Os leitores já conhecem muito bem
madame Lucila – rancorosa, fofoqueira, fingida, mandona, entre tantos outros
atributos. Fingir é o seu forte. Certo dia, a madame resolveu prestar uma
caridade para uma jovem, teve o cuidado de chama-la a sós para ter certeza de
que a pressão seria maior e foi logo propondo garantir um benefício para a
atribulada vítima, bem direta ao indagar – Minha filha, você sabe algum
segredo? Ao perceber que a intenção de Lucila era outra, a jovem agradeceu e se
despediu deixando desolada a velha que nada conseguiu arrancar.
Madame teve em outras épocas um
motorista particular, adora uma boquinha quando alguém a está servindo. O pobre
senhor a acompanhava nas viagens, o que era um grande martírio. No telefone,
dona Lucila deixava transparecer que era solícita, falava bem, chamava de
filho, filha e dizia que faria tudo para atender o pedido. Quando o telefone
desligava, a madame explodia em ódio – FDP, tá aqui pra ti! “É madame Lucila,
quem não te conhece que te compre”, diz até hoje o motorista pra quem quiser
ouvir...
E teve um belo dia que um parente
da Madame ganhou uma corrida na sua cidade natal. Poxa, a bela terra que a
madame já havia dito que pra lá não voltava, não colocava os pés e que não
gostava daquele povo. Poxa! Justamente lá tinha que ser a corrida. Hum, foi mais
um fingimento – nem bem o rapaz colocou a medalha no peito e madame estava lá
de joelhos pedindo arrego, juntou suas trouxinhas e foi correndo pra lá. Nas
ruas, ninguém a conhecia, só se sabia que ela era “sangue do sangue” do homem –
um bom currículo para quem teve uma carreira e nunca exerceu cargo importante,
só conseguiu mesmo em razão do seu parente ganhar a corrida no atletismo.
Acolhida pela bondade do parente, madame aprontou todas, se vestiu de
escorpião, transformou-se numa cobra querendo logo engolir o sapo. Só que ai é
outra história, que será contada em breve.
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