Habemus papam: argentino Bergoglio é eleito papa e adota nome de Francisco
Cardeal se torna o primeiro papa latino-americano da história. Novo papa foi eleito após dois dias de conclave realizado por 115 cardeais eleitores na Capela Sistina, no Vaticano
iG São Paulo
Fumaça branca sai de chaminé da Capela Sistina, indicando que novo papa foi eleito na Praça de São Pedro, no Vaticano
O cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio foi eleito o
novo papa, anunciou nesta quarta-feira o cardeal diácono francês
Jean-Louis Tauran ao aparecer na varanda central da Basílica de São
Pedro. Bergoglio, que adotou o nome de Francisco e se tornou o primeiro
papa latino-americano da história, terá a missão de liderar os 1,2
bilhão de católicos do mundo após a renúncia de Bento 16 , oficializada em 28 de fevereiro .
Já com as vestes papais, o novo papa aparecerá na varanda e dará sua
primeira benção ao mundo católico. O eleito é o 266º papa da história.
"Annuntio
vobis gaudium magnum, Habemus Papam, Eminentissimum ac reverendissimum
Dominum, Dominum Odilonem Sanctæ Romanæ Ecclesiæ Cardinalem Bergoglio
Qui sibi nomen imposuit Francisco", anunciou Tauran.
A tradução desse anúncio oficial é: "Eu anuncio com grande alegria,
temos papa, o mais eminente e reverenciado Senhor, Senhor Bergoglio,
cardeal da Sagrada Igreja Romana Scherer, que usará pra si o nome de
Francisco."
O anúncio de que os 115 cardeais reunidos
desde terça haviam elegido o novo pontífice foi dado às 19h10 locais
(15h10 de Brasília), após cinco rodadas de votação no conclave na Capela Sistina .
Além da fumaça, badalos do sino ecoaram no Vaticano para que não
restassem dúvidas de que o novo papa já havia sido escolhido.
A chaminé da Praça de São Pedro serve como um indicativo para os fiéis -
se a fumaça sai preta, significa que os cardeais não escolheram um novo
papa. Mas, se sai branca, quer dizer que o novo papa foi eleito. O
pontífice escolhido atingiu uma maioria de dois terços (no mínimo, 77
votos).
Os cardeais votaram duas vezes na
manhã desta quarta e mais duas à tarde, após a primeira votação
inconclusiva de terça no conclave para eleger o sucessor de Bento 16,
que surpreendeu o mundo no mês passado ao se tornar o primeiro papa em quase 600 anos a renunciar.
Antes do anúncio do novo papa, os nomes mais cotados eram do cardeal Angelo Scola , italiano tido como favorito entre aqueles que pretendem modificar a poderosa burocracia do Vaticano, e do cardeal brasileiro Odilo Scherer ,
favorito pelos burocratas internos do Vaticano que querem preservar seu
status quo. Outros nomes apontados incluíam o do canadense Marc
Ouellet, que chefia a Congregação para os Bispos; e o cardeal americano
Timothy Dolan.
Scherer vs. Scola : Antes da fumaça, disputa fica entre romanos e reformistas
A aposentadoria quase sem precedentes de Bento 16 provocou tumulto na
Igreja e expôs a divisão profunda entre os cardeais - aqueles que
queriam um papa que purificasse a burocracia disfuncional do Vaticano e
aqueles que preferiam um pastor que pudesse inspirar os católicos em um
tempo de crescente secularização.
Antes de seguirem para a Capela Sistina nesta quarta, os cardeais
participaram de uma missa pela manhã na Capela Paulina, no Palácio
Apostólico do Vaticano.
Esse conclave teve a mesma duração do anterior, de 2005, que tomou dois
dias e três rodadas de votação para eleger Joseph Ratzinger como novo
pontífice. Acreditava-se que, por causa do caráter inusitado desse
conclave, a escolha do pontífice levaria mais tempo, o que acabou não se
confirmando.
0 Comentários