A noiva não era virgem

Ícaro Gomes

Dez pessoas no meio de dez que casaram afirmam que o melhor momento de uma relação amorosa é mesmo a lua de mel - um momento especial, quando o casal fica a sós num lugarzinho lá no campo, na praia, no chalezinho bem perto daquele igarapé, enfim em qualquer lugar aprazível. Ali, o casal troca juras de amor, palavras suaves, tudo é doce, e às vezes uma delícia. Lua de mel é sinônimo de paz, a calmaria dos corações, aquele momento em que tudo dar certo e o futuro é discutido de forma educada, gentil e otimista.
Pois bem, deixemos em paz os noivos de verdade e vamos falar da lua de mel dos políticos, sempre política no meio do assunto - dizem os antigos que o melhor momento de um político na vida é o período que compreende a data das eleições e a posse em Janeiro – tudo ocorre na paz, há os preparativos para o futuro, organizam-se as equipes de trabalho, enfim é uma lua de mel. Nas ruas, no banco, no mercado, o novo gestor é cumprimentado por seus eleitores, abraçado pelos curiosos e paparicado onde quer que se encontre. A lua de mel com o povo parece não ter fim. Parece mesmo que será assim até que a morte os separe.
A grande pena é que muitos políticos não estão tendo a oportunidade de curtir o momento da lua de mel com o povo. Muitos foram eleitos sob a égide de promessas de empregos e cargos públicos, e agora se ressentem das cobranças diárias na porta. Há municípios em que os estoques de “pastas de elástico” se esgotaram nas papelarias, tanto a procura para agasalhar as cópias dos documentos pessoais  de eleitores. O filme não muito bem sucedido em outros momentos se repete em vários municípios do interior do Pará. O que vemos em vários lugares é o prefeito eleito com a maioria dos votos do povo, fugindo exatamente do povo em plena lua de mel, alguns já não dormem mais em suas humildes residências e se trancafiaram em hotéis, pousadas e pensões; Outros preferiram colocar um grande cadeado na porta da casa para afugentar aqueles que acham que só por empenhar “um votinho” agora vão trabalhar na gestão.
Sou um romântico, um apaixonado pela vida, talvez por isso fique vendo as coisas por ângulos diferentes, paraense tem mesmo coisas assim, ainda mais quando se aproxima nosso Círio de Maracanã, ai nossa devoção fica mesmo a flor da pele e como diz minha cara Fernanda “melhor sentir o momento do ralar a mandioca, o moer da folha da maniva pela vovó, o patarrão, os ingredientes da maniçoba, afinal já é Círio”. É verdade, o Círio começa bem antes, nos preparativos, nos furos dos igarapés, nos barrancos, na alegria das crianças que vão vir de longe e encontrar brinquedos de madeira na praça, nos cheiros, nos sabores, nas cores...
E o que estávamos falando mesmo? Quando o Dr. Mauro Barros ler, vai dizer que se fosse redação era zero, pois houve fuga do tema. 

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