruptura dos depósitos de resíduos de bauxita em Alunorte".

A empresa também garantiu que está distribuindo água potável para as comunidades de Vila Nova e Bom Futuro e que fará uma "análise aprofundada do relatório do Instituto Evandro Chagas".

Durante a manhã, a imprensa foi impedida de acompanhar a visita dos parlamentares à mineradora, apesar do credenciamento e da distribuição de equipamentos de segurança.

(Com informações do Blog do Bordalo)

Postar um comentário

0 Comentários