A transição, a balsa e a sensatez


A democracia no Brasil segue engatinhando, mas muitos como eu são do tempo em que não se podia votar, quando os militares dominavam nossas vidas. Talvez seja por isso que não deixamos de votar nem em eleição de clube. Temos gosto em exercer a cidadania.
Sou democrata, exerço a civilidade em tudo o que faço, reconheço os méritos dos vencedores, felicito e torço por sucesso, afinal o que está em jogo não são as lideranças, mas o futuro de uma cidade, um município que amamos como milhares de filhos naturais e adotivos. Recentemente, nos dias pós-eleição, um fato inusitado nos chamou a atenção – alguns vândalos disfarçados de  ativistas políticos tentaram colocar bandeiras amarelas no interior da balsa que estava em experimentação de rotas e marés na cidade de Maracanã, ameaçaram perfurar o fundo da embarcação e danificar o seu rebocador. Assustada, a tripulação comunicou o fato a empresa Henvil Navegações - proprietária do equipamento e candidata à concessão para operar o transporte de integração Maracanã(SEDE) – Derrubada e São Tomé - que imediatamente ordenou o remanejamento da balsa para a capital do estado, para aguardar orientações quanto ao futuro da concessão pública.
Além da Henvil, outra empresa de navegação que opera também na linha Arapari-Belém, interessou-se pelas rotas de Maracanã, certamente com um olho no futuro do turismo que pode acontecer na praia da Marieta e trazer desenvolvimento para a região, em especial para às vilas do Mota, Tatuteua e Penha. A empresa CONAM disponibilizou-se a construir as rampas para iniciar de imediato a operação do transporte, mesmo sabendo que já há recursos garantindos pelo governo federal para a construção das três rampas. O que implica para o futuro do projeto é justamente a garantia de que os investimentos das empresas serão sólidos e recuperáveis, afinal de contas, ninguém rasga dinheiro, como uma empresa de navegação pode investir sem saber o que aguarda a partir de Janeiro, se realmente o governo que será instalado deseja manter a concessão, investir no turismo e dar sequencia ao projeto? Até hoje, nada se falou do assunto, nem uma linha publicada sobre os projetos futuros.
Assim, como o projeto de transporte e integração de regiões com a balsa, é necessário esperar pelas ações do futuro governo municipal, uma equipe formada por muitos e que até o momento não enviou um sinal de que deseja fazer a “transição de governo” – uma ferramenta importante da democracia e que já está acontecendo em vários municípios, como Santarém, Parauapebas e Santa Maria, entre outros. Geralmente, quando às eleições chegam ao fim, os palanques são desarmados e começam as conversações sobre o futuro - verificar as contas, saber do funcionamento da máquina pública, checar números. É do conhecimento de todos que uma gestão não deixa mais “contas a pagar” para outra gestão, a não ser que fiquem os recursos disponibilizados para os pagamentos. Contas só mesmo àquelas históricas que passam por décadas como INSS e energia elétrica, valores que estão sendo quitados mensalmente, mas que se referem ao consumo de décadas atrás. Transição de governo é saudável, bom para o município, antecipa números que podem agilizar à administração futura. Enquanto isso, o que vemos são momentos de agressões verbais, ameaças aleatórias, perseguições, duas bombas caseiras no pátio de minha casa, rojões à vontade no telhado e por incrível que pareça, uma lança jogada contra o vidro da janela que insistiu em resistir e não quebrou de jeito nenhum. Mas, alguém pode perguntar: uma lança? Sim, uma lança que remonta nossos tempos medievais, em que tudo se resolvia no braço e na ponta da lâmina. Oxalá que o futuro que nos espera não seja pautado pelas isoladas “comemorações” .
Outro fato que chama a atenção é uma atitude do Sintepp local, uma entidade sempre comprometida com as reivindicações dos trabalhadores da educação e que na nossa gestão na secretaria de educação contribuiu para as incansáveis reuniões que geraram o Plano de Cargos, carreiras e remunerações, uma conquista importante para a educação d município. Os coordenadores do Sintepp sempre foram recebidos pelo governo municipal, o que por si só, já impede uma decisão abrupta de invadir a sede da prefeitura com colchonetes. O juiz local atendendo “mandado de segurança” impetrado pela Prefeitura, adotou providências de reunir os dois lados e determinou a saída dos membros do Sintepp que ocupavam a sede da municipalidade. Se há novas reivindicações, não seria mais sensato reunir com a nova equipe de governo, organizar-se também numa transição, para discutir o futuro, já que não se pode tomar medidas em final de governo e que talvez não estejam nos planos daqueles que vão iniciar nova empreitada á frente dos destinos do município.
É hora de esquecer as cores eleitorais, guardar as armas, desarmar os palcos dos comícios e realmente partir para organizar as ações que serão esperadas com muito carinho pelo povo de Maracanã, que deseja ações concretas, demonstrou seu sentimento de mudança e certamente quer o melhor para o município. Boa sorte aos novos comandantes e que DEUS nos abençoe...

Ícaro Gomes

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1 Comentários

  1. A Prefeitura Municipal de Maracanã já tomou alguma decisão referente ao projeto da balsa em Maracanã?

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