A
edição de 2013 do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, terminou
(sábado, 26) estatelada com a declaração da Inglaterra de promover uma
consulta popular para decidir se o país permanece no Euro: os ingleses
nunca concordaram em abrir mão da libra esterlina e se resolverem
abandonar a União Europeia, o baque será duro para a confederação.
> Sugestão indelicada
O
baixo crescimento do Brasil nos valeu pesadas críticas: houve quem
sugerisse a retirada do B (Brasil) do acrônimo BRICS (Brasil, Rússia,
Índia e China) substituindo-nos pela África do Sul, como os países que
lideram os mercados emergentes.
O presidente do
Banco Central, Alexandre Tombini, não conseguiu explicar a gênese do
nosso crescimento próximo a zero em 2012, que alguns sugerem ter sido
negativo não fosse o artifício da contabilidade criativa.
> Alinhamentos suspeitos
Christine
Lagarde, diretora-geral do FMI, perguntou a Tombini para onde o Brasil
que ir, perorando o excessivo intervencionismo do governo na atividade
econômica e o constante alinhamento político com países de vocação
totalitária.
Tombini passou ao largo do proto
esquerdismo da nossa Chancelaria e opinou que as medidas vistas como
intervenção são necessárias e preparam a macro economia para
investimentos privados tanto estrangeiros quanto nacionais.
> Medidas ineficazes
Quando
Tombini deu como exemplo dessas medidas a redução da tarifa de energia
elétrica, 10 entre os 10 economistas no fórum opinaram que o maior
problema do Brasil, nessa eventualidade, não é o consumo e sim a oferta
(Delfim Neto escreveu um precioso ensaio sobre isso há um mês) e
duvidaram da eficácia da medida (o que eu também duvido), pois o tesouro
terá que bancar a diferença, aumentando o déficit público.
> Raul Castro é nosso porta-voz…
Diante
do silêncio à pauta política, o fórum insistiu: como uma democracia já
irreversível alinha-se irrestritamente com democracias de matizes
autoritárias ou óbvias ditaduras, como no recente episódio em que o
Brasil ajudou a eleger o ditador cubano Raul Castro para ser o porta-voz
de toda a América do Sul em negociações com a União Europeia?
A
nossa chancelaria minimizou o episódio dizendo que a comissão presidida
por Raul Castro é simbólica e não tem poder decisório.
A
emenda da chancelaria é pior que o soneto. O Brasil não se pode mais
dar ao descuido de fazer homenagens: precisa jogar com competência,
clareza e seriedade, pois os nossos movimentos, cada vez mais, são
interpretados pela inteligência mundial como mexidas estratégicas no
xadrez internacional e nós vamos ser tratados não segundo as nossas
intenções, mas segundo como elas forem compreendidas.
Fonte: Parsifal 5.4
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