Paris em Transe
O atentado terrorista que enlutou ontem (7) a França e o mundo foi classificado pelo ex-editor da “Charlie Hebdo”, Mourad Boudjellal, como o "11 de setembro da imprensa".
A gravidade da tragédia - que vitimou mortalmente 12 pessoas na sede de uma das mais irreverentes revistas do mundo e uma das últimas publicações da cada mais vez mais rara esquerda francesa - é enorme para a França, que não era palco de algo tão terrível desde 1961, quando, durante a sangrenta Guerra da Argélia, a “Organização Armada Secreta” detonou uma bomba em uma das composições do trem Strasbourg-Paris, matando 28 pessoas.

Em 1978, palestinos dispararam contra um grupo de judeus em Orly matando oito pessoas; em 1980, a explosão de uma bomba em frente a uma sinagoga em Paris matou quatro pessoas; em 1982, disparos contra membros da comunidade judaica mataram seis pessoas e no mesmo ano, em uma ação cinematográfica, Illich Ramirez Sanchez, mundialmente conhecido como Carlos, o Chacal, atacou o trem Toulouse-Paris, matando cinco pessoas; em 1983, mais duas explosões, uma em Orly e outra na estação Saint-Charles, mataram onze pessoas; em 1986, uma explosão na Galeria Tati, em Paris, matou sete pessoas; em 1995, uma bomba explodiu em uma estação de trem, em Paris, deixando oito mortos; em 1996 uma estação de metrô sofreu uma explosão que deixou quatro mortos; em 2012, um membro da Al Qaeda matou sete pessoas em Toulouse e Montauban.
Mas a tragédia de ontem (7) carrega um simbolismo singular, pois enquanto as outras ocorrências, não menos condenáveis, envolviam querelas terroristas de cunho específico, as 12 vítimas fatais da “Charlie Hebdo” significam um atentado contra um valor universal e caríssimo para a democracia: a liberdade de expressão.
As 12 vítimas foram assassinadas porque se expressavam. E não o faziam em nome de um Estado, de uma facção ou do que o valha. Eles se expressavam da maneira mais inalienável possível: a expressão deles era uma arte.

E a arte é a coisa mais bela e poderosa que a inteligência é capaz de elaborar, pois detém a capacidade de envolver todos os sentidos, mantendo-se como a força motriz do nosso desenvolvimento enquanto espécie.A arte nós torna humanos.
Um crime contra isso é um crime de lesa humanidade e comprova, de maneira cruel, aonde a intolerância nos pode levar: foi a intolerância que crucificou o Cristo.
Disse Mahatma Gandhi que “já que nunca pensaremos todos da mesma maneira, já que nunca veremos senão uma parte da verdade e sob ângulos diversos, a lei de ouro do comportamento é a tolerância mútua”.
Parsifal 5.6
1 Comentários
Minha opinião...
ResponderExcluirIgualdade, Liberdade e Fraternidade...
Um dos maiores lemas da França...
E tudo que aconteceu foi sim provocado palo grande mal do mundo moderno... A falta de RESPEITO...
RESPEITO... ACIMA DE QUALQUER COISA LEVA UMA NAÇÃO A SER LIVRE...
SE TODOS DEVEM TER LIBERDADE DE EXPRESSÃO PORQUE NÃO TODOS TAMBÉM DEVEM TER LIBERDADE RELIGIOSA... AS CHARGES INSULTAVAM... NEM SEMPRE A COMÉDIA PODE SER ENGRAÇADA...
ANTES DE PEDIREM LIBERDADE DE EXPRESSÃO ACHO QUE DEVERIAM TER RESPEITADO A RELIGIÃO DOS OUTROS...
SEM HIPOCRISIA LIBERDADE É RESPEITO...
NÃO AO TERROR... SIM A LIBERDADE...
DEUS DEVE ESTAR CANSADO DE VER OS HOMENS SENDO TÃO IDIOTAS
EU NÃO SOU NEM APOIO CHARLIE...