Rumos da história maracanaense

Por Elizel Nascimento


Agosto de 1613, dia 20. Céu limpo de pleno verão e, com os ventos dominantes do Atlântico soprando em direção ao poente. Os franceses vindos de São Luis do Maranhão e com passagem pelo “Caeté” (Bragança), chegavam em frente à ilha do Marco e adentraram mais três léguas pelo rio Maracanã, arremessando âncoras em frente à antiga aldeia. A expedição conduzia setenta e poucas almas, - “40 praças (soldados); 10 marinheiros e 20 chefes de aldeias”. O comandante Daniel de La Touche dava ordem para o desembarque, mas as anotações a bordo estavam nos apontamentos do capuchinho Yves d’Évreux. No depoimento do religioso consta até hoje:” saímos do Caeté, em 17 de agosto com destino à aldeia de Meron ou Maracanã, onde, embarcamos mais franceses e selvagens e, em grandes canoas, seguimos para o rio Pará indo até o Araguaia com 400 homens.

Não há como contestar as evidências da narrativa histórica de que Maracanã era o principal roteiro estratégico dessa expedição. Nem há contraditório à tese sobre as “grandes canoas” que foram construídas nesse isolado estaleiro naval em terras dos tupinambás. E que as setenta almas que velejaram como tripulantes de Bragança juntaram-se numa só missão marítima com os franceses e nativos de Maracanã. Esses irrefutáveis fatos da historiografia colonial comprovam que há 403 anos os europeus conheciam a localidade. Mas os franceses comandados por Daniel de La Touche, ao retornarem a São Luis, fracassaram diante dos portugueses e foram expulsos da região.

Em 1616, nos primeiros dias desse ano, Francisco Caldeira Castelo Branco percorreu o mesmo caminho marítimo para fundar Belém. E depois de 40 anos consta que o padre Antônio Vieira, batizou o índio “Copaúba” durante sua missão catequética em Maracanã, mas por causa de uma denúncia de que esse índio “principal” desobedeceu a Igreja, então foi preso, acorrentado e mandado para um calabouço em Gurupá. Não se tem notícia dos historiógrafos sobre o dia e mês do ano de 1653, em que Antônio Vieira desembarcou em Maracanã, mas está exarado que chegou a Belém, em 5 de novembro desse ano.

No dia 28 de maio o município festeja seu aniversário, numa data em que a única referência foi a mudança de nome da cidade de Cintra para o antigo nome da aldeia – Maracanã, num ato oficial do governador Paes de Carvalho e cuja data a Câmara local aprovou como “feriado municipal”. A data de fundação é controvertida, mesmo assim: “Feliz Aniversário ao Povo de Maracanã!”.

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1 Comentários

  1. Seri possível o Sr. dizer a fonte historiográfica da chegada dos franceses à Maracanã?

    Por favor. É para trabalho acadêmico. Agradecido.

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