Extrafarma negocia a compra da Big Ben




Segundo o jornal Valor Econômico, acordo que dá direito de compra à Extrafarma tem validade de 90 dias, podendo ser prorrogado. (Foto: Elcimar Neves/Diário do Pará)


A Extrafarma, do grupo Ultra, assinou um acordo de exclusividade para negociar a aquisição da rede Big Ben, controlada pela Brasil Pharma. Se a negociação for concluída, a Extrafarma passará de uma cadeia de 261 lojas para quase 520 unidades e o faturamento saltará de R$ 1,4 bilhão para quase R$ 3 bilhões.

O negócio não foi fechado ainda porque há divergências com relação a preço, segundo uma fonte. O direito de compra, válido por 90 dias, se aproxima do prazo final neste mês, mas pode haver prorrogação por mais 90 dias, segundo antecipou ontem o Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor. As conversas envolvem também a operação da antiga rede Guararapes, com lojas em Pernambuco, e que passou a integrar os negócios da Big Ben.

A varejista paraense Big Ben é considerada o melhor ativo da BR Pharma. Com R$ 1,5 bilhão em receita bruta anual, é responsável por cerca de 40% das vendas do grupo. O banco BTG Pactuai, que controla a BR Pharma, entende que não faz sentido se desfazer da Big Ben nas mesmas condições que envolveram a cadeia Mais Econômica, vendida para o fundo de investimento Verti Capital, em novembro do ano passado, por R$ 44 milhões.

REDE

Na época, havia interesse do BTG em se desfazer da Mais Econômica, que estava em má situação financeira. Já a Big Ben é a maior rede de farmácias do Norte do país e, até ser vendida para a BR Pharma, era rentável e lucrativa, segundo fonte ouvida.

A Big Ben é uma operação independente da BR Pharma e, apesar de ter sido comprada em 2011, continuou separada das outras redes - SantAna, Farmais e Rosário. Portanto, não sofreu ajustes em custos e despesas e não traz hoje grandes ganhos de sinergia para a BR Pharma. Desde janeiro, a empresa deixou de ser presidida por seu fundador, Raul Aguilera. Em seu lugar está Orlando Silva.

EMPRESA ESTARIA À ESPERA DE UMA BOA PROPOSTA

Segundo fontes do setor, o fato de a Big Ben permanecer separada dos outros ativos explicaria o interesse da Brasil Pharma em vender o negócio quando uma boa proposta aparecesse. O grupo chegou a informar o mercado, meses atrás, que havia sido procurado de forma “preliminar” por terceiros interessados na participação dealgumas de suas cadeias.

Procurada ontem, a BR Pharma preferiu não comentar o assunto. O grupo Ultra informou que “analisa continuamente oportunidades em todas as suas áreas de atuação”.

O interesse do Ultra tem relação com planos de expansão da operação de postos de combustíveis Ipiranga no Nordeste, apurou o Valor.

POSTOS

As farmácias da Big Ben ajudariam a complementar o serviço oferecido dentro dos postos. Mas, como ter apenas drogarias nos postos sem uma operação mais estruturada no varejo local não faria sentido em termos de escala, há a necessidade de ter uma operação com uma marca regional. A Extrafarma tem lojas em 4 postos Ipiranga no país. Em abril, foi inaugurada uma loja da rede de farmácias numa revenda da Ultragaz em Fortaleza. A Extrafarma tinha, em março, 261 lojas próprias, 35 a mais do que um ano antes. A receita bruta foi de R$ 1,4 bilhão em 2015.

No domingo, a Ipiranga anunciou a compra da rede de postos Ale por R$ 2,17 bilhões. A Ale, com sede em Natal, tem forte presença no Nordeste, onde a Big Ben é uma das líderes de mercado.

A BR Pharma tem tido dificuldade de obter propostas de compra de suas redes que satisfaçam o controlador, em parte porque não há muitas varejistas interessadas nos negócios - Raia Drogasil, Drogarias São Paulo e Pacheco, Onofre e Pague Menos já disseram que não têm interesse nas cadeias do grupo. E, segundo uma fonte, os fundos de private equity sondados não fizeram propostas formais de aquisição dos negócios até o momento. O fundador da Big Ben, Raul Aguilera, que em janeiro recebeu da BR Pharma a sua última parcela da venda da rede, não tem interesse em recomprar o negócio, segundo o Valor.

(Valor Econômico)

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